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Biotronik (Berlim, Alemanha) foi o primeiro dispositivo na RM e foi introduzido em 2001. Este transmite dados de forma automática numa base diária, sem necessitar de uma acção virtual por parte do paciente. Os dados encriptados são transmitidos em intervalos de tempo definidos através de uma via mobile phone para um banco central de dados na Europa. Os dados são recebidos, processados e reencaminhados para o cuidador de saúde. O sistema permite transferir eventos clínicos de extrema importância (sintomáticos ou assintomáticos), sem estar dependente da localização do paciente.<ref name="citação1">Costa PD, Rodrigues PP, Reis AH, Costa-Pereira A. A review on remote monitoring technology applied to implantable electronic cardiovascular devices. Telemed J E Health [Internet]. 2010;16(10):1042–50. Available from: http://online.liebertpub.com/doi/abs/10.1089/tmj.2010.0082</ref><ref name="citação14">Costa PD, Reis  a H, Rodrigues PP. Clinical and economic impact of remote monitoring on the follow-up of patients with implantable electronic cardiovascular devices: an observational study. Telemed J E Health [Internet]. 2013;19(2):71–80. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23336734</ref> Este tem um sistema portátil e é o único a utilizar a tecnologia GSM.<ref name="citação18">Sticherling C, Kühne M, Schaer B, Altmann D, Osswald S. Remote monitoring of cardiovascular implantable electronic devices: Prerequisite or luxury? Swiss Med Wkly. 2009;139(41-42):596–601. </ref><BR>
Biotronik (Berlim, Alemanha) foi o primeiro dispositivo na RM e foi introduzido em 2001. Este transmite dados de forma automática numa base diária, sem necessitar de uma acção virtual por parte do paciente. Os dados encriptados são transmitidos em intervalos de tempo definidos através de uma via mobile phone para um banco central de dados na Europa. Os dados são recebidos, processados e reencaminhados para o cuidador de saúde. O sistema permite transferir eventos clínicos de extrema importância (sintomáticos ou assintomáticos), sem estar dependente da localização do paciente.<ref name="citação1">Costa PD, Rodrigues PP, Reis AH, Costa-Pereira A. A review on remote monitoring technology applied to implantable electronic cardiovascular devices. Telemed J E Health [Internet]. 2010;16(10):1042–50. Available from: http://online.liebertpub.com/doi/abs/10.1089/tmj.2010.0082</ref><ref name="citação14">Costa PD, Reis  a H, Rodrigues PP. Clinical and economic impact of remote monitoring on the follow-up of patients with implantable electronic cardiovascular devices: an observational study. Telemed J E Health [Internet]. 2013;19(2):71–80. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23336734</ref> Este tem um sistema portátil e é o único a utilizar a tecnologia GSM.<ref name="citação18">Sticherling C, Kühne M, Schaer B, Altmann D, Osswald S. Remote monitoring of cardiovascular implantable electronic devices: Prerequisite or luxury? Swiss Med Wkly. 2009;139(41-42):596–601. </ref><BR>
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Revisão das 18h00min de 3 de março de 2016


Investigação e Comunicação Cientifica - Monitorização Remota de Dispositivos Cardiovasculares Eletrónicos Implantados em Doentes com Insuficiencia Cardiaca

Actualização do artigo de revisão “A review on Remote Monitoring Technology Applied to Implantable Electronic Caediovascular Devices ” [1]

