Telemedicina

Fonte: aprendis
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Telemedicina
Sigla
Aplicações Tecnologias na Saúde
Conceitos relacionados Sistema de Informação em Saúde, e-health, m-health, e-saúde


A Telemedicina é a utilização das telecomunicações e tecnologias da informação com o objetivo de auxiliar nos cuidados de saúde quando a distância separa o paciente do profissional de saúde [1].


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Definição

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define Telemedicina como “The delivery of health care services, where distance is a critical factor, by all health care professionals using information and communication technologies for the exchange of valid information for diagnosis, treatment and prevention of disease and injuries, research and evaluation, and for the continuing education of health care providers, all in the interests of advancing the health of individuals and their communities” [2].

História

Há quem considere que a Telemedicina começou com a inauguração dos serviços telegráficos nos Estados Unidos da América ( EUA ) entre Washington e Baltimore em “”1844”” [3].

Mas apenas nos “” anos 70”", Thomas Bird, uniformizou o termo pelo que hoje é conhecido o ato médico à distancia “Telemedicina[4] name="Janerose2014"> N. Janerose, R. Decoster, and C. Technologies, “CO-INNOVATION : THE FUTURE OF TELEMEDICINE IN,” 2014.</ref>.

Muitos outros marcos importantes para a historia da telemedicina estão descritos na tabela 1 adaptada [5].

1906 Wilhelm Einthoven, iniciou experiências de consulta remota através da rede telefónica, descreve como realizar a transmissão por telefone de electrocardiogramas (ECG).
1910 Primeiro estetoscópio eléctrico a funcionar por telefone. Inglaterra.
1916 Durante a primeira mundial o rádio foi utilizado para permitir a comunicação entre médicos.
1920 Eram dados conselhos médicos aos barcos de comércio Suecos. Hospital Universitário de Sahlgrenska, Suécia (Gotemburgo).
1935 A CIRM (International Radio Medical Center) inicia as suas actividades. Itália.
1968 Neurofisiologia; EEG, ECG. Hospital Universitário de Uppsala, Suécia (Gävle).

Criação do SAMU (Service d´Aide Medical d´Urgence) e do SAMUR (Service Mobile d´Urgence et Reanimation), em 1970 o número de centros regionais ligados já eram 15. França.

