Informática Médica em Psiquiatria e Saúde Mental: diferenças entre revisões

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Desde o surgimento dos primeiros computadores os profissionais de saúde têm imaginado o dia em que os computadores iriam auxiliar o processo de diagnóstico médico. Na psiquiatria, a falta de um “padrão ouro” de validade diagnóstica tem levado à adoção de um sistema de classificação baseado mais no consenso e em convenção do que em determinantes biológicos e genéticos. Os mais utilizados são a Classificação Internacional de Doenças – CID (atualmente prestes a ter sua 11ª edição) e o Manual Diagnóstico e Estatístico para Transtornos Mentais – DSM (atualmente na sua 5ª edição). Tal paradigma, no entanto, não impediu o desenvolvimento de vários softwares e aplicativos na área que auxiliassem os clínicos a realizarem diagnóstico, avaliações psiquiátricas e treinamento. Com a popularização dos computadores portáteis (desde laptops até os mais modernos tablets e smartphones) e da internet em banda larga, tornou-se mais fácil desenvolver esses programas e assegurar que os mesmos se difundissem mais em todos os níveis da sociedade.
Desde o surgimento dos primeiros computadores os profissionais de saúde têm imaginado o dia em que os computadores iriam auxiliar o processo de diagnóstico médico. Na psiquiatria, a falta de um “padrão ouro” de validade diagnóstica tem levado à adoção de um sistema de classificação baseado mais no consenso e em convenção do que em determinantes biológicos e genéticos. Os mais utilizados são a [[International Classification of Diseases|Classificação Internacional de Doenças]] – CID (atualmente prestes a ter sua 11ª edição) e o Manual Diagnóstico e Estatístico para Transtornos Mentais – DSM (atualmente na sua 5ª edição). Tal paradigma, no entanto, não impediu o desenvolvimento de vários softwares e aplicativos na área que auxiliassem os clínicos a realizarem diagnóstico, avaliações psiquiátricas e treinamento. Com a popularização dos computadores portáteis (desde laptops até os mais modernos tablets e smartphones) e da internet em banda larga, tornou-se mais fácil desenvolver esses programas e assegurar que os mesmos se difundissem mais em todos os níveis da sociedade.
   
   


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O primeiro programa de computador utilizado para auxílio diagnóstico, que consistia num sistema de decisão lógica baseado em técnicas de entrevistas estruturadas, foi o DIAGNO, desenvolvido em 1968 por Spitzer e Endicott nos Estados Unidos. Logo depois surgem vários outros programas, como o CATEGO, utilizado no Estudo Piloto Internacional da Organização Mundial de Saúde sobre Esquizofrenia, e outros de menor expressão utilizando métodos estatísticos como a teoria bayesiana de probabilidades.
O primeiro programa de computador utilizado para auxílio diagnóstico, que consistia num sistema de decisão lógica baseado em técnicas de entrevistas estruturadas, foi o [[DIAGNO]], desenvolvido em 1968 por Spitzer e Endicott nos Estados Unidos. Logo depois surgem vários outros programas, como o [[CATEGO]], utilizado no Estudo Piloto Internacional da Organização Mundial de Saúde sobre Esquizofrenia, e outros de menor expressão utilizando métodos estatísticos como a teoria bayesiana de probabilidades.




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=== LIST-D10 ===  
=== LIST-D10 ===  
O Sistema de Multidiagnóstico LIST-D10 é um instrumental que integra os critérios de diagnóstico para as depressões incluídos em dez sistemas diferentes de classificação (p. ex: critérios do CID-10, de Newcastle, de Saint-Louis). O LIST-D10 é constituído exclusivamente, pelos sistemas nos quais as categorias são definidas pelo procedimento de critérios diagnósticos. Portanto, ele poderá ser completado ou estendido a qualquer novo sistema na condição de que este se baseie na utilização de critérios diagnósticos.  Possui a vantagem de ser facilmente utilizável e flexível: o usuário pode escolher um ou mais sistemas diagnósticos para avaliação do paciente. Ademais, permite modificações pelo usuário nos critérios diagnósticos, nas definições e de outros recursos do programa.
O Sistema de Multidiagnóstico LIST-D10 é um instrumental que integra os critérios de diagnóstico para as depressões incluídos em dez sistemas diferentes de classificação (p. ex: critérios do CID-10, de Newcastle, de Saint-Louis). O LIST-D10 é constituído exclusivamente, pelos sistemas nos quais as categorias são definidas pelo procedimento de critérios diagnósticos. Portanto, ele poderá ser completado ou estendido a qualquer novo sistema na condição de que este se baseie na utilização de critérios diagnósticos.  Possui a vantagem de ser facilmente utilizável e flexível: o usuário pode escolher um ou mais sistemas diagnósticos para avaliação do paciente. Ademais, permite modificações pelo usuário nos critérios diagnósticos, nas definições e de outros recursos do programa.