ABSTRACT

Na Europa, nos últimos anos, tem-se verificado um aumento substancial de pacientes com Dispositivos Cardiovasculares Electrónicos Implantáveis. Com este aumento do número de pacientes que têm dispositivos cardíacos implantáveis houve a necessidade de se ter uma maior preocupação com os cuidados no acompanhamento dos doentes, assim como houve aumento significativo dos encargos para o sistema de saúde. Os Dispositivos Cardiovasculares Electrónicos Implantados (IECD) são dispositivos que têm a capacidade para identificar e registar as perturbações cardíacas (bradicardias cardíacas e insuficiências cardíacas), manter e ressincronizar o ritmo cardíaco e evitar a morte súbita. Temos assim para esse efeito, os pacemakers, os cardioversores – desfibrilhadores implantáveis, os registadores de eventos implantáveis, os dispositivos de terapia de ressincronização cardíaca e os dispositivos de monotorização hemodinâmica. O aumento da população com IECD necessita de cuidados particulares que se traduz no follow-up, que leva a muitos gastos ao sistema de saúde. O nosso objectivo neste trabalho é assim, verificar e avaliar o impacto do monitoramento remoto em doentes que tem um dispositivo cardiovascular electrónico implantável. A nossa pesquisa consistiu numa revisão de artigos realizada na PubMed, usando critérios de inclusão e exclusão que nos levaram a elaboração de um Query de pesquisa. Os estudos foram seleccionados consoante os critérios de inclusão, anteriormente predefinidos: apenas artigos escritos a partir de 2010 (inclusive) em língua inglesa e apenas estudos em humanos. Depois seguiram-se duas etapas fulcrais que ditaram os artigos que seriam para analisar que seguissem as linhas do tema: primeiro a leitura do título e de seguida do resumo. Desta forma no fim desta análise os artigos foram organizados segundo o tipo de estudo, o país de publicação e o ano de publicação. Desta forma obtivemos assim, 21 artigos, sendo 33% dos artigos referentes a questões relacionadas com os pacientes, 86% dos artigos com questões clinicas e 57% com as questões económicas. Assim sendo, para que o monitoramento remoto possa ser usado frequentemente, é necessário que primeiramente se aborde as questões técnicas e éticas e só depois é que se deve por em prática. A segurança do paciente é também um foco importante a ser abordado, visto que a desconfiança que o paciente possa sentir pode comprometer o sistema de monotorização. Contudo, actualmente o monitoramento remoto é considerado uma tecnologia cómoda, segura e é uma tecnologia eficaz para diagnóstico.

INTRODUÇÃO

A insuficiência cardíaca apresenta um dos grandes problemas na saúde pública, estando associada às grandes taxas de mortalidade. Este factor leva a uma grande preocupação do sistema de saúde.[2][3] Pois, o aumento de pacientes com insuficiência cardíaca torna-se grande fardo monetário para o sistema de saúde. O monitoramento remoto está a torna-se, assim, fulcral para a optimização da insuficiência cardíaca.[4] As tecnologias digitais podem ser utilizadas para uso preventivo, de diagnóstico e terapêutico para as doenças cardiovasculares. O uso destas tecnologias traz benefícios clínicos, o aumento de segurança e confiabilidade.[5] O monitoramento remoto de dispositivos cardiovasculares electrónicos implantáveis (IECD) possibilita a detecção precoce de arritmias. É considerado uma tecnologia muito útil para os pacientes e para as instituições de saúde na medida em que proporciona benefícios financeiros.[6] Recentemente, dispositivos cardiovasculares electrónicos semelhantes aos pacemakers foram inseridos nas práticas clinicas com o intuito de identificar as bradicardias e as arritmias e prevenir a morte súbita. [7][8] Estes dispositivos, cardioversores – desfibrilhadores implantáveis (ICDs) e a ressincronização cardíaca (CRT) melhoram a função da “bomba”, ou seja, conseguem detectar arritmia cardíaca, restabelecendo a sequência cardíaca normal.[9] Outros IECD que também têm como função identificarem e registar as perturbações cardíacas são os pacemakers, os registadores de eventos implantáveis e os dispositivos de monotorização hemodinâmica.[10] A terapia de ressincronização cardíaca (CRT) é usada em pacientes com insuficiência cardíaca crónica.[11] Têm ocorrido muitos avanços na telemetria cardíaca e monitoramento remoto dos IECD que levam a uma melhoria do estado dos pacientes afectados com doenças cardíacas e tem aumentado a complexidade de análise e a interpretação de algoritmos.[12] Os benefícios que se esperam pelo uso de IECD, referem-se à melhora da qualidade de vida do paciente, à redução do tempo de ambulatório, ao monitoramento continuo dos pacientes que permitem detectar precocemente eventos clínicos que serão prejudiciais e para melhor a vigilância do sistema implantado. [13] São, assim, a estimulação cardíaca, o tratamento de dados, a detecção e o tratamento de arritmias, funções muito importantes para que haja monitorização e tratamento dos pacientes.[12] Desta forma, e com o progresso tecnológico dos sistemas de comunicação, o uso da tele monitorização é utilizado como uma parte importante nos cuidados de saúde. [12] Tudo isto leva a que o procedimento de follow-up seja mais demorado e complexo que leva a um consumo elevado de meios. Assim sendo, o nosso objectivo principal consiste em fazer uma recolha de todos os tipos de dispositivos electrónicos cardiovasculares implementáveis monitorizados remotamente, disponíveis, evidenciando as suas vantagens e desvantagens em pacientes com insuficiência cardíaca.

