ICNP: diferenças entre revisões

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'''DEFINIÇÃO'''


A '''International Classification For Nursing Practice (ICNP)''' ou, em português, '''Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®)''' é desenvolvida pelo Conselho Internacional de Enfermeiros ''(International Council of Nurses – ICN)'' [1] e consiste numa terminologia formal para a prática de enfermagem. Fornece um quadro em que os vocabulários e classificações existentes podem ser cruzados/mapeados para permitir a comparação dos dados de enfermagem [2], constituindo-se numa terminologia padronizada que permite suportar a prática de enfermagem e a assistência aos doentes em todo o mundo [3].
== '''Definição''' ==
 
A '''International Classification For Nursing Practice (ICNP®)''' ou, em português, '''Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®)''' é desenvolvida pelo Conselho Internacional de Enfermeiros ''(International Council of Nurses – ICN)'' [1] e consiste numa terminologia formal para a prática de enfermagem. Fornece um quadro em que os vocabulários e classificações existentes podem ser cruzados/mapeados para permitir a comparação dos dados de enfermagem [2], constituindo-se numa terminologia padronizada que permite suportar a prática de enfermagem e a assistência aos doentes em todo o mundo [3].
Enquanto quadro de referência unificador, a CIPE® pode cruzar-se com outras terminologias para expandir os conjuntos de dados. Os resultados dos cuidados prestados aos doentes ou clientes podem ser avaliados relativamente aos diagnósticos e às intervenções de Enfermagem, de modo a que aquilo que os enfermeiros fazem e aquilo que faz diferença nos resultados do doente ou cliente possa ser avaliado quantitativamente e comparado entre pontos de prestação de cuidados em todo o mundo [4].
Enquanto quadro de referência unificador, a CIPE® pode cruzar-se com outras terminologias para expandir os conjuntos de dados. Os resultados dos cuidados prestados aos doentes ou clientes podem ser avaliados relativamente aos diagnósticos e às intervenções de Enfermagem, de modo a que aquilo que os enfermeiros fazem e aquilo que faz diferença nos resultados do doente ou cliente possa ser avaliado quantitativamente e comparado entre pontos de prestação de cuidados em todo o mundo [4].


== '''Objetivos''' ==


'''OBJECTIVOS'''
Os objetivos foram definidos numa proposta inicial do ICN (1991), continuam a dirigir o programa da CIPE® e são indicativos da sua importância. Assim, os objetivos são [2]:  
 
Os objetivos foram definidos numa proposta inicial do ICN (1991), continuam a dirigir o programa da CIPE e são indicativos da sua importância. Assim, os objetivos são [2]:  
* Estabelecer uma terminologia para descrever a prática de enfermagem, no sentido de melhorar a comunicação “entre enfermeiros” e entre “os enfermeiros e os outros”;  
* Estabelecer uma terminologia para descrever a prática de enfermagem, no sentido de melhorar a comunicação “entre enfermeiros” e entre “os enfermeiros e os outros”;  
* Descrever os cuidados de enfermagem às pessoas (indivíduos, famílias e comunidades) em vários cenários, tanto institucionais como não-institucionais;  
* Descrever os cuidados de enfermagem às pessoas (indivíduos, famílias e comunidades) em vários cenários, tanto institucionais como não-institucionais;  
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* Fornecer dados sobre a prática de enfermagem no sentido de influenciar a elaboração de políticas de saúde.
* Fornecer dados sobre a prática de enfermagem no sentido de influenciar a elaboração de políticas de saúde.


== '''Modelo de Sete Eixos da CIPE®''' ==


'''MODELO DE SETE EIXOS DA CIPE®'''
A CIPE® desenvolveu-se ao longo de várias versões. O desenvolvimento da Versão 1.0 permitiu a transição das classificações de '''oito eixos''' para um modelo de '''sete eixos.''' A nova estrutura simplificou imenso a representação e isso resolveu, em larga medida, a redundância e ambiguidade inerentes à versão Beta 2 [4].
 
