Utilizador:PaolaUFMG2016

Fonte: aprendis
Saltar para a navegaçãoSaltar para a pesquisa

ICTERÍCIA NEONATAL

Icterícia.jpg

A icterícia neonatal é caracterizada pela percepção clínica da bilirrubina, pigmento proveniente da fragmentação dos glóbulos vermelhos.Este processo ocorre no fígado e é eliminado nas fezes.

A hiperbilirrubinemia no recém-nascido surge quando o nível sérico de bilirrubina está alto, ultrapassando 5 a 7 mg%, e o fígado não foi capaz de metabolizá-la.

Icterícia Fisiológica

É caracterizado pelo aparecimento tardio, após 24 horas de vida, com predomínio absoluto dos níveis de bilirrubina indireta e aumento do nível sérico de bilirrubina <5 mg/dl por dia, acontecendo seu pico entre o 3 e 5 dias de vida.

Icterícia própria do pré-termo

Normalmente aparece no final do primeiro dia de vida, evoluindo progressivamente os níveis de bilirrubina até o 5 e 7 dias de vida, e pode alcançar níveis de até 15 mg%, com permanência até a 2ª semana de vida, e podendo se prolongar até um mês de vida.

Icterícias hemolíticas

A icterícia hemolítica acontece precocemente, com aparecimento nas primeiras 24 horas de vida. Está associada a incompatibilidade sanguínea materno/fetal e processos infecciosos ou a fatores genéticos (deficiência de glicose 6 fosfato desidrogenase, esferocitose e deficiência de piruvato quinase).

Kernicterus

A bilirrubina é tóxica para o sistema nervoso, e os altos níveis séricos desta substância pode levar a sérias disfunções neurológicas, que vai de uma encefalopatia transitória até a instalação do Kernicterus, doença caracterizada por necrose dos núcleos do tronco encefálico.

Clinicamente o Kernicterus se manifesta por alterações sensoriais e do tônus muscular, como hipo ou hipertonia, sucção débil, alterações visuais e da audição, choro de tonalidade alterada e movimentos atetóticos.

Kernicterusa.jpg

O método padrão para determinar a hiperbilirrubinemia em neonatos internados nas Unidades Neonatais continua sendo a medida da bilirrubina sérica por meio da coleta de sangue, procedimento invasivo e doloroso, que traz inúmeros malefícios ao desenvolvimento do recém-nascido, além do risco de infecção associada a técnica utilizada e a lesão da pele neonatal que abre portas para entrada de bactérias.

Após a coleta do sangue o material é encaminhado ao laboratório para análise. É preciso uma amostra e tempo razoável para que fique pronto e o tratamento iniciado.

Sangue.jpg

BILIRRUBINÔMETRO

Bilirrubinometro1.jpg

É um dispositivo de doseamento da bilirrubina transcutânea, capaz de estimar de maneira confiável os níveis de bilirrubina sérica sem a necessidade de da utilização de procedimentos invasivos, que é utilizado na prática clínica para reduzir a coleta de sangue.

A bilirrubinometria transcutânea tem sido citado em inúmeros estudos científicos como um bom método de rastreio significativo para detectar a icterícia, reduzindo os custos, o tempo para o resultado e o início do tratamento.

O sistema desenvolvido por Yamnouchi em 1980, que fazia uso de uma lâmpada Xenon, dois feixes óticos e espelhos dicróicos para filtrar os espectros necessários para a análise da concentração da bilirrubina, serviu como base para a construção de futuros aparelhos.

Ao emitir um feixe de luz na em direção à pele, o equipamento capta novamente sua reflexão, permitindo a absorção da luz pela bilirrubina que é avaliada após devidamente depurada a porção afetada pela quantidade de colágeno, melanina e hemoglobina.

Tem como desvantagem o fato de não medir efetivamente o nível de bilirrubina circulante.

É indicado para o uso em neonatos nascido com mais de 35 semanas de gestação e que não passaram por transfusão nem tratamento fototerápico.

Fototerapia-1.jpg

Funcionamento

Imagem 1.png

O medidor da icterícia determina a cor amarela do tecido subcutâneo do neonato ao medir a diferença nas densidades ópticas da luz nas regiões de comprimento de onda azul (450nm) e verde (550nm).

Para se detectar os níveis de bilirrubina de uma pessoa de forma não invasiva faz-se uso do princípio de refletância ótica, método que se baseia nas propriedades de absorção específica de cada substância.

