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Revisão das 13h06min de 5 de janeiro de 2016
Conceito
Telessaúde é um termo utilizado para descrever todas as possíveis variações de serviços de atenção à saúde que utilizam as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs).
Esses serviços são realizados por profissionais das diversas áreas da saúde e incluem a assistência, a educação continuada, a pesquisa e as avaliações (1)(2). Dessa forma, a Telessaúde engloba a telemedicina, a teleenfermagem, a teleodontologia e as demais áreas da saúde e, conforme a sua aplicação, ela ainda pode ser subdividida em outras áreas específicas.
Na literatura, ainda encontramos a citação de outros termos para designar a sua utilização, como por exemplo: e-saúde, cibermedicina, telemedicina, dentre outros (3). E, à medida em que a tecnologia se evolui, são criadas novas terminologias. Contudo, o importante é entender que a proposta da pesquisa neste campo é:
- Apoiar a cura,
- A prevenção de doenças,
- A redução de enfermidades e,
- O aumento da qualidade de vida da população (4).
Evolução Histórica
Não existe um consenso na literatura sobre o início da utilização da telessaúde. Entretanto, desde a criação do telefone os médicos já a utilizavam para auxiliar em seus diagnósticos, incluindo uma tentativa de transmissão de imagens radiológicas, na década de 1940 (5)(6).
Uma das principais influências para o desenvolvimento da telessaúde foi por volta de 1960, através de um programa espacial da NASA. Esse programa foi criado para monitorar a saúde de seus astronautas durante o vôo, mostrando que era possível controlar as funções fisiológicas dos astronautas no espaço (2)(3).
De forma geral, a história da telemedicina pode ser caracterizada por três grandes períodos, cada um resultante do avanço significativo das tecnologias da informação e comunicação.
O primeiro período foi denominado como a Era das Telecomunicações, que teve um início tímido com o uso da telefonia e alcançou o auge entre os anos 70 e 80, devido à evolução da radiodifusão e da teledifusão, além do barateamento dos equipamentos eletrônicos. Este período foi caracterizado pela dependência da radiodifusão e tecnologias de televisão, com sistemas de comunicação precários. Com exceção de alguns sistemas muito caros, dados de áudio e vídeo não eram completamente integrados. Como o cuidado médico era a única finalidade da Telessaúde, ela era tratada como telemedicina (2)(7).
O segundo período ou Era Digital, ocorreu no início dos anos 80, tendo grande crescimento nos anos 90. Ele se caracterizou pela integração das telecomunicações e dos computadores com transmissão de quantias relativamente altas de informações em largura de banda limitada. Seus principais avanços foram devidos à tecnologia ISDN (Integrated Service Digital Network) que permitia a transmissão de dados em linha telefônica a uma velocidade de até 128Kbps. Com o uso dessa tecnologia foi possível efetuar a transmissão de voz, vídeo e dados, simultaneamente, em uma rede universal a uma velocidade relativamente alta.
A Internet foi o marco do terceiro período. As vantagens de permitir o armazenamento e consultas de informações de áudio, vídeo e texto, através de um meio de comunicação global, menos caro e mais acessível a um maior número de pessoas, atraiu os usuários da telemedicina. Porém, por causa da sua popularidade, o acesso à internet se tornou frequentemente demorado e sua largura de banda limitada impediu o armazenamento e a transmissão de grandes volumes de dados requeridos para algumas aplicações clínicas e corretos diagnósticos. Tais problemas foram um dos fatores que fomentou a Next Generation Internet - NGI (Internet 2) a investir em pesquisas na área, já que, devido ao aumento da velocidade e qualidade oferecida, ela provê novas possibilidades em telemedicina.
Aplicações da Telessaúde
A Telessaúde pode ser caracterizada através de vários tipos de classificação (7)(8). De forma geral, podemos classifica-la em relação ao seu propósito ou à sua área da aplicação. Estes itens definem a quantidade e o tipo de informação (áudio, texto, imagem e vídeo) requerida para formar uma decisão médica.
O propósito da aplicação se refere à finalidade da comunicação e é classificada sob dois grupos: clínicas e as não-clínicas.
- As aplicações clínicas são aquelas que proporcionam a troca de informações de saúde entre pacientes e médicos que estejam geograficamente separados, utilizando as tecnologias de informação e comunicação para propor diagnóstico ou tratamento médico(8). Estas aplicações podem ser voltadas para:
- triagem,
- diagnóstico,
- tratamento cirúrgico ou não-cirúrgico,
- consultoria,
- monitoramento,
- fornecimento de cuidados secundários ou supervisão de cuidados primários (7).
