Sistema de Informação em Saúde para o Monitoramento da Qualidade da Assistência Obstétrica e Neonatal: diferenças entre revisões

Fonte: aprendis
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Os relatórios gerados com o protótipo para a maternidade mostraram-se úteis, pois além de descrever automaticamente e pela primeira vez os indicadores de resultados neste serviço de saúde, possibilitou o posicionamento desta instituição frente às metas pré-definidas, quer pelo hospital, quer pelo governo. Outro ganho relevante foi o questionamento das próprias metas. Ao se desconsiderar as características de um serviço universitário de referência, cujo perfil de internamento de gestações com elevado risco materno e neonatal encontra-se acima de 50%, foram propostas algumas metas inatingíveis. Os desafios assistenciais não são os mesmos das maternidades em geral, que atendem mulheres de baixo risco gestacional e, portanto, não comparáveis entre si, sob o mesmo alvo a ser atingido.
Os relatórios gerados com o protótipo para a maternidade mostraram-se úteis, pois além de descrever automaticamente e pela primeira vez os indicadores de resultados neste serviço de saúde, possibilitou o posicionamento desta instituição frente às metas pré-definidas, quer pelo hospital, quer pelo governo. Outro ganho relevante foi o questionamento das próprias metas. Ao se desconsiderar as características de um serviço universitário de referência, cujo perfil de internamento de gestações com elevado risco materno e neonatal encontra-se acima de 50%, foram propostas algumas metas inatingíveis. Os desafios assistenciais não são os mesmos das maternidades em geral, que atendem mulheres de baixo risco gestacional e, portanto, não comparáveis entre si, sob o mesmo alvo a ser atingido.


A visualização dos indicadores de saúde ao longo de cinco meses, permitiu que especialistas e conhecedores da realidade da maternidade, apenas com a análise visual da evolução da taxa de cesarianas percepções importantes. Ente elas a constatação de que as mesmas eram frequentes entre gestantes com algum fator de risco associado. Discussões importantes se seguiram a divulgação dos primeiros relatórios e motivaram a busca um novo padrão de procedimento por parte dos profissionais da saúde.
A visualização dos indicadores de saúde ao longo do tempo permitiu que especialistas e conhecedores da realidade da maternidade, apenas com a análise visual da evolução da taxa de cesarianas percepções importantes. Ente elas a constatação de que as mesmas eram frequentes entre gestantes com algum fator de risco associado. Discussões importantes se seguiram a divulgação dos primeiros relatórios e motivaram a busca um novo padrão de procedimento por parte dos profissionais da saúde.


A visualização em tempo real dos indicadores administrativos pelos gestores deste serviço de saúde, como o tempo de internamento, cria possibilidades antes não existentes de se adotar mais prontamente medidas com melhor potencial de resolutividade para desafios como: a ocupação dos leitos de alto risco em serviços públicos de referência.
A visualização em tempo real dos indicadores administrativos pelos gestores deste serviço de saúde, como o tempo de internamento, cria possibilidades antes não existentes de se adotar mais prontamente medidas com melhor potencial de resolutividade para desafios como: a ocupação dos leitos de alto risco em serviços públicos de referência.

Revisão das 21h55min de 10 de outubro de 2016

Introdução

A Organização Mundial da Saúde inclui na definição de saúde o bem-estar bio-psico-social entre os indivíduos. A saúde de um indivíduo pode ser determinada pela própria biologia humana, pelo ambiente físico, social e econômico a está exposto e pelo seu estilo de vida, isto é, pelos hábitos de alimentação e outros comportamentos, que podem ser benéficos ou prejudiciais.

Dada a complexidade do conceito de saúde, a tarefa de mensurá-la através dos indicadores de saúde também o é. Vistos em conjunto, estes indicadores devem refletir a situação de uma população e servir para a vigilância das condições de saúde.