BACKGROUND

A telemedicina é uma actividade que envolve diferentes ramos, como a medicina, informática e telecomunicações e tem como principal objectivo proporcionar o acesso a cuidados de saúde utilizando as comunicações de forma a facilitar a troca de informação entre os pacientes e os profissionais de saúde e entre os profissionais de saúde.[14] Em 1970 foi desenvolvido o conceito de Trans-Telephonic Monitoring (TTM), tecnologia que só era aplicada a pacemakers e só conseguia transferir uma pequena quantidade de dados. Com isto, o desenvolvimento da RM está relacionada com o avanço das comunicações electrónicas, tornando-se uma ferramenta importante.[15] O interesse inicial do monitoramento remoto foi superar as grandes distâncias entre os hospitais e os pacientes que fizeram a avaliação e que se encontram em zonas distantes. Isto foi muito útil para pacientes idosos que tinham dificuldades em fazer viagens longas e caras, na medida em que permitia o follow-up à distância.[16]


REMOTE FOLLOW-UP

Como oposição à TTM, as informações recolhidas através dos ICEDs têm um formato semelhante e são disponibilizadas de igual forma a uma visita e interrogatório cara-a-cara.[17]

REMOTE MONITORING

A RM consiste na recolha de dados sem a necessidade de deslocação e consequentemente os gastos com a deslocação, diminuindo assim os custos de tratamento e aumentando a produtividade.[14] Os sistemas disponíveis nos dias de hoje têm transmissão automática, isto permite a observação constante do paciente e permite a transmissão de informações diariamente, em que o paciente transmite as informações automaticamente através de um telefone fixo ou de uma rede móvel, após codificação para um servidor seguro. A informação lida pelos centros de cardiologia pode ser relacionada com a integridade dos dispositivos médicos, como a gravação e estimulação de dados ou o estado da bateria e também podem ser lidas informações relacionadas com os eventos cardíacos dos pacientes. O profissional de saúde responsável pela monitorização recebe toda a informação via e-mail, fax, serviço de mensagens curtas (SMS) e/ou telefone.[10]

REMOTE TECHNOLOGY FUNDAMENTALS

De acordo com a importância da aplicação na prática é necessário estabelecer certas regras e regulamentos tendo em conta certos requisitos como a segurança e o sigilo, a capacidade da energia da bateria, a taxa dos dados e a sua latência. Na Europa, as normas em relação às frequências utilizadas telecomunicações mais utilizadas são as do European Telecommunications Standards Institute, no entanto os dispositivos médicos pertencem à classe 1, em que a banda de frequência se encontra disponível em toda a União Europeia sem que sem necessária licença. No caso dos IECDs são utilizados os sinais de rádio juntamente com a frequência de 400MHz.[1]

AVAILABLE SYSTEMS

Actualmente existem cinco sistemas de RM, introduzidos pelos fabricantes de dispositivos, que diferem entre si principalmente em termos da localização de armazenamentos dos dados e a codificação utilizada.[1] É de salientar, que devido a certos requisitos regulamentares, nenhum dos sistemas permite a reprogramação remota.

