FHIR: diferenças entre revisões

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{{Terminologias e Standards
=== 1. Introdução ===
|Designação Terminologia/Standard=Fast Healthcare Interoperability Resources
|Entidade Criadora Terminologia/Standard=Health Level Seven International
|Entidade Gestora Terminologia/Standard=Health Level Seven International
|Versão atual Terminologia/Standard=1.0
|Área(s) de Aplicação Terminologia/Standard=Interoperabilidade
}}
=Fast Healthcare Interoperability Resources=


[[Ficheiro:Fhiri.png|200px|thumb|left|Logotipo FHIR]]
A digitalização dos sistemas de saúde tem vindo a evidenciar a importância de garantir que a '''informação clínica''' circule de forma '''segura''', '''estruturada''' e '''compreensível''' entre diferentes instituições, profissionais e plataformas. A essa capacidade dá-se o nome de '''interoperabilidade'''. Mais do que um conceito técnico, trata-se de um requisito fundamental para assegurar '''continuidade''', '''qualidade''' e '''segurança''' nos cuidados de saúde.


Fast Healthcare Interoperability Resources ('''FHIR''', pronunciado como "Fire"), é um standard para a troca de informações electrónica na prestação dos cuidados de saúde. Apresenta-se como a próxima geração de standards criada pela '''Health Level Seven''' ([[HL7]]).
O '''Fast Healthcare Interoperability Resources (FHIR)''' é um standard criado pela organização '''HL7 International''' precisamente com esse objetivo. Recorrendo a tecnologias amplamente utilizadas na web, como '''APIs RESTful''', '''JSON''' e '''XML''', o FHIR propõe uma forma moderna, clara e reutilizável de representar dados clínicos e administrativos.
Combina as melhores aptidões do HL7 v2.x, v3 e CDA, agrupando estas caraterísticas com as novidades de web standards e aplicando um foco maioritário na sua implementação. Esta facilidade de implementação deve-se principalmente ao fato do '''FHIR''' utilizar uma tecnologia API(Application programming interface[http://en.wikipedia.org/wiki/Application_programming_interface]) baseada na web, que inclui serviços de protocolos RESTful[http://en.wikipedia.org/wiki/Representational_state_transfer] baseados em HTTP, na interface de integração usa HTML e CSS,  permite a escolha entre JSON e XML para a representação dos dados, e o uso do OAuth[http://oauth.net/2/] para a autorização.


Ao invés de grandes blocos de informação encapsulados em documentos, o FHIR organiza os dados em '''unidades modulares''' chamadas '''recursos'''. Cada recurso descreve uma entidade bem definida, como um '''utente''', uma '''observação clínica''' ou um '''episódio de internamento'''. Esta estrutura modular permite que a informação seja '''consultada''', '''atualizada''' e '''reutilizada''' de forma eficiente, promovendo maior '''flexibilidade''' e '''adaptabilidade''' nos sistemas de saúde.


==Background==
Esta página foi concebida como uma '''introdução progressiva''' ao FHIR. Pretende oferecer uma explicação acessível a quem se inicia na área, sem sacrificar o rigor conceptual. Ao longo das próximas secções serão apresentados os '''fundamentos do standard''', '''exemplos práticos de aplicação''' e '''ligações com a realidade portuguesa e europeia'''. O objetivo é tornar o FHIR '''compreensível''', '''relevante''' e '''aplicável''', mesmo para quem não possui formação técnica avançada.


Os '''Registos Clínicos Eletrónicos''' ([[Registo de Saúde Electrónico]]), cada vez mais são a realidade das instituições prestadoras de cuidados de saúde, com a facilidade e necessidade de movimentação dos pacientes dentro das instituições de saúde, o seu processo clínico, também tem de estar disponível e compreensível em qualquer instância. Mas também, para suporte das decisões clínicas automatizadas e processos automáticos de aprendizagem (machine-learning), por isso estes dados devem ser estruturados e estandardizados.
=== 2. Porquê FHIR? ===
A '''Health Level Seven''' ([[HL7]]) tem vindo a trabalhar nesta temática nos últimos 20 anos, através da produção de troca de informação na área da Saúde como na modelação da informação em standards.
'''FHIR''' é uma nova especificação baseada na indústria emergente (smartphones, tablets, etc), mas mais informada através dos anos de experiência e lições em volta dos requerimentos e dos desafios ganhos pela definição e implementação das metodologias já existentes, como o HL7 v2, v3 e CDA, tendo assim um vasto conhecimento já nesta temática que agora se acopla com o surgir do '''FHIR'''.


==Desenho do FHIR==
A evolução dos sistemas de informação em saúde exigiu, desde cedo, o desenvolvimento de normas que permitissem a troca estruturada de dados clínicos entre diferentes plataformas e organizações. As primeiras propostas da HL7 International, como o HL7 v2, o HL7 v3 e o Clinical Document Architecture (CDA), representaram avanços significativos na normalização da informação, mas enfrentaram também limitações técnicas, conceptuais e práticas.


