SONHO
SONHO | |
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Sigla | |
Designação | Sistema Integrado de Informação Hospitalar |
Data de Lançamento | 1994 |
Entidade Criadora | INESC, SIS |
Entidade Gestora | IGIF/ACSS |
Versão Atual | |
Requisitos Técnicos | |
Tipo de Licenciamento | |
Arquitetura | |
Sistema Operativo | |
Especialidade Médica | |
Utilizadores Principais | |
Função | Administração Hospitalar |
Introdução
O SONHO, acrónimo de Sistema Integrado de Informação Hospitalar, é um sistema existente em 90% das instituições do SNS em Portugal. As suas principais funcionalidades incluem o registo de doentes , e o procedimento efectuado pelo mesmo em códigos CID (Classificação internacional de doenças) e o registo de saída do mesmo com transformação em GDH (Grupos de diagnóstico homogéneos) para contabilização financeira da receita durante a sua passagem no hospital. [1]
História
O SONHO foi criado em 1988 pelo IGIF - Instituto de Gestão Informática e Financeira da Saúde, que na altura estava sob a alçada da Administração Central do Sistemas de Saúde, I.P. (ACSS). Foi desenvolvido em parceria pelo INESC (Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores) e pelo SIS (Serviço de Informática em Saúde) e está presente em 90% dos hospitais e instituições de Cuidados de Saúde Primários do Serviço Nacional de Saúde (SNS) português. O SONHO surgiu na sequência de um sistema de informação anterior denominado Sistema Mínimo de Informação Médico-Administrativa no Internamento (SMIMAI)[2] um sistema inovador na altura da sua concepção, que foi rapidamente difundido a nível nacional. A instalação do SONHO foi iniciada em 1995 de forma gratuita, mas não de forma uniforme em todos os hospitais. Pretendia-se com este sistema gerir os dados administrativos dos doentes para melhorar a qualidade da assistência aos mesmos, através de um sistema que fosse comum a todos as unidades hospitalares. A possibilidade de um acesso relativamente rápido ao historial anterior do doente era também um dos objetivos, no sentido de melhorar a qualidade da assistência aos mesmos. Do ponto de vista admnistrativo, pretendia-se melhorar a gestão administrativa e financeira dos hospitais e aumentar a produtividade do pessoal interveniente em todo o processo. [3] Analogamente, no caso das unidades/centros de saúde é utilizado o sistema SINUS (Sistema de Informação para Unidades de Saúde). O motto do SONHO é “um doente, um número de identificação”, em que o seu principal objectivo é controlar o fluxo de doentes dentro de um hospital.
Descrição
É designado como sendo um sistema ADT (Admission, Discharge, Transfer, em português: Admissão, Alta, Transferência) que ajuda no trabalho administrativo hospitalar em Portugal. Funciona como base para os outros sistemas de saúde, ou seja, é um sistema CORE, dentro do hospital pois possui informação sobre pacientes, tais como número de utente, nome, idade, contacto, historial clínico, entre outros e faz com que os problemas com casos de duplicação de doentes sejam nulos. Em cada instituição de saúde com este software, existe um responsável pelo mesmo. [4] O modo de recolha destes dados é feito quando o paciente necessita de um acto médico (que pode ser, por exemplo um consulta externa, urgência ou exame complementar) e acede aos postos de atendimento ao doente existentes nos hospitais.
No SONHO os pacientes são identificados pelo número de processo (não existente para todos os doentes) e por um número sequencial (número de consulta):
Input e output de dados | Descrição |
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N.º Processo | Nº atribuido ao paciente na entrada do SONHO |
ID Paciente | ID Paciente = 1(ID da instalação) + 7 caracteres sequenciais numéricos do SONHO |
Após a inserção dos dados do doente, é através do SONHO que são impressas as etiquetas de admissão. (FOTO ETIQUETA ADMISSÃO SONHO)
(BPM GRÁFICO WORKFLOW) Documentação de entrada -> SONHO -> Documentação de saída -> Contabilização da receita do doente após a sua passagem pelo serviço hospitalar
Com os dados obtidos pelo SONHO foram desenvolvidas mais duas aplicações em ambiente web, uma para o médico (SAM) e outra para o enfermeiro (SAPE) para ajuda no apoio à decisão.