A CIPE® desenvolveu-se ao longo de várias versões. O desenvolvimento da Versão 1.0 permitiu a transição das duas classificações de '''oito eixos''' para um modelo de '''sete eixos.''' A nova estrutura simplificou imenso a representação e isso resolveu, em larga medida, a redundância e ambiguidade inerentes à versão Beta 2 [4].
* '''Foco:''' área de atenção relevante para a Enfermagem;  
* '''Foco:''' área de atenção relevante para a Enfermagem;  
* '''Juízo:''' opinião clínica ou determinação relativamente ao foco da prática de Enfermagem;
* '''Juízo:''' opinião clínica ou determinação relativamente ao foco da prática de Enfermagem;
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* '''Cliente:''' sujeito a quem o diagnóstico se refere e que é o beneficiário da intervenção.
* '''Cliente:''' sujeito a quem o diagnóstico se refere e que é o beneficiário da intervenção.


== '''Orientações para a Construção de Enunciados com a CIPE®''' ==


'''ORIENTAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ENUNCIADOS COM A CIPE®'''
A CIPE® é usada para representar:


A CIPE® é usada para representar: '''diagnósticos de Enfermagem''' (estado do cliente, problemas, necessidades, potencialidades); '''intervenções de Enfermagem''' (ou ações de enfermagem); e '''resultados de enfermagem''' e pretende-se que o Modelo de Sete Eixos facilite a composição dos mesmos. Estes enunciados podem ser organizados em grupos significativos para a prática de enfermagem e para os Catálogos CIPE®. As orientações para a criação de enunciados com a CIPE® foram desenvolvidas usando a norma da '''International Organization for Standardization''' ([[ISO]]): ''Integração de um Modelo de Terminologia de Referência para a Enfermagem'' (ISO 18104, 2003) [4].
* '''Diagnósticos de Enfermagem''': estado do cliente, problemas, necessidades, potencialidades;
Assim, na utilização do '''Modelo de 7 Eixos da CIPE®''' para criar enunciados de '''diagnósticos de enfermagem''' e '''resultados de enfermagem''', são recomendadas as seguintes diretrizes: 1) deve incluir um termo do Eixo do Foco; 2) deve incluir um termo do Eixo do Juízo; 3) pode incluir termos adicionais, conforme o necessário, dos eixos do Foco, Juízo ou de outros eixos [4].
Na utilização do Modelo de Sete Eixos da CIPE® para criar enunciados de '''intervenções de enfermagem''', são recomendadas as seguintes diretrizes: 1) deve incluir um termo do Eixo da Acão; 2) deve incluir pelo menos um termo Alvo (um termo alvo pode ser um termo de qualquer eixo exceto do Eixo do Juízo); 3) pode incluir termos adicionais, conforme necessário, do eixo da Ação ou de qualquer outro eixo [4].


* '''Intervenções de Enfermagem''': ou ações de enfermagem;


'''CATÁLOGOS CIPE®'''
* '''Resultados de enfermagem'''.
Estes enunciados podem ser organizados em grupos significativos para a prática de enfermagem e para os Catálogos CIPE®. As orientações para a criação de enunciados com a CIPE® foram desenvolvidas usando a norma da '''International Organization for Standardization''' ([[ISO]]): ''Integração de um Modelo de Terminologia de Referência para a Enfermagem'' (ISO 18104, 2003) [4].


Os catálogos CIPE® colmatam uma necessidade prática na construção de sistemas de informação de saúde ao descreverem os diagnósticos, resultados e intervenções de Enfermagem apropriadas para áreas particulares de cuidados [4]. Os catálogos CIPE® fornecem subconjuntos da CIPE® aos enfermeiros que trabalham com clientes com prioridades de saúde selecionadas. Em 2008, disponibilizaram-se as ''«Linhas de Orientação para a Elaboração de Catálogos CIPE®»'' para uso a nível mundial [4]. Os catálogos podem ser dirigidos a quadros clínicos ou diagnósticos médicos (por ex. diabetes), especialidades ou serviços (por ex. Enfermagem na comunidade) ou resultados dos clientes que sejam sensíveis a intervenções de Enfermagem (por ex. adesão) [4].
Assim, na utilização do Modelo de 7 Eixos da CIPE® para criar enunciados de '''diagnósticos de enfermagem''' e '''resultados de enfermagem''', são recomendadas as seguintes diretrizes [4]:
1) Deve incluir um termo do Eixo do Foco;


2) Deve incluir um termo do Eixo do Juízo;
3) Pode incluir termos adicionais, conforme o necessário, dos eixos do Foco, Juízo ou de outros eixos.