- As aplicações não-clínicas são as demais aplicações que se voltam para a educação de pacientes e médicos, pesquisa, saúde pública ou procedimentos administrativos.
A área de aplicação se refere ao domínio do campo médico, a telemedicina.
- A importância desta dimensão é indicar as diferenças específicas das áreas que afetam a informação solicitada e adquirida através dos canais de comunicação. As áreas de aplicação podem ser classificadas pelo nível de maturidade a qual pertencem (8). Maturidade é definida em base de vários fatores, inclusive:
- Quantidade e qualidade de pesquisa que pertence à aplicação,
- Grau de aceitação da aplicação pela profissão,
- Desenvolvimento de padrões e protocolos para a aplicação.
- Os atributos de desempenho são:
- Viabilidade técnica,
- Precisão diagnóstica,
- Sensibilidade,
- Especificidade,
- Resultado clínico, e
- Custo efetivo.
Telessaúde no Brasil
Questões éticas e legais
O Conselho Federal de Medicina (CFM) ainda é o órgão, no Brasil, com maiores investimentos e resoluções normativas que se referem à Telessaúde.
A resolução do CFM Nº 1.643/2002, que define e disciplina a prestação de serviços através da telemedicina, estabelece, dentre outros preceitos, que (11):
- As informações do paciente só podem ser encaminhadas a outro profissional com autorização prévia do paciente por consentimento livre e esclarecido,
- O médico especialista só deve emitir uma recomendação se os dados estiverem completos para analisar o caso com segurança,
- Devem obedecer aos princípios da Confidencialidade da Informação em Saúde, Privacidade e Sigilo. Assim como, obedecer às normas técnicas definidas pelo sobre a guarda, manuseio e transmissão de dados (Art. 2º).
- A responsabilidade profissional do atendimento cabe ao médico assistente do paciente (Art. 4º).
Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes
O Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes surgiu em 2007 por iniciativa do Ministério da Sáude. O seu objetivo é fortalecer e ampliar as ofertas de Educação Permanente em Saúde, a nível nacional, para os profissionais e trabalhadores do SUS através da tecnologia de comunicação e informação. Os municípios são agrupados por Núcleos que coordenam e atendem às demandas diariamente (12)(13).
O programa é dividido em quatro segmentos, são eles:
TeleconsultoriaPossibilita a telecomunicação bidirecional entre os profissionais e gestores de saúde, por meio de perguntas e respostas, a fim de esclarecer questões relativas ao atendimento assistencial ou à gestão em saúde. Tele-educaçãoCursos são oferecidos à distância, por meio de tecnologias de comunicação e informação, de acordo com as necessidades dos municípios. TelediagnósticoExames podem ser enviados ao Núcleo coordenador para a realização do laudo por um especialista. Segunda Opinião FormativaPerguntas são selecionadas a partir das teleconsultorias e armazenadas em uma biblioteca pública para pesquisa. |
Centro de Telessaúde HC-UFMG
- O Centro de Telessaúde do Hospital das Clínicas da UFMG iniciou seu projeto em 1998 com a transmissão de imagens médicas e uma pequena equipe.
- Em 2003, veio o primeiro financiamento resultado da inclusão no Projeto HealthCareNetWork da União Europeia. Em 2004, foi implantado o projeto BHTelessaúde em parceria coma Secretaria Municipal de Saúde.
- Em 2005 foi fundado, oficialmente, o centro de Telessaúde no HC-UFMG, foi iniciado projeto Minas Telecardio e criada a rede de Teleassistência em Minas Gerais.
- Já em 2006, houve a adesão ao Projeto Piloto Nacional de Telessaúde e ao Projeto Rede Universitária de telemedicina. Desde então tem se expandido por todo o território mineiro e recebido prêmios notáveis resultados de um grande trabalho.
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Projeto Ecos das Gerais
A tecnologia de Ultrassonografia Point-of-Care, desenvolvida pela NASA para o monitoramente da sáude dos astronautas, foi implantada na região do Norte de Minas em 2013. Esta tecnologia permite que o médico compartilhe, em tempo real, o exame de ultrassom com uma Central de Especialistas.
Este projeto ganhou o nome de Ecos das Gerais e, para documentar esta experiência inovadora, a NASA produziu um vídeo com os depoimentos da população sobre a melhoria no cuidado após esta implantação.
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Telessaúde no mundo
São diversas as experiências de Telehealth em todo o mundo. Na América Latina, vários países já possuem projetos de telessaúde implantados como: Brasil, Colômbia, Equador, México e Panamá. Outros estão em processo de elaboração e implantação, como: Bolívia, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Guatemala, Peru, Venezuela.