Uma das principais razões para a criação do SONHO deve-se principalmente à necessidade de organização dos departamentos administrativos dos hospitais, pois existir uma enorme desorganização relativamente à facturação não eficiente às entidades pagadoras.
Arquitectura de aplicações
Em cada unidade hospitalar existe um sistema autónomo do SONHO que possui a sua própria base de dados. Para ser possível aceder ao mesmo, é necessário o uso de um emulador para ambiente Windows, denominado Reflexion. É possível no sistema serem definidos vários perfis dependendo do tipo de utilizador: perfis de utilização do sistema e perfis de administração do sistema. Tecnicamente, o SONHO possui uma arquitectura descentralizada, pois tem uma base de dados centralizada de apontadores que refere os vários episódios clínicos de cada utente.
Objectivos
Os principais objectivos do SONHO são:
- Identificação única de cada paciente/cliente;
- Gestão dos dados administrativos dos pacientes de modo a melhorar a qualidade de assistência com um sistema comum a todos os hospitais;
- Acesso rápido ao historial do doente;
- Correcção rápida de dados previamente introduzidos no sistema;
- Distribuição e processamento de dados que possam ser usados por outros módulos;
- Registo e gestão administrativa e financeira dos hospitais de modo a aumentar a produtividade da equipa interveniente no processo (relação entre códigos CID e GDH).
Módulos
Existem oito módulos diferentes no SONHO, sendo estes o módulo identificador, urgência, internamento, consulta externa, bloco operatório, hospital de dia, arquivo/estatística e facturação. [1]
Descrição do sistema
Módulo identificação
Neste módulo é feita a Identificação do cliente através da inserção de dados tais como nome, sexo, data de nascimento, número de telemóvel, entre outros, como se pode verificar na figura 2. É também possível fazer a actualização destes dados e introduzir um cliente novo no sistema.
Módulo urgência
Módulo internamentos
No módulo de internamento é feita a gestão de internamentos no hospital, incluindo modificações que se possam ser necessárias. Existem três elementos durante este movimento hospitalar: (1)
- Lista de espera - gestão de doentes onde está definida a prioridade de internamento;
- Clientes internados - lista de doentes internados na unidade hospitalar;
- Consulta de resultados hospitalar - nesta opção é possível verificar camas livres ou ocupadas, estatísticas de lotação, altas e internamentos efectuados, dados clínicos, entre outros. É possível também pesquisar quais as intervenções cirúrgicas que ocorreram durante o internamento.
Módulo hospital de dia
Este módulo tem como função fazer a gestão de camas, saber quais os motivos das anulações de sessões, obter protocolos, etc.
Módulo arquivo/estatística
Neste módulo o utilizador do sistema faz a requisição do processo do doente. (1) É possível verificar tabelas de grupos etários, fazer o agrupamento de exames, verificar mapas estatísticos e gestão de acessos a mapas por perfil.
Módulo consulta
É feito aqui a gestão de tabelas por área de consulta, é possível saber as demoras médias por médico e especialidade, fazer a gestão do calendário e grupos de consulta, obter a definição de outras entidades que fazem os pedidos de consulta, saber quais os motivos da anulação de consultas, entre outros.
Módulo bloco operatório
Com este módulo obtêm-se informação sobre a gestão de blocos operatórios e salas, quais os motivos de cancelamento de cirurgias, fazer agendamentos das mesmas, verificar inscrições na lista de espera para cirurgia, saber tipos e grupos de anestesia e respectivos riscos, saber também quais os tipos de cirurgia, os fármacos por anestesia e fazer a programação de novas cirurgias.
Módulo facturação
É possível ao utilizador verificar a facturação de todo o episódio hospitalar e quais as despesas que o cliente terá com o mesmo.
Sistema de base de dados
O sistema de base de dados é da Oracle, versão 7.3.4 (actualmente na versão 12) com linguagem PL/SQL (Oracle’s procedural language extension to SQL). A base de dados é manipulada com DBLink (database link) que define um caminho “path” de uma base de dados da Oracle para outra base de dados, e permite com que sejam feitas “queries” em tabelas remotas e executar essas “queries” na base de dados. Exemplo da criação, destruição e encerramento de um DBLink: (1)
- Criar DBlink:
CREATE DATABASE LINK remotedb CONNECT TO scott IDENTIFIED BY tiger USING 'tns_conn_str';
- Eliminar DBlink:
DROP DATABASE LINK remotedb;
- Fechar DBlink:
ALTER SESSION CLOSE DATABASE LINK <link_name>;
É importante ter em conta que existem políticas de acesso à base de dados. Apesar de os acessos à base de dados e ao sistema serem geridos de forma local, não existe uma gestão central neste domínio. No caso de necessidade de modificação a passwords de acesso ou acessos "root", estas modificações tem que ser executadas localmente.