HOME MONITORING®

Biotronik (Berlim, Alemanha) foi o primeiro dispositivo na RM e foi introduzido em 2001. Este transmite dados de forma automática numa base diária, sem necessitar de uma acção virtual por parte do paciente. Os dados encriptados são transmitidos em intervalos de tempo definidos através de uma via mobile phone para um banco central de dados na Europa. Os dados são recebidos, processados e reencaminhados para o cuidador de saúde. O sistema permite transferir eventos clínicos de extrema importância (sintomáticos ou assintomáticos), sem estar dependente da localização do paciente.[1][14] Este tem um sistema portátil e é o único a utilizar a tecnologia GSM.[18]

Figura 1 - Sistema Home Monitoring

LATITUDE®

Boston Scientific Latitude utiliza a transmissão sem fios a partir do dispositivo até ao comunicador onde através de um telefone fixo são enviados dados para um repositório central e depois os dados vão estar disponíveis numa plataforma de internet.[18] Este sistema envia notificações divididas em dois níveis : Red Alert (notificações dos eventos urgentes), em que uma luz vermelha solicita que o paciente inicie uma transmissão se algum alerta for detectado e as notificações de alerta amarelo (notificações dos eventos clínicos) responsáveis pelo envio de informação adicional.[18][1] Além disso, este permite a conexão de um manguito de pressão arterial e uma escala de peso para a monitorização em ambulatório de pacientes com insuficiência cardíaca.[18] Este sistema não está totalmente disponível nos países pertencentes à Europa.[18]

CARELINK® NETWORK

CareLink Rede ™ (Medtronic, Minneapolis) é um sistema sem fios utilizado desde 2009 que permite a transmissão de dados através de linhas padrão de telefone e conexão de internet. Estes dados são processados, armazenados e visualizados num repositório central com segurança.[18][1] Este sistema requer a participação do paciente, pois o paciente é alertado por sinal sonoro no caso de um evento pré-especificado de modo a iniciar a comunicação posteriormente. Este sistema inclui três elementos principais: o dispositivo implantado, que recolhe e armazena os dados relacionados com o dispositivo; o monitor remoto que tem como principal função receber e armazenar temporariamente os dados e transmitir para a rede CareLink; e a rede CareLink, que utiliza uma série de servidores seguros que processa e armazena os dados enviados pelo monitor remoto.[14] As transmissões automáticas podem ser programadas manualmente, em intervalos superiores a 21 dias. A rede CareLink é a única que incorpora um sensor óptico e é utilizada para conferir e verificar IECDs de rotina e também confere automaticamente ICDs e CRT-Ds e quando são detectados problemas notifica os médicos.[1][18]

MERLIN.NET™

O Merlin.NetTM (St. Jude Medical, Sylmar) permite a recolha de dados virtualmente e esses dados estão acessíveis através de um site da Internet protegido por senha e nome de usuário. Os dados são recolhidos, remotamente ou no local, usando o transmissor Merlin @ Home. Este transmissor comunica numa base diária e sem interacção com o paciente, em que o paciente como alerta sente uma vibração e pode accionar o Merlin @ Home manualmente transmitindo as informações. Os dados são transmitidos de forma automática através de telemetria sem fios, isto é entre o Merlin @ Home e os dispositivos implantados e de seguida os dados são enviados para o Merlin.Net através de telefone fixo ou de uma rede de comunicações móveis. O Merlin.Net é muito parecido com uma caixa de correio, onde o usuário pode verificar todos os dados transmitidos ou alertas e estes também podem ser exportados para o Health Record (EHR), o que permite uma completa gestão dos dados.[15]

SMARTVIEW®

O Smartview (Sorin) em 2014 ainda não estava registado na Lista de Produtos e Serviços Reembolsáveis no mercado Francês. Este é um sistema que utiliza a rede móvel em que a notificação de alertas, o registo de novos pacientes e toda a gestão pode ser configurada de acordo com as necessidades. Também permite o armazenamento de dados. [10]