'''TRADUÇÕES'''  
Na utilização do Modelo de Sete Eixos da CIPE® para criar enunciados de '''intervenções de enfermagem''' são recomendadas as seguintes diretrizes [4]:


As traduções são essenciais para a implementação da CIPE® na prática e são, geralmente, realizadas numa base de voluntariado, pelos enfermeiros, em cooperação com a Associação Nacional de Enfermagem. No início de qualquer projeto de tradução, o ICN pede que o '''Programa CIPE®''' seja contactado para que a permissão para traduzir a CIPE® possa ser concedida e um ''"Acordo de Tradução"'' possa ser assinado. As ''“Translation Guidelines for International Classification for Nursing Practice (ICNP®)”'' fornecem informações conceptuais sobre a tradução, os métodos de tradução e as equivalências transculturais [5].
1) Deve incluir um termo do Eixo da Acão;


2) Deve incluir pelo menos um termo Alvo (um termo alvo pode ser um termo de qualquer eixo exceto do Eixo do Juízo);
3) Pode incluir termos adicionais, conforme necessário, do eixo da Ação ou de qualquer outro eixo.
== '''Catálogos CIPE®''' ==
Os catálogos CIPE® colmatam uma necessidade prática na construção de [[Sistemas de Informação em Saúde]] ao descreverem os diagnósticos, resultados e intervenções de Enfermagem apropriadas para áreas particulares de cuidados [4]. Os catálogos CIPE® fornecem subconjuntos da CIPE® aos enfermeiros que trabalham com clientes com prioridades de saúde selecionadas. Em 2008, foram disponibilizadas as ''«Linhas de Orientação para a Elaboração de Catálogos CIPE®»'' para uso a nível mundial [4]. Os catálogos podem ser dirigidos a quadros clínicos ou diagnósticos médicos (por ex. diabetes), especialidades ou serviços (por ex. Enfermagem na comunidade) ou resultados dos clientes que sejam sensíveis a intervenções de Enfermagem (por ex. adesão) [4].
== '''Traduções''' ==
As traduções são essenciais para a implementação da CIPE® na prática e são, geralmente, realizadas numa base de voluntariado, pelos enfermeiros. No início de qualquer projeto de tradução o ICN pede que o '''Programa CIPE®''' seja contactado para que a permissão para traduzir a CIPE® possa ser concedida e um ''"Acordo de Tradução"'' possa ser assinado. As ''“Translation Guidelines for International Classification for Nursing Practice (ICNP®)”'' fornecem informações conceptuais sobre a tradução, os métodos de tradução e as equivalências transculturais [5].
== '''Permissão para o Uso da CIPE®''' ==


'''PERMISSÃO PARA USO DA CIPE®'''


O copyrighted da CIPE® é detido pelo ICN que está interessado em facilitar o acesso à CIPE® e promover a sua utilização. Qualquer uso da CIPE®, seja ele comercial ou não, requer a assinatura de um acordo que autoriza o seu uso pelo que todos aqueles que desejam utilizar a CIPE®, qualquer que seja a finalidade, necessitam da permissão do ICN [6].
O copyrighted da CIPE® é detido pelo ICN que está interessado em facilitar o acesso à CIPE® e promover a sua utilização. Qualquer uso da CIPE®, seja ele comercial ou não, requer a assinatura de um acordo que autoriza o seu uso pelo que todos aqueles que desejam utilizar a CIPE®, qualquer que seja a finalidade, necessitam da permissão do ICN [6].


 
== '''Manutenção da CIPE®''' ==
'''MANUTENÇÃO DA CIPE®'''


A manutenção e atualização contínua da CIPE® são de importância crucial para garantir que a terminologia representa o domínio da Enfermagem de forma fiável e exata. A CIPE® é lançada a cada dois anos, para coincidir com o Congresso ou Conferência do ICN. O lançamento faz-se através dos recursos web do ICN, considerando-se o uso de outros meios conforme necessário [4].
A manutenção e atualização contínua da CIPE® são de importância crucial para garantir que a terminologia representa o domínio da Enfermagem de forma fiável e exata. A CIPE® é lançada a cada dois anos, para coincidir com o Congresso ou Conferência do ICN. O lançamento faz-se através dos recursos web do ICN, considerando-se o uso de outros meios conforme necessário [4].