Interface Gráfico
Devido à idade já bastante avançada do sistema, esta ainda apresenta uma interface antiga, não intuitiva e pouco user-friendly, baseado no Oracle Forms 3, como se pode verificar na figura 1 e 2.
Ligação na rede RIS
A RIS (Rede Informática da Saúde) é uma rede privada que liga diversas instituições de saúde públicas, Ministério da Saúde e entidades do SNS (Sistema Nacional de Saúde), e com a qual é possível a troca de informação e serviços entre as mesmas, que existe desde 1994. (3) Faz parte do Ministério da Saúde e é gerida pela SPMS (Serviços Partilhados do Ministério da Saúde) (2). A partilha é feita através do uso dos diversos standards existentes para a àrea, tais como DICOM, HL7, entre outros, com um débito mínimo de 2Mbps (dados de 2015). [1] Também existe a possibilidade de esta rede ser partilhada com entidades externas ao hospital para prestação de serviços de modo remoto. Todas as instituições de saúde onde estão instalados os sistemas SONHO e SINUS estão ligados à RIS.
Outras Versões
SONHO v2
A
SONHO-CSP
O SONHO v1 possui lacunas ao nível de registo administrativo em cuidados de saúde primários, tal como obsolescência com o decorrer dos anos. O mesmo acontece com o sistema SINUS (Sistema de Informação em Unidades de Saúde) e devido a estes factores foi criado um novo sistema, com o mesmo modelo de dados do SONHO v2 de modo a que haja um perfil idêntico entre cuidados de saúde hospitalares (SONHO) e primários (SINUS).
Problemas
Devido a ser um sistema de informação com quase 30 anos, este possui diversos problemas nomeadamente na sua interface que usando a mesma GUI (interface gráfica do utilizador) desde data da criação torna o seu uso pouco user-friendly e pouco orientada para actividade médica [1]. Um dos principais problemas é a fraca interoperabilidade com outros sistemas, pelo não uso de standards, como por exemplo, as trocas de mensagens HL7. A manutenção e actualização do sistema é feita de forma ad-hoc, ou seja, na altura da sua criação o sistema não foi criado de forma a responder apenas à necessidade de um hospital, mas de forma a atender a vários, o que faz com que a complexidade de manutenção seja grande e que haja evolução do sistema diferente de hospital para hospital (2). Outro dos problemas apontados é também a possibilidade de criação de atalhos para outros sistemas externos através de interfaces WEB que podem comprometer a segurança na utilização do sistema. Além de todos os outros problemas, a tecnologia utilizada no SONHO está obsoleta, o que fará com que existam problemas a níveis aplicacionais e de infraestruturas tais como segurança da autenticação, desempenho, taxa de disponibilidade (o sistema falha várias vezes por dia em certos hospitais), entre outros. [1] Apesar de ser um sistema extremamente enraizado em quase todos os hospitais nacionais que se encontra com diversos problemas, não existe nenhuma aplicação semelhante no mundo que possa substituir rápida e funcionalmente as necessidades existentes a nível hospitalar em Portugal. (3)
Ponto Situação
Existe uma versão 2 do sistema designada por “SONHO v2”, apenas instalada em 3 hospitais em Portugal: Centro Hospitalar de Leiria, IPO de Lisboa e Hospital Garcia da Orta. Devido às burocracias estruturadas de forma errada, cada instalação do SONHO v2 nos hospitais acresce de montantes monetários bastante elevados para a compra de licenças da ORACLE. Apesar de o sistema estar finalizado para uso, a necessidade das licenças fazem com que o novo sistema tenha que ser abandonado. Há também uma ideIa em criar um novo sistema de informação interno que junte os sistemas SONHO, SINUS, SAM e SAP nos cuidados primários e hospitalares e que as soluções adoptadas sejam de código aberto (open-source) de modo a ser possível reduzir os custos relacionados com o licenciamento destas aplicações. No entanto existirá novo concurso público para uma terceira versão do SONHO brevemente.