SEGURANÇA DO PACIENTE

Alguns estudos demonstraram que existia interferência entre alguns IECDs e cápsula de vídeo utilizadas para endoscopia, isto acontecia quando a cápsula estava relativamente perto do pacemaker, contudo não existiram alterações no funcionamento do pacemaker.[1] A monitorização dos dispositivos implantados tem o potencial de melhorar a segurança dos pacientes, e existem em muitos deles recursos disponíveis que permitem a detecção precoce de complicações com o sistema dos dispositivos, ou seja, existe um aumento na segurança do paciente pois existe a detecção precoce de eventos e isto leva consequentemente a uma redução de taxas de hospitalização e a uma redução do risco de acidente vascular cerebral e arritmias atrial.[19][17] Existem vários ensaios clínicos randomizados que demonstram que a monitorização remota reduz complicações graves de saúde sem comprometer a segurança do paciente e também chega a ser considerado um mecanismo de prevenção de morbilidade e mortalidade.[15] Os alertas ou avisos enviados pelos IECDs podem ser personalizado para cada paciente e eventos distintos podem desencadear uma resposta diferente para cada paciente individual, por exemplo se o médico quiser uma mensagem de imediata quando existe a detecção de arritmias assintomáticas.[20]

METODOLOGIA

O principal objectivo desta revisão é comparar a monitorização remota em dispositivos implantados em relação às consultas tradicionais, tendo em conta os dispositivos

Implantados existentes e as vantagens/desvantagens da sua implementação. Com isto, recorrendo às bases de dados on-line da MEDLINE (PubMed) procedeu-se à pesquisa de documentos, disponíveis on-line em Fevereiro de 2016 usando a seguinte query: artificial pacemaker [MeSH Terms] AND (ICD [MeSH Terms]OR pacemaker [All Fields] OR ICD [All Fields] OR CRM device [All Fields] OR cardioverter-defibrillator [All Fields] OR defibrillator[All Fields] OR implantable cardiovascular devices [All Fields]) AND remote monitoring [All Fields].

PROCESSO DE SELEÇÃO

A consulta foi realizada em 8 de Fevereiro de 2016, com um total de 89 documentos para análise. Dos 89 foram seleccionados os documentos em língua inglesa, dos últimos dez anos (depois de 2006) realizados em Humanos, e que os documentos tinham que ter disponível pelo menos o resumo. A análise foi realizada por três investigadores única em dois passos. O primeiro passo foi feito por tentar relacionar o resumo e o objecto do estudo seleccionando os artigos relevantes. No passo seguinte, procedeu-se à leitura dos documentos seleccionados no passo anterior, excluindo aqueles que não se enquadravam com o objectivo do estudo.

CRITÉRIOS DE SELEÇÃO

Os critérios de seleção foram determinados antes da consulta e análise de documentos. Desta forma, os critérios de selecção incluídos foram: • Estudo aborda a monitorização remota, dando relevância para os IECDs que se encontram implementados; • Explicação do desenho do estudo; • Análise estatística dos resultados; • Discussão referente aos diferentes resultados e também referente às possíveis vantagens e desvantagens que a implementação dos IECDs podem trazer ao serem utilizados no dia-a-dia. As variáveis de estudo utilizadas para analisar os documentos eram o tipo de estudo, o país de origem do estudo e ano da publicação e também as principais questões abordadas, como as questões de doentes, clínicas e as de impacto económico. Em relação as questões dos doentes é necessário ter em conta todos os problemas relatados pelos pacientes, clínicos e não clínicos, que podem afectar o dia-a-dia. As questões clínicas estão relacionadas com o diagnóstico e tratamento, tendo em conta todos os profissionais de saúde envolvidos e a rotina diária do paciente. Estas também incluem as práticas clínicas legais e os procedimentos éticos. Por último, as questões de impacto económico implicam que todos os custos para os envolvidos, como os profissionais de saúde ou pacientes.