O FHIR pode não resolver os desafios mais árduos da interoperabilidade na saúde, como políticas diferentes entre instituições, variabilidade nos dados capturados e o contexto em que estes são descobertos. No entanto, aponta como objetivo principal fazer da implementação da troca de dados o mais simples possível, para abrir caminho para a resolução destes árduos desafios da interoperabilidade.
O HL7 v2, apesar de amplamente adotado, assenta numa estrutura menos formal, difícil de validar automaticamente e com variações significativas entre implementações. O HL7 v3 introduziu uma abordagem mais rigorosa e orientada a modelos, mas revelou-se demasiado complexo, o que dificultou a sua adoção em larga escala. O CDA, por sua vez, centrou-se na padronização de documentos clínicos, mas manteve uma lógica monolítica e pouco adaptável à interoperabilidade granular exigida pelos sistemas modernos.
 
* '''Foco na Implementação''' - Fácil de entender para quem desenvolve, muita variada de ferramentas disponíveis(API's).
* '''Tecnologia web transversal a muitas industrias''' - é o exemplo da utilização de XML, JSON, HTTP.
* '''Requer interpretação humana como base da interoperabilidade''' - Quando as aplicações são incapazes de interpretar dados estruturados, lição aprendida do CDA.
* '''Conteúdo disponível''' - FHIR possui licença ''open source'' v1.0
* '''Suporta múltiplas arquitecturas'''.


==Estrutura==
O Fast Healthcare Interoperability Resources, ou FHIR, surgiu como resposta a esses desafios acumulados. Combina a profundidade semântica dos standards anteriores com uma filosofia técnica inspirada na simplicidade e flexibilidade das tecnologias web. Utiliza APIs RESTful como mecanismo de acesso, representações em JSON ou XML, e recursos modulares que espelham entidades do mundo clínico e administrativo.


As principais estruturas do '''FHIR''' são os ''Resources'', ''References'' e ''Profiles''.
Esta abordagem permite que diferentes sistemas comuniquem de forma mais previsível, reutilizável e extensível, ao mesmo tempo que reduz significativamente a complexidade de implementação. Ao introduzir uma lógica de construção mais próxima do desenvolvimento de software moderno, o FHIR facilita o envolvimento de equipas técnicas externas ao mundo da saúde, promovendo inovação e escalabilidade.


===Resources===
Mais do que uma norma técnica, o FHIR representa uma tentativa bem-sucedida de conciliar robustez semântica com agilidade operacional. É, por isso, considerado por muitos como um ponto de viragem na interoperabilidade em saúde.
São pequenas unidades lógicas de trocas com um comportamento e significado definido. São a mais pequena unidade de transação. Os 150 diferentes tipos de ''resources'' cobrem a área da Saúde por inteiro. Exemplos : Paciente; Historial Familiar; Alergias; etc..
 
[[Ficheiro:Fhir_resources.JPG|500px|thumb|right|Exemplos de Resources]]
 
 
Consiste em 3 partes:
# '''Dados estruturados''' - Regra dos 80/20, Só incluem elementos que sejam utilizados nas implementações na sua maioria - ''“We only include data elements if we are confident that 80% of implementations maintaining that resource will make use of the element.”'' Outros conteúdos vão para as extensões.
# '''Narrativa''' - Texto Sumário do conteúdo do ''resource''.
# '''Extensões''' - Atributos que suportam os casos não-comuns.
 
 
===References===
São Ligações de um ''resource'' para outro. Usando as ''references'', os ''resources'' combinam-se de modo a criar uma rede de informação que representa um registo de saúde, os sistemas podem assim navegar nestas ligações e decidir quais os ''resources'' que precisam para uma determinada tarefa.
 
[[Ficheiro:Fhir_references.JPG|500px|thumb|left|Exemplo de ligações entre Resources recorrendo a References]]
 
===Profiles===
Os ''resources'' não tem regras em como devem ser usados, esta tarefa recai nos ''Profiles''. Quando existe a troca de dados, ambos os parceiros que a executam é que definem como querem usar os ''resources'' e quais as suas relações através do uso dos ''Profiles''.
Exemplo: Num determinado hospital pediátrico podem existir regras quanto á requisição de uma cirurgia, que pode pedir informação como, nome dos pais, idade da criança, género, etc. Se alguma dessa informação não está presente, não é considerada uma referencia válida para esse hospital. Os ''Profiles'' definem assim perguntas como: Quais os elementos que são requeridos, que códigos de terminologia são utilizados neste sistema e adicionais extensões
 
 
 
 
 
 
 
 
=Vantagens=
 
As vantagens do '''FHIR''' sobre standards já existentes: 
 
*Foco forte na implementação, rápida e fácil de implementar.
*Múltiplas ''libraries'' de implementação.
*Não existe restrições para quem usar, ''free-to-use'' até ao momento.
*Desenvolvimento evolucionário do caminho do HL7 Versão 2 e CDA - standards podem coexistir.
*Forte fundação em web standards - XML, JSON, HTTP, OAuth, etc.
*Suporte para uma arquitectura RESTful.
*Para facilidade dos ''developers'', um formato facilmente legível é garantido.
*Flexibilidade causada pelos diversos processos dos cuidados de saúde.
 
