HL7 v2

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HL7 v2
Designação Health Level 7 v2
Sigla
Ano de Criação 1988
Entidade Criadora Health Level Seven International
Entidade Gestora Health Level Seven International
Versão Atual
Área(s) de Aplicação Troca de mensagens entre aplicações clínicas, Interoperabilidade


Descrição

O HL7 (Health Level Seven) é um conjunto de normas desenvolvidas para facilitar a interoperabilidade entre sistemas de informação em saúde. Desde a sua criação, o HL7 passou por várias versões, sendo a versão 2 (HL7 v2) a mais amplamente implementada em todo o mundo. Devido à sua adoção massiva, é comum que o termo "HL7" seja usado informalmente para se referir especificamente ao HL7 v2, embora este represente apenas uma das versões existentes [1].

A versão 2.0 foi publicada em setembro de 1988, sucedendo à versão 1.0 (experimental). Foi rapidamente adotada por fornecedores de software e hospitais por permitir interoperabilidade entre sistemas heterogéneos, com um modelo simples de mensagens disparadas por eventos clínicos ("trigger events"). Várias versões subsequentes (2.1, 2.2, ..., 2.5.1, 2.6, 2.7 e 2.8) foram introduzindo melhorias na estrutura de mensagens, segmentos e suporte a novos domínios.

Dentro das versões subsequentes, pode-se destacar:

  • v2.3.1 - Altamente adotada em sistemas hospitalares por muitos anos. Base sólida para integração de mensagens ADT, ORM e ORU. Compatível com muitos sistemas legados ainda em operação.
  • v2.5.1 - Versão mais amplamente usada hoje em dia. Suporte melhorado para laboratórios, vacinas, medicamentos e registos públicos de saúde.
  • v2.8 - Introduziu melhorias significativas em modularidade, suporte a múltiplos pacientes, e extensibilidade com Z-segmentos.


Melhor preparação para interoperabilidade internacional e adaptação a contextos complexos.

O HL7 v2 define a estrutura e o conteúdo das mensagens clínicas, permitindo a troca eficiente e padronizada de dados entre aplicações. Utiliza um formato baseado em texto delimitado (pipe "|") e é organizado por segmentos como MSH, PID, OBR e OBX. Apesar da existência do HL7 v3, esta versão teve uma adoção muito limitada devido à sua complexidade. Como resultado, o verdadeiro sucessor evolutivo do HL7 v2 é o FHIR, que combina os princípios de interoperabilidade do HL7 com tecnologias web modernas e maior simplicidade de implementação [2].


Organização Internacional

A estrutura do HL7 é composta por uma organização central (Health Level Seven International) e por diversos afiliados nacionais. Cada país aderente estabelece a sua própria afiliação HL7, como o HL7 Portugal, HL7 Espanha, HL7 Germany, entre outros. Estes afiliados são responsáveis por promover o uso da norma, traduzir documentos técnicos, criar guias de implementação adaptados ao contexto nacional e fomentar a formação técnica e o envolvimento da comunidade.

No que diz respeito à certificação, a HL7 International e seus afiliados oferece programas de certificação profissional, como o HL7 v2 Control Specialist Certification. Estas certificações são reconhecidas globalmente e constituem uma referência de competência para profissionais de interoperabilidade em saúde.


Características técnicas

Comunicação

Estas mensagens são geralmente transmitidas entre aplicações utilizando o protocolo TCP/IP. A especificação recomenda o uso do protocolo MLLP (Minimal Lower Layer Protocol), um protocolo leve e fiável para a troca de mensagens HL7 sobre conexões TCP persistentes.

O MLLP utiliza delimitadores especiais para indicar o início e o fim de cada mensagem HL7:

Início da mensagem: caracter ASCII 0x0B (VT - Vertical Tab)

Fim da mensagem: caracter ASCII 0x1C (FS - File Separator), seguido de 0x0D (CR - Carriage Return)

Este esquema garante que as mensagens HL7 sejam reconhecidas corretamente pelo receptor, mesmo em transmissões contínuas. O receptor processa a mensagem e pode devolver uma resposta do tipo ACK (Acknowledgement), também no formato HL7, indicando o sucesso ou erro na receção.

Normalmente, sistemas hospitalares utilizam canais de comunicação persistentes entre aplicações como LIS, RIS, HIS e PACS, onde servidores escutam em portas TCP dedicadas e clientes enviam mensagens em tempo real ou em lotes programados.