Nos últimos anos, com o desenvolvimento exponencial da informatização nos hospitais, o volume de registos clínicos eletrônicos aumentou significativamente. Paralelamente a este aumento, surgiram novos interesses na análise desta informação, passando esta a ser utilizada não só como fonte para a tomada de decisões clínicas, mas também para apoio ao nível da gestão hospitalar. De entre os vários serviços de saúde, o âmbito hospitalar ganha destaque por reunir os procedimentos de maior complexidade e custo, o que tem feito com que as bases de dados relativas a hospitalizações sejam o principal foco das mais diversas análises. A disponibilização de informação confiável, proveniente de dados sólidos, é vital para subsidiar profissionais e técnicos, para a tomada de decisão o para apoio aos gestores hospitalares. Neste contexto, os sistemas de informação são responsáveis por gerar, analisar e disseminar tais dados.

A informatização dos registros clínicos hospitalares do nascimento é um tema inovador para a Obstetrícia, e, ao mesmo tempo, promissor pelo potencial em repercutir favoravelmente nos desafios assistenciais dessa área. Para enfrentar esse desafio, uma equipe multidisciplinar idealizou e implantou o Sistema de Informação em Saúde Materna e Neonatal - SISMater (Figura 1). Esse software pode ser acessado pelo link https://sismater.hc.ufmg.br, e foi desenvolvido com o objetivo de coletar, registrar dados clínicos e gerar indicadores de qualidade da assistência materno-neonatal na Maternidade Otto Cirne do Hospital das Clínicas de Belo Horizonte - UFMG.

Por meio desse novo sistema, foi possível gerar um banco de informações sobre o cuidado obstétrico hospitalar capaz de se comunicar e trazer respostas às demandas de resultados e indicadores solicitados por vários setores, tanto externos quanto do próprio serviço. Com isso, o SISMater se torna uma ferramenta única que engloba os dados necessários para a Comissão Perinatal de Belo Horizonte, a Joint Comission International, o Centro Latino Americano de Perinatologia (CLAP), o Sistema de Acompanhamento do Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (SISPERINATAL), a Direção Clínica do Hospital, a Gerência da Maternidade e a Coordenação da Residência Médica na maternidade.


Figura 1: Página de abertura do SisMater


Histórico

O SISMater teve início no Hospital das Clínicas da UFMG em agosto de 2012, estando em constante aperfeiçoamento, melhorando a integração com os demais sistemas de informática do hospital e apurando a qualidade e relevância clínica dos dados inseridos, no sentido de abranger uma maior quantidade de demanda de informações. Em sua estrutura, além de um banco de dados robusto, atualmente com mais de 200 variáveis, contemplando informações epidemiológicas, administrativas e clínicas, o sistema possibilita a emissão de diversos tipos de relatórios e alertas (Gaspar, 2015). Ele também gera automaticamente a classificação das pacientes cadastradas dentro dos 10 grupos propostos por Robson (Aguiar et al., 2015).

A utilização da Classificação proposta por Robson em 2001 permite análise adequada das práticas em cada serviço e a construção de metas para assegurar assistência obstétrica segura, com índices aceitáveis de cesarianas. Umas das maiores vantagens em utilizar o sistema de classificação dos 10 grupos proposto por Robson é a simplicidade de sua implantação dentro de um serviço de assistência obstétrica. Cada mulher, no momento da internação para o parto, pode ser classificada com base em seus dados obstétricos.

Assim, o SISMater é capaz de apresentar indicadores de saúde implementados no sistema de forma automatizada, com o objetivo de se obter rapidamente resultados preliminares (Gaspar, 2015). Por meio da análise desse banco de dados, tem sido possível conhecer as características da população assistida pelo serviço, avaliar os resultados da assistência, identificar problemas, realizar estudos epidemiológicos, entre outros.

Discussão

A informatização dos registros clínicos hospitalares do nascimento é tema inovador para a obstetrícia e ao mesmo tempo promissor pela relevância de seu potencial em repercutir favoravelmente nos desafios assistenciais dessa área. No entanto, para viabilizar este tipo de abordagem é necessária a confluência de experiência clínico-obstétrica no seguimento de partos por um lado, especialmente os de alto risco onde as complicações são mais frequentes e por outro, um serviço experiente que se destaca na produção científica e tecnológica de sistemas de informação em saúde.