 
=Ligações úteis=
 
Para mais informações sobre o tema, recomenda-se as seguintes ligações:
 
**'''Health Level Seven''' ([[HL7]])
**'''FHIR Wiki''' [http://wiki.hl7.org/index.php?title=FHIR]
**'''HL7 FHIR''' [http://hl7.org/fhir/]
**'''BlogFHIR''' [http://fhirblog.com/]
**'''FHIRTwitter''' [http://twitter.com/FHIRnews]
 
 
=Outras Normas de Comunicação da HL7 International=
 
{{#ask: [[Category:Norma de Comunicação]] [[Entidade Criadora Terminologia/Standard::Health Level Seven International]]
| ?Designação Terminologia/Standard
| ?Área(s) de Aplicação Terminologia/Standard
}}
 
 
[[Categoria:Norma de Comunicação]]

Revisão das 16h32min de 28 de junho de 2025

1. Introdução

A digitalização dos sistemas de saúde tem vindo a evidenciar a importância de garantir que a informação clínica circule de forma segura, estruturada e compreensível entre diferentes instituições, profissionais e plataformas. A essa capacidade dá-se o nome de interoperabilidade. Mais do que um conceito técnico, trata-se de um requisito fundamental para assegurar continuidade, qualidade e segurança nos cuidados de saúde.

O Fast Healthcare Interoperability Resources (FHIR) é um standard criado pela organização HL7 International precisamente com esse objetivo. Recorrendo a tecnologias amplamente utilizadas na web, como APIs RESTful, JSON e XML, o FHIR propõe uma forma moderna, clara e reutilizável de representar dados clínicos e administrativos.

Ao invés de grandes blocos de informação encapsulados em documentos, o FHIR organiza os dados em unidades modulares chamadas recursos. Cada recurso descreve uma entidade bem definida, como um utente, uma observação clínica ou um episódio de internamento. Esta estrutura modular permite que a informação seja consultada, atualizada e reutilizada de forma eficiente, promovendo maior flexibilidade e adaptabilidade nos sistemas de saúde.

Esta página foi concebida como uma introdução progressiva ao FHIR. Pretende oferecer uma explicação acessível a quem se inicia na área, sem sacrificar o rigor conceptual. Ao longo das próximas secções serão apresentados os fundamentos do standard, exemplos práticos de aplicação e ligações com a realidade portuguesa e europeia. O objetivo é tornar o FHIR compreensível, relevante e aplicável, mesmo para quem não possui formação técnica avançada.

2. Porquê FHIR?

A evolução dos sistemas de informação em saúde exigiu, desde cedo, o desenvolvimento de normas que permitissem a troca estruturada de dados clínicos entre diferentes plataformas e organizações. As primeiras propostas da HL7 International, como o HL7 v2, o HL7 v3 e o Clinical Document Architecture (CDA), representaram avanços significativos na normalização da informação, mas enfrentaram também limitações técnicas, conceptuais e práticas.

O HL7 v2, apesar de amplamente adotado, assenta numa estrutura menos formal, difícil de validar automaticamente e com variações significativas entre implementações. O HL7 v3 introduziu uma abordagem mais rigorosa e orientada a modelos, mas revelou-se demasiado complexo, o que dificultou a sua adoção em larga escala. O CDA, por sua vez, centrou-se na padronização de documentos clínicos, mas manteve uma lógica monolítica e pouco adaptável à interoperabilidade granular exigida pelos sistemas modernos.

O Fast Healthcare Interoperability Resources, ou FHIR, surgiu como resposta a esses desafios acumulados. Combina a profundidade semântica dos standards anteriores com uma filosofia técnica inspirada na simplicidade e flexibilidade das tecnologias web. Utiliza APIs RESTful como mecanismo de acesso, representações em JSON ou XML, e recursos modulares que espelham entidades do mundo clínico e administrativo.

Esta abordagem permite que diferentes sistemas comuniquem de forma mais previsível, reutilizável e extensível, ao mesmo tempo que reduz significativamente a complexidade de implementação. Ao introduzir uma lógica de construção mais próxima do desenvolvimento de software moderno, o FHIR facilita o envolvimento de equipas técnicas externas ao mundo da saúde, promovendo inovação e escalabilidade.

Mais do que uma norma técnica, o FHIR representa uma tentativa bem-sucedida de conciliar robustez semântica com agilidade operacional. É, por isso, considerado por muitos como um ponto de viragem na interoperabilidade em saúde.