A sonda de medição possui dois caminhos ópticos, permitindo uma medição mais precisa da amarelidão no tecido subcutâneo, evitando as influências do pigmento de melanina e da maturidade da pele.

Quando a sonda de medição é pressionada contra o esterno ou a testa da criança, a lâmpada de xenônio integrada pisca, e a luz da lâmpada de xenônio passa pela fibra de vidro e ilumina a pele, fazendo com que essa luz se propague e seja absorvida na pele e no tecido subcutâneo repetidamente, até finalmente retornar ao lado do sensor da fibra de vidro.

Da luz que retorna, a parte propagada das áreas superficiais do tecido subcutâneo passa pelo núcleo interno, ou caminho óptico curto, da fibra, passando pelo núcleo externo a parte propagada das áreas profundas do tecido subcutâneo, ou caminho óptico longo, que alcança seu fotodíodo correspondente.

Ao calcular a diferença nas densidades ópticas, as partes comuns à epiderme e à derme são deduzidas, resultando diferença nas densidades ópticas que mostra uma correlação linear com a concentração de bilirrubina sérica total que será convertida na concentração de bilirrubina estimada, indicada digitalmente.


Espectrofotometria

Quando uma amostra é estimulada pela aplicação de uma fonte de radiação eletromagnética externa, muitos processos são possíveis de ocorrer. Uma parte da radiação incidente pode ser absorvida e então tem-se a espectroscopia de absorção. Neste mede-se a quantidade de luz absorvida em função do comprimento de onda.

Pode-se ter ainda, com a radiação refletida, a espectroscopia de fotoluminescência na qual a emissão de fótons é medida após a absorção (SKOOG, 2007). Cada espécie molecular é capaz de absorver suas próprias freqüências características da radiação eletromagnética. Esse processo transfere energia para a molécula e resulta em um decréscimo da intensidade da radiação eletromagnética incidente (VOGEL, 2002).

Imagem 2.jpg

No caso da icterícia neonatal utiliza-se a faixa de absorção específica da bilirrubina, que é de 460nm, e da hemoglobina, que é de 460nm e 550nm. A utilização da faixa da hemoglobina tem como objetivo eliminar a influência da mesma nas medições já que esta absorve também na faixa da bilirrubina (460nm) Como esta absorve igualmente em 460nm e 550nm, caso as suas absorbâncias sejam subtraídas nesse comprimento de onda, o valor resultante tende a zero. Por outro lado, em 460nm, tem-se um pico de absorção da bilirrubina que é de interesse no diagnóstico da icterícia.

O software do dispositivo do medidor de icterícia utiliza um coeficiente de correlação para converter a diferença nas medições dos dois caminhos ópticos em uma concentração de bilirrubina estimada. A fórmula de cálculo utilizada inclui os coeficientes de correlação , responsáveis por determinar os testes pré clínicos.

REFERÊNCIAS

DRÄGER MEDICAL modelo JM-103. Instruções de utilizaçãon Medidor de Icterícia Dräger. A Dräger and Siemens Company.

GOULARTE, Camille Silveira. Analisador não invasivo de icterícia neonatal utilizando led laser. Universidade Positivo/Núcleo de Ciências exatas e tecnológicas. Curitiba. 2008.

LEITE, Maria das Graças da Cunha et al. Comparação entre a dosagem transcutânea e plasmática de bilirrubina. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro. 2007; 83(3):283-6.

NAGAR, Gaurav et al. Confiabilidade dos dispositivos de bilirrubina transcutânea (bilirrubinômetros) em recém-nascidos pré-termos: uma revisão sistemática.Pediatrics. 2013 (nov); 132:871-881.

OLIVEIRA, Sara Freitas et al. Bilirrubinómetro transcutâneo: experiência de uma unidade de cuidados perinatais. Acta Pediátrica Portuguesa. 2013:44(3):113-6.

SEGRE, Conceição A.M.; BASTOS, Fernando; RIELLI, Sílvia. Avaliação da hiperbilirrubinemia neonatal por meio de um analisador não invasivo. Grupo Editorial MOREIRA JR.

REGO, Maria Albertina Santiago; ANCHIETA, Lêni Márcia. Assistência Hospitalar ao Neonato. Secretaria de Estado de Saúde. Belo Horizonte, 2005. 294p.



Currículo

Paola 2.jpg

Enfermeira pós graduada em Enfermagem em Terapia Intensiva Neonatal e Pediátrica.

Enfermeira na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital Sofia Fedman.

Aluna de pós graduação/Mestrado UFMG 2016 da Disciplina "Informática Médica".