Os relatórios gerados com o protótipo para a maternidade mostraram-se úteis, pois além de descrever automaticamente e pela primeira vez os indicadores de resultados neste serviço de saúde, possibilitou o posicionamento desta instituição frente às metas pré-definidas, quer pelo hospital, quer pelo governo. Outro ganho relevante foi o questionamento das próprias metas. Ao se desconsiderar as características de um serviço universitário de referência, cujo perfil de internamento de gestações com elevado risco materno e neonatal encontra-se acima de 50%, foram propostas algumas metas inatingíveis. Os desafios assistenciais não são os mesmos das maternidades em geral, que atendem mulheres de baixo risco gestacional e, portanto, não comparáveis entre si, sob o mesmo alvo a ser atingido.

A visualização dos indicadores de saúde ao longo do tempo permitiu que especialistas e conhecedores da realidade da maternidade, apenas com a análise visual da evolução da taxa de cesarianas percepções importantes. Ente elas a constatação de que as mesmas eram frequentes entre gestantes com algum fator de risco associado. Discussões importantes se seguiram a divulgação dos primeiros relatórios e motivaram a busca um novo padrão de procedimento por parte dos profissionais da saúde.

A visualização em tempo real dos indicadores administrativos pelos gestores deste serviço de saúde, como o tempo de internamento, cria possibilidades antes não existentes de se adotar mais prontamente medidas com melhor potencial de resolutividade para desafios como: a ocupação dos leitos de alto risco em serviços públicos de referência.

Em se tratando de uma experiência de informatização de registos clínicos em saúde em uma maternidade pública terciária dentro de um hospital de ensino, o sistema pretende contribuir para o estabelecimento de novos padrões de referencia para os indicadores de desempenho, que sejam capazes de aferir com maior fidedignidade a qualidade da assistência prestada em serviços de saúde desta natureza. Para isto, ainda envolverá o estudo e a proposição de novos índices ajustados, quando necessários, uma pretendida adequação às particularidades específicas da medicina fetal e do atendimento das gestações de alto risco.

Conclusão

A apresentação dos indicadores de saúde em forma gráfica permitiu uma leitura simples e direta dos valores mais relevantes, sendo sem dúvida uma mais-valia no auxílio à gestão e ao controlo da eficiência das unidades de saúde. O SisMater, já na apresentação dos primeiros resultados, mostrou-se eficaz na construção de painéis com indicadores de qualidade materno-infantil e neonatal da maternidade.

Com o serviço, foi possível obter o conhecimento da realidade do atendimento materno e neonatal. A partir desse entendimento foi possível identificar algumas deficiências do serviço e traçar novas prioridades de ação, afim de, futuramente, alcançar melhores resultados na qualidade da assistência oferecida às parturientes e neonatos.

Por último, mas não menos importante, destaca-se que conhecer em detalhes a realidade da população estudada permitiu estabelecer novos indicadores ajustados, e assim, contestar/debater, quer a nível hospitalar, quer a nível governamental determinadas metas impossíveis de serem atendidas em unidades de atendimento às gestantes de alto risco.

Referências

•GASPAR, J. Desenvolvimento de um sistema de informação em saúde para o monitoramento da qualidade da assistência obstétrica e neonatal: SISMater indicadores. 2015. 202p (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Saúde da Mulher, Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
•GASPAR, J. et al. Maternal and Neonatal Healthcare Information System: Development of an Obstetric Electronic Health Record and Healthcare Indicators Dashboard, in Information Technology in Bio- and Medical Informatics, M. Bursa, S. Khuri, and M.E. Renda, Editors. Springer Berlin Heidelberg. p. 62-76, 2013.
•Brazil. Sistema de Informática do SUS, 2012.
•AGUIAR, R. A. L. P. Contribution to the analysis of Caesarean Section rates using Robson’s 10-group Classification, from the study of women with previous Caesarean Section, at a University Hospital. In: Euorpean Congress on Intrapartum Care – Making Birth Safer, 2nd, 2015, Porto (Portugal). Abstract Book. Porto, 2015.
•ANVISA. Conceitos básicos para a elaboração de indicadores. Capacitação no elenco norteador e indicadores do SINAVISA. 2008.