RESULTADOS

Após leitura dos artigos selecionados podemos observar que é na Europa que são publicados mais artigos sobre o tema: 71% dos artigos publicados. A Itália é que mais publica na Europa e no mundo inteiro (38%) e os Estados Unidos lidera fora da Europa com 14% das publicações. Nos anos de publicações selecionados (2010 a 2015) verificamos que em 2013 foram publicados mais artigos de sempre (33%) mas a partir desse mesmo ano os artigos sobre o tema têm vindo a reduzir, atingindo em 2015 apenas 5% de artigos relevantes. Os artigos não randomizados são os mais publicados com 43% e os artigos de revisão os menos publicados (10%). Os artigos foram classificados em questões dos pacientes, questões clinicas e questões económicas e estão descritos na tabela 2.

QUESTÕES DOS PACIENTES

Existem relativamente poucos estudos para aferir as vantagens e desvantagens por parte do paciente (utilizador) de dispositivos de monitorização remota, comparando com as questões clinicas ou económicas. Apenas 7 dos artigos seleccionados (33%) focam os pacientes (tabela 2) enquanto que 12 abordam as questões clinicas (tabela 3) e 18 abordam as questões económicas do ponto de vista dos serviços de saúde (tabela 4). Os pacientes não encontram grandes alterações na sua vida diária devido à monitorização remota, havendo mesmo quase 60% dos artigos que indicam como fácil ou muito fácil de usar e 30% indica uma grande satisfação por parte dos pacientes. 43% dos artigos indica como principal vantagem a poupança de tempo geral para o paciente, poupando tempo nas deslocações e tempo de espera nos hospitais para as consultas de rotina (que se tornam quase desnecessárias com a monitorização remota). Dois dos artigos (29%) revelam ainda que os pacientes que usam monitorização remota sentem-se mais seguros porque estão constantemente a serem controlados pela equipa médica, ainda que remotamente. Algumas desvantagens também podem ser destacadas: 43% dos artigos fala nas dificuldades que alguns utilizadores sentiram ao manusear os equipamentos sem terem ajuda prévia dos serviços de saúde. Alguns desses problemas refletem-se na dificuldade no posicionamento das antenas dos equipamentos e consequente problema na transmissão dos dados. Alguns pacientes também referiram a desconfiança em relação à adopção de novas tecnologias, à sua privacidade e à falta de contacto humano com o médico. [4][10][12][14][17][20][21][22]

QUESTÕES CLINICAS

A grande maioria dos artigos selecionados (18 em 21) aborda as questões clinicas relacionadas com a monitorização remota (86%). O nível de satisfação dos médicos relativamente a este processo de monitorização é extremamente elevada, estando perfeitamente evidenciada na tabela 3 onde podemos verificar que foram abordadas 16 vantagens e apenas 4 desvantagens. As desvantagens relacionam-se praticamente com as questões legais, nas quais o paciente tem de ser informado das formas de funcionamento da monitorização remota, das vantagens e desvantagens e assegurar (dentro do possível) a privacidade do paciente. O paciente para ter acesso à monitorização remota, tem de conhecer as ramificações do sistema e assinar uma ordem de consentimento para legalizar a implementação do sistema. Apesar de algumas desvantagens, as vantagens superam em larga escala e não são sequer consideradas para abalar a confiança quase unânime no sistema de monitorização remota. 61% dos artigos indicam que os médicos têm uma grande satisfação na utilização deste tipo de monitorização, não apenas porque torna possível identificar em tempo útil problemas de saúde dos utilizadores mas também porque poupam imenso tempo em consultas de rotina. 22% dos artigos indicam mesmo que estes sistemas permitem reduzir a mortalidade já que detectam os problemas de saúde mais cedo (inclusive detectam arritmias silenciosas) que os métodos tradicionais de atendimento personalizado. Apesar de ser pouco comum, a monitorização remota permite também detectar rápida e eficazmente dispositivos que poderão estar com problemas e a necessitar de serem substituídos. A monitorização remota permite ainda reduzir significativamente as terapias aplicadas indevidamente (revelado em 22% dos artigos) e avaliar a eficiência de medicamentos para combater a arritmia cardíaca (11%). [4][5][6][7][10][12][13][14][17][20][23][24][25][21][26][27][28][29]