 
== '''Divulgação da CIPE®''' ==
'''DIVULGAÇÃO DA CIPE®'''


As publicações internas do ICN relativas à CIPE® incluem um Boletim da CIPE® bianual, linhas de orientação, catálogos, contagens decrescentes, comunicados de imprensa, entre outros materiais [4].
As publicações internas do ICN relativas à CIPE® incluem um Boletim da CIPE® bianual, linhas de orientação, catálogos, contagens decrescentes, comunicados de imprensa, entre outros materiais [4].


 
== '''Ensino da CIPE®''' ==
'''ENSINO DA CIPE®'''


O ensino da CIPE® tem lugar através de consultadorias, parcerias, colaborações no local de trabalho, conferências, entre outros [4].
O ensino da CIPE® tem lugar através de consultadorias, parcerias, colaborações no local de trabalho, conferências, entre outros [4].


== '''Centros de Investigação e Desenvolvimento da CIPE® Acreditados pelo ICN''' ==


'''CENTROS DE INVESTIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA CIPE® ACREDITADOS PELO ICN'''
Um Centro do ICN é uma instituição, faculdade, departamento, associação nacional ou outro grupo que cumpra os critérios do ICN e tenha sido nomeado pelo ICN como um Centro de Investigação e Desenvolvimento. Os Centros ICN com áreas de investigação semelhantes estão organizados num Consórcio [4]. As vantagens de ser um Centro Acreditado pelo ICN para a Investigação e Desenvolvimento da CIPE® incluem o reconhecimento internacional e oportunidades de colaboração através da participação no '''Consórcio de Centros CIPE®''' [4]. O Centro de Investigação e Desenvolvimento em Sistemas de Informação em Enfermagem da Escola Superior de Enfermagem do Porto - Portugal (CIDESI-ESEP) foi acreditado pelo ICN em Agosto de 2010 (''ICN Accredited Centre for ICNP® Research & Development'') [4].  
 
Um Centro do ICN é uma instituição, faculdade, departamento, associação nacional ou outro grupo que cumpra os critérios do ICN e tenha sido nomeado pelo ICN como um Centro de Investigação e Desenvolvimento. Os Centros ICN com áreas de investigação semelhantes estão organizados num consórcio [4]. As vantagens de ser um Centro Acreditado pelo ICN para a Investigação e Desenvolvimento da CIPE® incluem o reconhecimento internacional e oportunidades de colaboração através da participação no Consórcio de Centros CIPE® [4]. O Centro de Investigação e Desenvolvimento em Sistemas de Informação em Enfermagem da Escola Superior de Enfermagem do Porto - Portugal (CIDESI-ESEP) foi acreditado pelo ICN em Agosto de 2010 (ICN Accredited Centre for ICNP® Research & Development) [4].  


== '''Sistemas de Informação em Saúde que Utilizam a CIPE®''' ==


'''SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE QUE UTILIZAM A CIPE®'''  
O [[SClínico]] é um software evolutivo, desenvolvido pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde ([[SPMS]]), que une o '''Sistema de Apoio ao Médico''' ([[SAM]]) e o '''Sistema de Apoio à Prática de Enfermagem''' ([[SAPE]]), de forma a existir uma aplicação única comum a todos os prestadores de cuidados de saúde. A aplicação mantém as funções dos “velhos” softwares, organizadas dentro de um novo layout gráfico que facilita a usabilidade da aplicação [7].


O '''SClínico''' ([[SClínico]]) é um software evolutivo, desenvolvido pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde ([[SPMS]]), que une o '''Sistema de Apoio ao Médico''' ([[SAM]]) e o '''Sistema de Apoio à Prática de Enfermagem''' ([[SAPE]]), de forma a existir uma aplicação única comum a todos os prestadores de cuidados de saúde. A aplicação mantém as funções dos “velhos” softwares, organizadas dentro de um novo layout gráfico que facilita a usabilidade da aplicação [7].
Outros empresas que detêm sistemas de informação em saúde que utilizam a CIPE® são, por exemplo: ''ALERT®''; ''Glintt''; ''HP Enterprise Services Portugal, Lda.''; ''Siemens''; entre outros [8].
Outros sistemas de informação em saúde que utilizam a CIPE® são: ACOS AS; ALERT®; Glintt; Grupo A; HP Enterprise Services Portugal , Lda.; Siemens; entre outros [8].