1969 Teleradiologia usando televisão. Finlândia (Helsínquia).
1970’s A Fundação Marconi e a universidade de Bolonha começaram a transmissão por telefone de ECG. Itália.
1976 O CSELT (Centro degli Studi e Laboratori di Telecomunicazioni) iniciou a pesquisa para o desenvolvimento das Telecomunicações num quadro de emergência médica. Itália.
1984 Vigilância doméstica para pessoas idosas e incapacitados. Espanha (Pais Basco). Diabetes (DIACRONO). Espanha (Madrid).
1985 Teleconsultas de Oncologia, Rede europeia MULTIMED, (EC-RACE), Espanha, Reino Unido, França.
1986 Iniciou-se em Hannover a comunicação com as instituições circundantes através de videoconferência (Projecto MEDKOM), Alemanha.
1988 Radiologia: transmissão digital de imagem. Suécia. Iniciou-se um projecto de Teleradiologia em Berlim. Alemanha.
1987 Teleconsultas de Oncologia, Ortopedia e Teleradiologia, Projecto TELCOS. Itália.
1989 Fundou-se o Instituto Europeu de Telemedicina em Toulouse, que esteve envolvido em importantes projectos de telemedicina quer a nível europeu quer a nível mundial, como o GETS (Global Emergency Telemedicine Service). França.
1990 O Projecto REVISA, nas ilhas Canárias (1.5 milhões de habitantes). Permitiu que todas as 7 ilhas e os principais hospitais estivessem providos de tecnologia de telemedicina, nomeadamente ligações vídeo-telefone de alta resolução e câmaras de vídeo para a captura das consultas. Espanha.
1992 Iniciou-se um projecto no Royal Victoria em Belfast que consistia na prestação de cuidados a feridos pouco graves através de uma linha do ISDN 128 Kb/s. Reino-Unido.
1993 O Hospital Universitário de Lille e 20 Hospitais da zona de Bordéus iniciaram o uso da videoconferência. França. Criou-se o primeiro instituto Académico de Telemedicina na Queen’s University. Reino Unido.
1994 Uma colaboração entre vários hospitais do Reino Unido permitiu a realização de uma ecografia remotamente utilizando uma ligação ISDN30 de 2 Mb/s. Projecto baseado no “Super-Janet”[1], ISURRECT destinado ao ensino da cirurgia, conecta 6 escolas médicas permitindo-lhes o visionamento de operações, Reino Unido. Como parte do projecto FEST dois Hospitais Catalães ligaram-se entre si com uma ligação de 128 Kb/s (ISDN2). Espanha
1995 O laboratório de Telerobótica do Politécnico de Milão juntamente com Laboratório JPL da NASA em Pasadena, na Califórnia permitiram que se realiza-se a primeira biopsia à prostata realizada pela Telecirúrgia. Itália. Um Laboratório médico grego criou uma rede de Telecardiologia (TALOS). Grécia
1996 Em Janeiro inicia-se o Projecto HERMES, o objectivo do projecto era criar um sistema europeu que permitisse aos médicos obter informações e acesso a especialistas depressa e eficientemente, coordenado pela Universidade de Edimburgo, em associação com médicos, técnicos e empresários da Alemanha, Bélgica, Portugal, Grécia e restante Reino Unido. Vídeo interactivo para Telediagnósticos. Noruega. A Agência Especial Europeia (ESA) providenciou ligações via satélite para permitir comunicações entre hospitais italianos e hospitais de campo em Sarajevo na Bósnia, permitindo teleconsultas, quem em videoconferência quer através do envio de dados para posterior diagnóstico. Rede rural de Telecardiologia, Estremadura. Espanha. Grupo de Telemedicina de Aberdeen (Teledermatologia e Telecardiologia). Reino Unido. No dia 1 de Agosto a Noruega torna-se no primeiro país a pagar a prestação de serviços através da telemedicina.
1997 O governo português aprovou a lei que prevê o pagamento da prestação de serviços através da telemedicina. Cirurgião na Bélgica faz uma endoscopia a um paciente na Holanda. O Imperial College School of Medicine no Reino Unido começa-se a dar formação sobre as várias vertentes da Telemedicina aos seus estudantes. Entre 30 de Junho e 4 de Julho realizou-se em Cascais o Primeiro Simpósio Mundial sobre Telemedicina para Países em Desenvolvimento.
1998 É lançado o primeiro centro de diagnóstico e aconselhamento médico por telefone no Reino Unido. Funcionava 24 horas por dia, e permitia entre outras coisas, pessoas com suspeita de problemas cardíacos enviar um ECG por telefone para posterior avaliação por especialistas. A “Lifesign” distribui electrocardiografos do tamanho de um cartão de crédito a pacientes com sintomas tais como palpitações ou falta de ar. Em caso de problema era possível transmitir os dados do electrocardiografo através do telefone.
1999 A rede de telemedicina em Portugal englobava Leiria, Covilhã, Guarda e Coimbra.
2001 Realizou-se a 5 de Fevereiro a primeira teleconsulta em Portugal, entre o Centro de Saúde de Mortágua e o Hospital de Viseu. Iniciou-se o projecto DELTASS (Disaster Emergency Logistic Telemedicine Advanced Satellite System) que é um sistema baseado em comunicações via satélite para maximizar os recursos e a eficiência dos primeiros socorros e das operações de emergência em caso de situações de catástrofe como tremores de terra ou explosões, situações em que as instalações em que as instalações terrestres fiquem destruídas ou danificadas. A 7 de Setembro realizou-se a primeira intervenção cirúrgica transatlântica. Em Estrasburgo, França, uma paciente de 68 anos foi operada por um cirurgião que se encontrava em Nova Iorque, Estados Unidos.
2002 A rede de telemedicina em Portugal além das cidades referidas anteriormente passa a englobar igualmente Castelo Branco, Évora, Beja, Portalegre, arredores de Coimbra e Vila da Feira
2004 Actualmente decorrem sessões regulares em 10 conselhos num total de 35 unidades a funcionar em diversas especialidades, nomeadamente Gastrenterologia, Ortopedia, Neurologia, Endocrinologia, Psiquiatria, Pneumologia, Cirurgia Geral, Dermatologia, Cardiologia Pediátrica, Cardiologia e Diabetes Na região Centro existem sete hospitais e 23 centros de saúde ligados entre si. O Ministro da Saúde garantiu ainda que durante 2004 este número chegará aos 36 centros, sendo o principal objectivo cobrir todo o País já em 2005. O ano de 2005 será também marcado pela abertura de um “call center” nacional que terá como principal objectivo concentrar informação, fazer a triagem e encaminhar os doentes para as diferentes estruturas de saúde.