QUESTÕES ECONÓMICAS

Apesar de todas as vantagens evidenciadas nos pontos anteriores, o ponto mais relevante para que as tecnologias sejam, ou não, aplicadas são as vantagens a nível económico. 75% dos artigos que aborda o impacto económico da implementação de monitorização remota, referem-se ao tempo poupado no geral pelas equipas médicas. Este tempo é poupado pelos médicos que não precisam de ter consultas de rotina com os pacientes visto que conseguem acompanhar remotamente os mesmos. A monitorização remota permite poupar nos custos com tempo, recursos despendidos e custos de transportes por parte da classe médica que muitas vezes tinha de se descolar a casa dos pacientes. Os custos de hospitalização também são diminuídos porque não é necessário que o paciente permaneça no hospital quando pode ser igualmente monitorizado a partir da sua própria casa (25% dos artigos focam este tema). Algumas desvantagens têm a ver com o reembolso efectuado a favor dos centros hospitalares (50% dos artigos alerta para este factor como uma desvantagem). A dificuldade nos mesmos reembolsos são também abordados num terço dos artigos (33%), assim como alertando para o facto de serem necessários novos métodos de reembolso. Os diferentes tipos de reembolso para diferentes métodos de saúde são também estudados em 17% dos artigos. [2][5][6][10][14][15][17][20][25][21][22][29]


DISCUSSÃO

A utilização do monitoramento remoto já é uma prática que se vai manifestando prevalente para a avaliação de Dispositivos Cardiovasculares Electrónicos Implementáveis. Assim sendo, o monitoramento remoto dos pacemakers permite e promove uma supervisão exacta dos dispositivos.[28] Contudo, e em comparação com os pacemakers, os ICDs são uma descoberta bastante recente. Estes dois são cada vez mais usados para vigilância do paciente que tem insuficiência cardíaca. Actualmente, os dispositivos disponíveis produzidos pelos fabricantes principais, apresentam propriedades específicas e fornecem índices clínicos que permitem controlar melhor os pacientes essencialmente no que diz respeito à insuficiência cardíaca.[28] Assim sendo, a monotorização remota de IECDs tem sido globalmente aceita devido ao seu uso crescente e às suas inúmeras vantagens. Desde a economia de tempo pelo paciente em deslocações e tempo de espera nos hospitais, à segurança do paciente devido ao constante controlo dos equipamentos pela equipa médica, à capacidade dos médicos identificarem os problemas de saúde dos doentes em tempo útil e ao ponto mais relevante que é o económico. Pois, todo o tempo que se poupa em consultas de rotina, em custos de transportes e em custos de hospitalização faz com que haja um menor dispêndio de recursos, sendo uma mais-valia económica.[10][6][5][7][27] Além disso, os IECDs permitem detectar eficazmente dispositivos que podem estar com problemas e que precisam de ser substituídos. Contudo e como todas as práticas, a monotorização remota de IECDs apresenta algumas desvantagens associadas. Realçamos assim a dificuldade do uso dos dispositivos, sendo necessária uma educação/formação antes da utilização; a diminuição da privacidade dos doentes; a dificuldade no reembolso efectuado que é a favor dos centros hospitalares e o facto de os dispositivos não permitirem reprogramação remota.[7][12][21][17] Desta forma, verificamos que o número de vantagens se sobrepõe largamente às desvantagens. Contudo, temos de perceber que os métodos de avaliação tradicionais não são substituídos pela monotorização remota. Porém também temos de ter em mente que a monotorização remota foi criada para ajudar os profissionais de saúde a monitorar os sinais cardíacos de forma a perceber as alterações do estado cardiovascular do paciente sem que seja necessário este estar constantemente em consultas hospitalares. No entanto, estes doentes têm de ser igualmente seguidos só que com uma menor periodicidade. Temos de ter em atenção também as questões legais uma vez que, as directrizes clinicas, que são escassas, seguidas num determinado país podem não ser as mesmas noutro país o que pode tornar-se um problema na implementação do monitoramento remoto. As questões éticas e legais é que tornam esta prática mais vulnerável. Para que não haja problemas após a implementação, todas estas questões devem ficar resolvidas anteriormente. Assim, pode-se constatar que a monotorização remota de IECDs é cada vez mais utilizada e o desafio principal é fazer com que o paciente seja capaz de conseguir ter uma qualidade de vida superior, não necessitando de ir constantemente ao hospital, estando na mesma a ser seguido pelo médico. A monitorização permite também uma intervenção mais rápida do médico, uma melhora das práticas e dos resultados clínicos e uma redução dos custos. Contudo, mesmo sendo cada vez mais utilizada, esta tecnologia não tem sofrido grandes alterações nos últimos anos. E, as alterações que realçam são a nível de hardware apenas, sendo as empresas as mesmas, que produziam os dispositivos anteriores. Os sistemas mais usados em estudos continuam a ser o Biotronik e o Medtronic. Assim sendo e para finalizar, os artigos publicados nesta área têm vindo a diminuir, sendo que grande parte deles se debruçam sobre os mesmos assuntos o que pode revelar que o tema possa estar a ficar sem evoluções relevantes.