==Referências==
== '''Referências''' ==


'''[1]''' J. J. Warren and A. Coenen, “International classification for nursing practice (ICNP): Most-frequently Asked Questions,” ''J. Am. Med. Inform. Assoc.,'' vol. 5, no. 4, pp. 335–336, 1998.
'''[1]''' J. J. Warren and A. Coenen, “International classification for nursing practice (ICNP): Most-frequently Asked Questions,” ''J. Am. Med. Inform. Assoc.,'' vol. 5, no. 4, pp. 335–336, 1998.
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'''[8]''' ICN - International Council of Nurses, “Implementing ICNP®,” 2014. [Online]. Available: http://www.icn.ch/what-we-do/health-information-systems-using-icnpr/.
'''[8]''' ICN - International Council of Nurses, “Implementing ICNP®,” 2014. [Online]. Available: http://www.icn.ch/what-we-do/health-information-systems-using-icnpr/.


== Links Externos ==
== '''Links Externos''' ==


* [http://www.icn.ch/what-we-do/international-classification-for-nursing-practice-icnpr/ Página do ICNP® do ICN]
* [http://www.icn.ch/what-we-do/international-classification-for-nursing-practice-icnpr/ Página ICNP® do ICN]






[[Categoria:Terminologias]]
[[Categoria:Terminologia para a Prática da Enfermagem]]

Edição atual desde as 22h27min de 24 de janeiro de 2016

ICNP
Designação International Classification For Nursing Practice (ICNP®)
Sigla
Ano de Criação 1995
Entidade Criadora International Council of Nurses (ICN)
Entidade Gestora International Council of Nurses (ICN)
Versão Atual Versão 2
Área(s) de Aplicação Registo clínico; Recuperação, agregação e análise de dados; Apoio à decisão e indexação; Ferramentas de terminologia


Definição

A International Classification For Nursing Practice (ICNP®) ou, em português, Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®) é desenvolvida pelo Conselho Internacional de Enfermeiros (International Council of Nurses – ICN) [1] e consiste numa terminologia formal para a prática de enfermagem. Fornece um quadro em que os vocabulários e classificações existentes podem ser cruzados/mapeados para permitir a comparação dos dados de enfermagem [2], constituindo-se numa terminologia padronizada que permite suportar a prática de enfermagem e a assistência aos doentes em todo o mundo [3]. Enquanto quadro de referência unificador, a CIPE® pode cruzar-se com outras terminologias para expandir os conjuntos de dados. Os resultados dos cuidados prestados aos doentes ou clientes podem ser avaliados relativamente aos diagnósticos e às intervenções de Enfermagem, de modo a que aquilo que os enfermeiros fazem e aquilo que faz diferença nos resultados do doente ou cliente possa ser avaliado quantitativamente e comparado entre pontos de prestação de cuidados em todo o mundo [4].

Objetivos

Os objetivos foram definidos numa proposta inicial do ICN (1991), continuam a dirigir o programa da CIPE® e são indicativos da sua importância. Assim, os objetivos são [2]:

  • Estabelecer uma terminologia para descrever a prática de enfermagem, no sentido de melhorar a comunicação “entre enfermeiros” e entre “os enfermeiros e os outros”;
  • Descrever os cuidados de enfermagem às pessoas (indivíduos, famílias e comunidades) em vários cenários, tanto institucionais como não-institucionais;
  • Permitir a comparação dos dados de enfermagem em todas as populações clínicas, em todos os cenários, em diferentes áreas geográficas e em vários espaços temporais;
  • Demonstrar ou projetar tendências na prestação de tratamentos e cuidados de enfermagem e a alocação de recursos a doentes, de acordo com suas necessidades com base em diagnósticos de enfermagem;
  • Estimular a pesquisa em enfermagem através de links para os dados disponíveis nos Sistemas de Informação em Enfermagem e Sistemas de Informação em Saúde
  • Fornecer dados sobre a prática de enfermagem no sentido de influenciar a elaboração de políticas de saúde.