Mensagens

As mensagens HL7 v2 seguem uma estrutura linear composta por segmentos delimitados por quebras de linha, e dentro dos segmentos, os campos são separados por um carácter específico (geralmente "|"). Cada segmento é identificado por um código de três letras, e pode conter subcampos, componentes e subcomponentes, separados respetivamente por "^", "&" e "~".

Uma mensagem típica começa com o segmento MSH (Message Header), que define os parâmetros de envio. Os segmentos seguintes dependem do tipo de mensagem e do evento clínico associado (por exemplo, ADT^A01 para admissões hospitalares ou ORU^R01 para resultados laboratoriais).

Além disso, o HL7 v2 permite extensões locais através de segmentos personalizados (Z-segmentos) e adaptações específicas por instituição, o que contribui para a sua flexibilidade mas também cria desafios de interoperabilidade plena entre diferentes implementações.


Exemplo de Mensagem

MSH|^~\&|LABAPP|HOSPITAL|EMR|HOSPITAL|20250624||ORU^R01|12345|P|2.5.1

PID|1||123456^^^HOSPITAL^MR||SILVA^JOAO||19800101|M

OBR|1||54321|88304^Biopsia^LN|||20250623

OBX|1|TX|88304^Biopsia^LN||Fragmentos de mucosa gástrica com leve inflamação crónica||N||F||P||


Nesta mensagem:

Cada linha identifica um segmento:

  • Segmento MSH (primeira linha) é o cabeçalho da mensagem.
  • PID representa dados do paciente.
  • OBR contém informação sobre o pedido.
  • OBX reporta o resultado da observação.


Os pipes (|) separam os campos dentro de cada segmento onde é possível identificar por exemplo no segmento PID (Patient Identification) o campo 5 (PID 5 - Patient Name) a subdivisão entre o PID.5.1 (Family Name) = "SILVA" e o PID.5.2 (Given Name) = "JOAO".

Exclusivamente no segmento MSH, o primeiro caractere depois de "MSH" identifica o "field separator" (|). Em todos os outros segmentos a contagem faz-se depois do primeiro pipe (|).

O campo MSH 9, identifica o tipo de evento, neste caso ORU^R01: "Unsolicited transmission of an observation message". O envio desta mensagem entre dois sistemas exemplifica uma possível notificação de um resultado laboratorial entre um LIS (Laboratory Information System) e um EMR (Electronic Medical Record) (de "LABAPP" para "EMR" identificados no segmento MSH 3 e MSH 5).

Em ferramentas online como: https://hl7-definition.caristix.com/v2 é possível verificar segmentos, campos e subcampos e diferentes eventos para cada uma das versões do HL7 v2.


Estado de implementação

O HL7 v2 continua a ser, em 2025, a norma mais utilizada mundialmente para comunicação entre sistemas de informação hospitalares. Está presente em milhões de mensagens trocadas diariamente em hospitais, laboratórios, sistemas administrativos e sistemas de registo eletrónico de saúde (EHRs). Apesar de existirem alternativas mais recentes como o HL7 v3 e o FHIR, a base instalada, a simplicidade do protocolo e a vasta comunidade de implementadores contribuem para a sua continua relevância [1].


Futuro

Embora o FHIR represente o futuro da interoperabilidade em muitos contextos (especialmente web e cloud), o HL7 v2 continuará a ter papel relevante por muitos anos, especialmente em ambientes hospitalares com infraestruturas legadas. Estão em curso vários projetos de interoperabilidade que visam a convivência entre HL7 v2 e FHIR através de "gateways" ou mecanismos de mapeamento bidirecional [3].


Referências

  1. 1,0 1,1 X. Lu, Y. Gu, J. Zhao, N. Yu and W. Jia, "Research and implementation of medical information format conversion based on HL7 Version 2.x," 2011 International Conference on Computer Science and Service System (CSSS), Nanjing, China, 2011, pp. 2440-2443, doi: 10.1109/CSSS.2011.5974909
  2. D. Bender and K. Sartipi, "HL7 FHIR: An Agile and RESTful approach to healthcare information exchange," Proceedings of the 26th IEEE International Symposium on Computer-Based Medical Systems, Porto, Portugal, 2013, pp. 326-331, doi: 10.1109/CBMS.2013.6627810.
  3. Tanaka K, Yamamoto R. Implementation of a Secured Cross-Institutional Data Collection Infrastructure by Applying HL7 FHIR on an Existing Distributed EMR Storages. Stud Health Technol Inform. 2020 Jun 26;272:155-158. doi: 10.3233/SHTI200517. PMID: 32604624.


Links úteis

https://www.hl7.org/

https://www.hl7.pt/