Uso da telemedicina

O uso da telemedicina tem crescido exponencialmente. Nas Ultimas decadas temos assistido a um crescente investimento a nivel da telemedicina em equipamentos preparados para serem auxilio em zonas de guerra [6], catastrofes naturais [7], e até em investigações espaciais, [8]. Também tem existido foco especial em dotar zonas remotas e desfavorecidas geográfica e economicamente de tecnologias que auxiliem o uso da telemedicina nesses territórios. [9]. O Uso da telemedina tem também ganho foco a nível educacional tendo provado ser uma mais valia tanto a nível de resultados, para os estudantes como também a nível económico para as instituições. A tabela 2 mostra algumas das aplicações e âmbito da telemedicina.

Serviços em telemedicina
Clínico Educacional Administrativo
Tele-Consulta Tele-Educação Registos electrónicos
Tele-Reabilitação Investigação Registos inter-instituições
Tele-Radiologia Sensibilização da comunidade
Tele-Ecografia Hospital Virtual


Vantagens e Desvantagens

“”Vantagens””

  • O ”Doente” passa a ter acesso a especialidade que antes poderia não ter e com isto o factor geográfico e de isolamento é suavizado. O “”doente”” passa também a poder ser acesso a informações e cuidados 24horas por dia, independente mente do local onde se encontre. E passa também a poder consultar varias opiniões num curto espeço de tempo.
  • Para o “Clínico” o acesso à informação torna-se mais rápida e eficaz ,podendo assim facilitar o diagnóstico. Dando um melhor acesso à informação do paciente 24horas por dia, faz com que o clínico não tenha de fazer grandes distancias, aproveitando assim melhor o tempo, podendo realizar assim mais atos médicos.
* As “Instituições” passam a ter uma maior capacidade de servir os pacientes, tendo mais serviços disponíveis o que irá aumentar a confiança dos pacientes na instituição. O custo-benefício ao longo do tempo torna-se positivo uma vez que para especialidades menos facultadas o uso da telemedicina é uma boa ferramenta de racionalizar os recursos humanos. Existe também a evidencia de uma maior articulação de recursos humanos entre as varias instituições, bem como o uso de tecnologia móvel que é uma mais valia para a gestão de recursos financeiros das instituições. 


“”Desvantagens””

  • A nível “” Social”” é notória a dificuldade de implementar mudanças de comportamento a nível da comunidade e de algumas organizações. O que promove a que a telemedicina esteja a demorar mais do que desejado a ingressar no dia a dia dos cuidados de saúde. O preconceito tecnológico é uma realidade.
  • Outra questão é o facto de em termos “” Ético-Legais”” a telemedicina não estar totalmente definida, e existirem lacunas no que à definição de responsabilidades clínicas diz respeito. Existe também a realidade de o não contacto humano ( físico ) paciente/clínico, poder tornar esta relação pouco confiável o que pode desenvolver problemas éticos.
  • “Segurança”. Garantir a privacidade e confidencialidade do paciente pode assim tornar-se mais complicada. Garantir também a identificação e validação da autenticidade da informação trocada é também um problema a ter em conta quanto a segurança de informações trocadas em telemedicina.
  • Em termos “Económicos” ainda existe pouca resiliência à telemedicina por parte de algumas instituições pois o investimento inicial é elevado, embora esteja provado que a longo prazo os benefícios são acrescidos.

Referências

  1. ELFORD, R., Telemedicine: A Guide to Assessing Telecommunications in Health Care. Telemedicine Journal, 1997. 3(4): p. 297-298.
  2. World Health Organization, “A Health Telematics Policy,” Report of the WHO Group Consultation on Health Telematics. 1998
  3. Zundel, K.M., Telemedicine: history, applications, and impact on librarianship. Bull Med Libr Assoc, 1996. 84(1): p. 71-9.
  4. E. M. Strehle and N. Shabde, One hundred years of telemedicine: does this new technology have a place in paediatrics?, vol. 91. 2006.
  5. <ref http://www.img.lx.it.pt/~mpq/st04/ano2002_03/trabalhos_pesquisa/T_22/tabela.htm .
  6. Kyriacou, E., et al., Multi-purpose HealthCare Telemedicine Systems with mobile communication link support. Biomedical engineering online, 2003. 2(7): p. 1-12.
  7. Simmons, S., et al., Applying telehealth in natural and anthropogenic disasters. Telemedicine and e-Health, 2008. 14(9): p. 968-971.
  8. Nicogossian, A. E., Pober, D. F., & Roy, S. A. (2001). Evolution of telemedicine in the space program and earth applications. Telemedicine Journal and E-Health : The Official Journal of the American Telemedicine Association, 7(1), 1–15
  9. Wootton, R. (2001). successful implementation will require a shared approach, 7(Suppl 1), 1–6