Modelo de Sete Eixos da CIPE®

A CIPE® desenvolveu-se ao longo de várias versões. O desenvolvimento da Versão 1.0 permitiu a transição das classificações de oito eixos para um modelo de sete eixos. A nova estrutura simplificou imenso a representação e isso resolveu, em larga medida, a redundância e ambiguidade inerentes à versão Beta 2 [4].

  • Foco: área de atenção relevante para a Enfermagem;
  • Juízo: opinião clínica ou determinação relativamente ao foco da prática de Enfermagem;
  • Recursos: forma ou método de concretizar uma intervenção;
  • Acão: processo intencional aplicado a/ou desempenhado por um cliente;
  • Tempo: o ponto, período, instante, intervalo ou duração de uma ocorrência;
  • Localização: orientação anatómica ou espacial de um diagnóstico ou intervenção;
  • Cliente: sujeito a quem o diagnóstico se refere e que é o beneficiário da intervenção.

Orientações para a Construção de Enunciados com a CIPE®

A CIPE® é usada para representar:

  • Diagnósticos de Enfermagem: estado do cliente, problemas, necessidades, potencialidades;
  • Intervenções de Enfermagem: ou ações de enfermagem;
  • Resultados de enfermagem.

Estes enunciados podem ser organizados em grupos significativos para a prática de enfermagem e para os Catálogos CIPE®. As orientações para a criação de enunciados com a CIPE® foram desenvolvidas usando a norma da International Organization for Standardization (ISO): Integração de um Modelo de Terminologia de Referência para a Enfermagem (ISO 18104, 2003) [4].

Assim, na utilização do Modelo de 7 Eixos da CIPE® para criar enunciados de diagnósticos de enfermagem e resultados de enfermagem, são recomendadas as seguintes diretrizes [4]:

1) Deve incluir um termo do Eixo do Foco;

2) Deve incluir um termo do Eixo do Juízo;

3) Pode incluir termos adicionais, conforme o necessário, dos eixos do Foco, Juízo ou de outros eixos.

Na utilização do Modelo de Sete Eixos da CIPE® para criar enunciados de intervenções de enfermagem são recomendadas as seguintes diretrizes [4]:

1) Deve incluir um termo do Eixo da Acão;

2) Deve incluir pelo menos um termo Alvo (um termo alvo pode ser um termo de qualquer eixo exceto do Eixo do Juízo);

3) Pode incluir termos adicionais, conforme necessário, do eixo da Ação ou de qualquer outro eixo.

Catálogos CIPE®

Os catálogos CIPE® colmatam uma necessidade prática na construção de Sistemas de Informação em Saúde ao descreverem os diagnósticos, resultados e intervenções de Enfermagem apropriadas para áreas particulares de cuidados [4]. Os catálogos CIPE® fornecem subconjuntos da CIPE® aos enfermeiros que trabalham com clientes com prioridades de saúde selecionadas. Em 2008, foram disponibilizadas as «Linhas de Orientação para a Elaboração de Catálogos CIPE®» para uso a nível mundial [4]. Os catálogos podem ser dirigidos a quadros clínicos ou diagnósticos médicos (por ex. diabetes), especialidades ou serviços (por ex. Enfermagem na comunidade) ou resultados dos clientes que sejam sensíveis a intervenções de Enfermagem (por ex. adesão) [4].

Traduções

As traduções são essenciais para a implementação da CIPE® na prática e são, geralmente, realizadas numa base de voluntariado, pelos enfermeiros. No início de qualquer projeto de tradução o ICN pede que o Programa CIPE® seja contactado para que a permissão para traduzir a CIPE® possa ser concedida e um "Acordo de Tradução" possa ser assinado. As “Translation Guidelines for International Classification for Nursing Practice (ICNP®)” fornecem informações conceptuais sobre a tradução, os métodos de tradução e as equivalências transculturais [5].