== Aplicativos para aparelhos móveis em psiquiatria e saúde mental ==  
== Aplicativos para aparelhos móveis em psiquiatria e saúde mental ==  

Revisão das 20h04min de 30 de dezembro de 2016

Introdução

Torna-se cada vez mais perceptível as modificações na forma como a Psiquiatria e Saúde Mental se relaciona com a sociedade atual na promoção de saúde. O desenvolvimento de tecnologias de informática e comunicação é um claro exemplo disto. Nos últimos dez anos o uso da informática em psiquiatria vem crescendo, graças à proliferação dos microcomputadores pessoais, criação de linguagens e ambientes de programação avançados e os progressos obtidos na área de inteligência artificial. Mais e mais recursos são disponibilizados, facilitando não só a vida dos profissionais da área (educação continuada, administração de consultórios e clínicas, pesquisas científicas) mas também dos que padecem de transtornos mentais.


Sistemas de auxilio ao diagnóstico psiquiátrico por computador

Desde o surgimento dos primeiros computadores os profissionais de saúde têm imaginado o dia em que os computadores iriam auxiliar o processo de diagnóstico médico. Na psiquiatria, a falta de um “padrão ouro” de validade diagnóstica tem levado à adoção de um sistema de classificação baseado mais no consenso e em convenção do que em determinantes biológicos e genéticos. Os mais utilizados são a Classificação Internacional de Doenças – CID (atualmente prestes a ter sua 11ª edição) e o Manual Diagnóstico e Estatístico para Transtornos Mentais – DSM (atualmente na sua 5ª edição). Tal paradigma, no entanto, não impediu o desenvolvimento de vários softwares e aplicativos na área que auxiliassem os clínicos a realizarem diagnóstico, avaliações psiquiátricas e treinamento. Com a popularização dos computadores portáteis (desde laptops até os mais modernos tablets e smartphones) e da internet em banda larga, tornou-se mais fácil desenvolver esses programas e assegurar que os mesmos se difundissem mais em todos os níveis da sociedade.


Estudos prévios em sistemas computadorizados de auxílio diagnóstico mostraram tanto vantagens quanto desvantagens do seu uso. Vantagens incluem maior agilidade no diagnóstico e melhora da performance do examinador que as utiliza. Contudo, verificou-se que esses sistemas podem ter dificuldades em resolver problemas dentro de um contexto global, levar a um superdiagnóstico de transtornos mentais e ainda ser deixado de lado pelos clínicos quando seus resultados divergem das hipóteses diagnósticas realizadas pela entrevista psiquiátrica formal.


O primeiro programa de computador utilizado para auxílio diagnóstico, que consistia num sistema de decisão lógica baseado em técnicas de entrevistas estruturadas, foi o DIAGNO, desenvolvido em 1968 por Spitzer e Endicott nos Estados Unidos. Logo depois surgem vários outros programas, como o CATEGO, utilizado no Estudo Piloto Internacional da Organização Mundial de Saúde sobre Esquizofrenia, e outros de menor expressão utilizando métodos estatísticos como a teoria bayesiana de probabilidades.


A seguir, destacaremos dois sistemas de auxílio diagnóstico por computador: CB-SCID 1 e LIST-D10:

CB-SCID1

É um sistema baseado no Structured Clinical Interview for DSM-IV axis 1 Disorders (SCID1), por sua vez um instrumento de entrevista estruturada, preenchido por lápis ou caneta, que facilita o diagnóstico para transtornos mentais do eixo 1. Ele resume a soma dos critérios apontados para cada transtorno mental segundo o DSM-IV, apresenta os diagnósticos que foram realizados e ainda executa algum controle de conflito entre diagnósticos diferencia. Em seu funcionamento, o sistema do CB-SCID1 orienta o usuário através das diversas ramificações na árvore de decisão diagnóstica, com base nos "sim", "não" ou respostas "pouco claras" sobre cada critério. Força-se o usuário a passar por todas as principais síndromes clínicas, mas é sempre possível a mudança para o próximo ramo na árvore de decisão, respondendo a nenhum. Quando o número de critérios cumpridas atinge um certo nível, o programa sugere automaticamente o diagnóstico DSM-IV correspondente.

LIST-D10

O Sistema de Multidiagnóstico LIST-D10 é um instrumental que integra os critérios de diagnóstico para as depressões incluídos em dez sistemas diferentes de classificação (p. ex: critérios do CID-10, de Newcastle, de Saint-Louis). O LIST-D10 é constituído exclusivamente, pelos sistemas nos quais as categorias são definidas pelo procedimento de critérios diagnósticos. Portanto, ele poderá ser completado ou estendido a qualquer novo sistema na condição de que este se baseie na utilização de critérios diagnósticos. Possui a vantagem de ser facilmente utilizável e flexível: o usuário pode escolher um ou mais sistemas diagnósticos para avaliação do paciente. Ademais, permite modificações pelo usuário nos critérios diagnósticos, nas definições e de outros recursos do programa.