CONCLUSÃO

Depois de uma breve análise pode-se concluir que este artigo apresenta conclusões em duas áreas, isto é, clínica e não clínica. Em termos clínicos, verifica-se que a RM consegue identificar eventos assintomáticos, eventos que sem ser utilizada esta capacidade só mais tarde é que poderiam ser identificados e eventos sintomáticos. É de salientar que a RM tem extrema importância pois permite antecipar o diagnóstico e consequentemente traz benefícios para o paciente. Também permite a identificação de alterações nos dispositivos.[14] Atualmente, vários estudos randomizados confirmam as vantagens de segurança da RM, esta é considerada uma tecnologia segura e tem vindo a ser aceite pelos pacientes melhorando a sua satisfação e também a segurança. Esta também tem a capacidade de melhorar o acompanhamento dado nas instalações de saúde e os dados até à data asseguram que esta é uma tecnologia aceite pelos profissionais de saúde e pacientes. A RM também auxilia o médico a identificar situações prejudiciais e no diagnóstico e tratamento de doenças.[20] Com isto, a RM tem vindo a ser abordada na Europa e nos Estados Unidos, em que nos Estados Unidos é usada na prática clínica. Embora os benefícios pela RM serem bastantes é necessário validar os custos e ter sempre em atenção que a utilização desta tecnologia pode vir a reduzir os custos totais de seguimento na população, como os custos de transporte e os custos de seguimento dos pacientes, o que já foi demonstrado em alguns estudos realizados. No entanto, é necessário realizar mais estudos para validar esta evidência, pois esta pode ser apontada como a principal desvantagem e a principal causa no atraso da implementação de RM.[1][15] No futuro é necessário realizar pesquisas tendo em conta várias questões, como a relação custo-eficácia entre os diferentes sistemas existentes e ainda verificar parâmetros como a qualidade de vida, eventos adversos, mortalidade, entre outros. É de salientar, que questões éticas e legais também devem ser definidas.[17] No geral, podemos concluir que a utilização de RM constitui uma opção complementar eficaz no acompanhamento de pacientes com IECDs, existindo nos dias de hoje sistemas de monitorização remota fabricados por várias empresas associados aos IECDs. Desta forma, a RM é uma tecnologia útil com diversas vantagens, pois consegue fornecer várias informações, quer em relação a doente ou ao dispositivo, em tempo real.


REFERÊNCIAS

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