Permissão para o Uso da CIPE®

O copyrighted da CIPE® é detido pelo ICN que está interessado em facilitar o acesso à CIPE® e promover a sua utilização. Qualquer uso da CIPE®, seja ele comercial ou não, requer a assinatura de um acordo que autoriza o seu uso pelo que todos aqueles que desejam utilizar a CIPE®, qualquer que seja a finalidade, necessitam da permissão do ICN [6].

Manutenção da CIPE®

A manutenção e atualização contínua da CIPE® são de importância crucial para garantir que a terminologia representa o domínio da Enfermagem de forma fiável e exata. A CIPE® é lançada a cada dois anos, para coincidir com o Congresso ou Conferência do ICN. O lançamento faz-se através dos recursos web do ICN, considerando-se o uso de outros meios conforme necessário [4].

Divulgação da CIPE®

As publicações internas do ICN relativas à CIPE® incluem um Boletim da CIPE® bianual, linhas de orientação, catálogos, contagens decrescentes, comunicados de imprensa, entre outros materiais [4].

Ensino da CIPE®

O ensino da CIPE® tem lugar através de consultadorias, parcerias, colaborações no local de trabalho, conferências, entre outros [4].

Centros de Investigação e Desenvolvimento da CIPE® Acreditados pelo ICN

Um Centro do ICN é uma instituição, faculdade, departamento, associação nacional ou outro grupo que cumpra os critérios do ICN e tenha sido nomeado pelo ICN como um Centro de Investigação e Desenvolvimento. Os Centros ICN com áreas de investigação semelhantes estão organizados num Consórcio [4]. As vantagens de ser um Centro Acreditado pelo ICN para a Investigação e Desenvolvimento da CIPE® incluem o reconhecimento internacional e oportunidades de colaboração através da participação no Consórcio de Centros CIPE® [4]. O Centro de Investigação e Desenvolvimento em Sistemas de Informação em Enfermagem da Escola Superior de Enfermagem do Porto - Portugal (CIDESI-ESEP) foi acreditado pelo ICN em Agosto de 2010 (ICN Accredited Centre for ICNP® Research & Development) [4].

Sistemas de Informação em Saúde que Utilizam a CIPE®

O SClínico é um software evolutivo, desenvolvido pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), que une o Sistema de Apoio ao Médico (SAM) e o Sistema de Apoio à Prática de Enfermagem (SAPE), de forma a existir uma aplicação única comum a todos os prestadores de cuidados de saúde. A aplicação mantém as funções dos “velhos” softwares, organizadas dentro de um novo layout gráfico que facilita a usabilidade da aplicação [7].

Outros empresas que detêm sistemas de informação em saúde que utilizam a CIPE® são, por exemplo: ALERT®; Glintt; HP Enterprise Services Portugal, Lda.; Siemens; entre outros [8].

Referências

[1] J. J. Warren and A. Coenen, “International classification for nursing practice (ICNP): Most-frequently Asked Questions,” J. Am. Med. Inform. Assoc., vol. 5, no. 4, pp. 335–336, 1998.

[2] ICN - International Council of Nurses, “International Council of Nurses (ICN) International Classification For Nursing Practice (ICNP ®) - Information Sheet,” 2014.

[3] ICN - International Council of Nurses, “Technical Implementation Guide - International Classification for Nursing Practice (ICNP®),” Swi, 2014.

[4] ICN - International Council of Nurses, CIPE® Versão 2011 - Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem. 2014.

[5] ICN - International Council of Nurses, “ICNP® Translations,” 2015. [Online]. Available: http://www.icn.ch/what-we-do/icnpr-translations/.

[6] ICN - International Council of Nurses, “Permission to Use ICNP®,” 2015. [Online]. Available: http://www.icn.ch/what-we-do/permission-to-use-icnpr/.

[7] E. P. E. SPMS - Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, “Hospitais do norte e centro são os primeiros a usar o SClínico,” 2013. [Online]. Available: http://spms.min-saude.pt/blog/2013/10/24/hospitais-do-norte-e-centro-sao-os-primeiros-a-usar-o-sclinico/.

[8] ICN - International Council of Nurses, “Implementing ICNP®,” 2014. [Online]. Available: http://www.icn.ch/what-we-do/health-information-systems-using-icnpr/.

Links Externos