Aplicativos para aparelhos móveis em psiquiatria e saúde mental

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Aplicativos em tecnologias móveis como smartphones e tablets tem sido usados pelos clínicos como ferramentas para auxiliar no tratamento de seus pacientes, principalmente para transtornos mais prevalentes como depressão ou transtornos de ansiedade. Eles podem ser de enorme auxílio para aqueles que fazem uso frequente desta tecnologia, como adolescentes e adultos jovens, e são capazes de engajar quem é mais resistente ou incapaz de frequentar consultas ou psicoterapias ao vivo. Além de melhorar a comunicação entre profissional e paciente, podem fortalecer a autoeficácia do paciente no período entre as consultas médicas ou sessões de terapia.


Trata-se de uma tecnologia em constante crescimento em todo o mundo. Em uma pesquisa feita pela OMS em 2015, foram identificados por volta de 15000 aplicativos de smartphones relacionados a saúde ou doenças específicas, sendo um terço delas relacionadas a saúde mental. Apesar do crescimento, ainda estão sendo criadas as evidências que suportam o uso destes aplicativos, muitas delas limitadas a estudos pilotos ou ensaios randomizados pequenos. E muito deles ainda nem foram testados. Além disso, como tudo que seja usado como tratamento de alguma condição mórbida, há eventos adversos que, no caso destes aplicativos, ainda são desconhecidos, por mais bem-intencionados que sejam.


Segue-se, abaixo, três exemplos de aplicativos para aparelhos móveis em psiquiatria e saúde mental:

Code Blue

Foi desenvolvido para auxiliar adolescentes que sofrem de depressão ou bullying quando eles mais necessitarem. Usuários podem escolher contatos que irão compor um grupo de suporte que, quando necessário, serão requisitados e poderão se contactar com o usuário por mensagens de texto ou ligações. O aplicativo também compartilha a localização do usuário com os membros do grupo do suporte, e os membros podem indicar quando estarão a caminho do usuário.

Breathe2Relax

É um aplicativo desenvolvido para manejo de estresse. Ele guia os usuários por exercícios de respiração que ajuda a reduzir estresse, estabilizar humor, controlar raiva e manejar ansiedade. Podem ser usados por conta própria ou em combinação com outras técnicas aprendidas em terapias.

Optimism

Consiste em um conjunto de subaplicativos com foco no auto-rastreio de padrões de humor, visando identificar precocemente gatilhos que levem a piora na sua saúde mental global, ou mesmo durante o tratamento de transtornos mentais como depressão, transtorno afetivo bipolar, ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático. Usuários podem criar um plano de bem-estar individual com seus mecanismos de coping, que pode ser atualizado a medida que se aprofundam na compreensão do que interfere em seu transtorno mental.


“POINT-OF-CARE”: Ambientes virtuais de educação em psiquiatria e saúde mental

Recentemente, a busca e recuperação por informações na internet mudou consideravelmente com o uso de filtros sofisticados de pesquisa e ferramentas disponíveis a beira do leito com informações baseadas em evidência, que tornam a pesquisa mais rápida por informações mais acuradas na hora que elas mais forem necessárias. Estas ferramentas conhecidas como “point-of-care” são eficientes veículos para educação continuada, especialmente numa era como a nossa de saturação de informação e medicina baseada em evidências, e menor disponibilidade pessoal de tempo em buscar bibliotecas.


Na área de Psiquiatria, a Universidade de Manitoba, no Canadá, desenvolveu um ambiente virtual intitulado Psychiatry Toolkit. Nele, são disponibilizadas gratuitamente um compilado de ferramentas e informações que podem ser usadas e acessadas quando convier. Algumas delas são: site do PubMed , UpToDate , jornais eletrônicos na área, informação sobre medicações, guidelines, base de dados da Cochrane, site Psychiatry Online, escalas de avaliação e LexiComp Online. O Psychiatry Toolkit foi avaliado entre psiquiatras e residentes de psiquiatria em um estudo científico. Constatou-se que recursos eletrônicos e colegas foram as fontes preferidas de obter informação, e que algumas barreiras importantes para o uso deste ambiente virtual seria o tempo e habilidades de pesquisa. No geral, este recurso foi benéfico ao ajudar psiquiatras e residentes em buscar respostas para questões clínicas que surgem na prática médica, atendendo, portanto, às necessidades educacionais de seus usuários.


Bibliografia

  • Bergman LG, Fors UG. Decision support in psychiatry – a comparison between the diagnostic outcomes using a computerized decision support system versus manual diagnosis. BMC Medical Informatics and Decision Making. 2008;8:9. doi:10.1186/1472-6947-8-9.
  • Adeponle A, Skakum K, Cooke C, Fleisher W. The University of Manitoba Psychiatry Toolkit: Development and Evaluation. Acad Psychiatry. 2016 Aug;40(4):608-11.