Os outros países ainda encontram-se com nenhum ou pouco desenvolvimento nesta área. Incentivo não falta pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) com a incorporação da Telessaúde em sua Estrategia y Plan de Acción sobre eSalud (2012-2017) (14).
Na África, o projeto SAHEL é uma iniciativa da Agência Espacial Europeia (ESA) e consiste em conectar as áreas remotas da África Subsaariana à hospitais e centros médicos de referência. Empresas de tecnologia, consultoria e ONGs se uniram para viabilizar este projeto com a teleconsultoria no apoio ao diagnóstico e tratamento do paciente, a formação contínua dos profissionais de saúde e a implantação de sistemas informatizados de gestão em saúde (15).
Outra iniciativa é o projeto United4Health, da União Européia, que visa fomentar o uso da Telessaúde, através da colaboração entre seus países e da troca de experiências bem sucedidas. Um dos objetivos do projeto é demonstrar os benefícios da telessaúde e, com isso, auxiliar no desbloqueio destes serviços no mercado Europeu (16)
Os Estados Unidos são o país onde a prática da telessaúde está consolidada. São vários os exemplos de sua aplicação no país, dentre elas podemos citar:
- monitorização remota de sinais vitais;
- transmissão de imagens para interpretação e confecção de laudos de exames radiológicos, cardiológicos, etc;
- teleconsultorias entre médicos especialistas e generalistas;
- educação médica continuada;
- portais de informação voltados ao paciente;
- aplicativos móveis, dentre outras.
Vários relatos de experiências da telessaúde podem ser encontrados no site da American Telemedicine Association (ATA), que é uma associação sem fins lucrativos e que visa o desenvolvimento e a organização da telemedicina nos Estados Unidos (17).
Desafios
- Despertar o interesse e fornecer recursos para a adesão de mais áreas de saúde.
- Assegurar o cumprimento dos aspectos éticos e legais.
- Informatizar unidades assistenciais em municípios carentes.
- Melhorar a transmissão dos dados, com maior qualidade e velocidade.
Referências Bibliográficas
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- World Health Organization. Telemedicine: opportunities and developments in Member States: report on the second global survey on eHealth [on-line] 2010. [Acesso em 21 nov. 2015] Disponível em: URL:http://www.who.int/goe/publications/goe_telemedicine_2010.pdf
- Wen CL. Telemedicina e a Telessáude: Uma abordagem sob a visão estratégia de saúde apoiada por tecnologia. Atualidades brasileiras em Telemedicina e Telessaúde. [on-line] 2006 abr-mai [Acesso em 21 nov. 2015];2(1). Disponível em URL:http://telemedicina.fm.usp.br/portal/wp-content/uploads/2015/01/jornal_abrmai2006.pdf
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- Zundel KM. Telemedicine: history, applications, and impact on librarianship. Bull Med Libr Assoc. [on-line] 1996 Jan [Acesso em 21 nov. 2015];84(1). Disponível em: URL:http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC226126/
- Tulu B, Chatterjee S, Laxminarayan S. A taxonomy of telemedicine with respect to applications, infrastructure, delivery tools, type of setting and purpose. In: Proceedings of the 38th Annual Hawaii International Conference on System Sciences. [on-line] 2005 [Acesso em 25 nov. 2015] Disponível em: URL:http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.105.2535&rep=rep1&type=pdf
- Krupinski E, Nypaver M, Poropatich R, Ellis D, Safwat R, and Sapci H. Telemed J E Health. [on-line] 2002 mar [Acesso em 03 abr. 2006];8(1). Disponível em: URL:http://online.liebertpub.com/doi/full/10.1089/15305620252933374
- Brasil. Ministério da Saúde. Manual de Telessaúde para Atenção Básica / Atenção Primária à Saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2012 [Acesso em 21 nov. 2015] Disponível em URL:http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/manual_telessaude.pdf
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- Brasil. Conselho Federal de Medicina. Resolução CFM nº 1.643/2002. Define e disciplina a prestação de serviços através da Telemedicina. 2002. [Acesso em 28 out. 2015] Disponível em: URL:http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/cfm/2002/1643_2002.htm
- Brasil. Portaria nº 2.546, de 27 de outubro de 2011. 2011. [Acesso em 28 Out. 2015] Disponível em: URL:http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2546_27_10_2011.html
- Brasil. Portal da Saúde. O que é o Programa Telessaúde Brasil Redes. [Acesso em 28 out. 2015] Disponível em: URL:http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/481-sgtes-p/gestao-da-educacao-raiz/telessaude/l1-telessaude/9917-telessaude-brasil>
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