Acessibilidade no Departamento de Emergência à História de Medicação dos Pacientes
Acessibilidade no Departamento de Emergência à História de Medicação dos Pacientes | |
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Autor | Ana Margarida David da Silva |
Orientador | Pedro Pereira Rodrigues |
Co-Orientador | Fernando Rosa |
Data de Entrega | 2012/10 |
URL | http://hdl.handle.net/10216/72126 |
Palavras-chave | Prescrição de medicamentos, História de medicação, Serviços de farmácia comunitária, Erros de medicação, Interacções medicamentosas |
Introdução: Os erros de medicação constituem uma grande preocupação nos Serviços de Urgência em todos os países. A maioria dos erros de medicação é imputável a uma história incompleta da medicação, no momento da admissão do doente nos Serviços de Urgência.
O profissional de saúde efectua o levantamento do historial de medicação do doente, começando por lhe perguntar a medicação que está a tomar actualmente. Situações de confusão com os nomes e doses dos medicamentos são frequentes, assim como a descrição da cor e características do comprimido ou a caixa do mesmo. Para além destas situações, por vezes é impossível realizar esse levantamento do historial de medicação, devido ao estado de saúde do doente.
Uma história precisa de medicação permite ao profissional de saúde um maior conhecimento dos medicamentos que o doente toma ou tenha tomado, evitando a duplicação de medicamentos e interacções medicamentosas.
Muitas organizações, em vários países já começaram a redesenhar o seu processo clínico para melhorar o atendimento do doente e a sua segurança. Uma estratégia para minimizar este problema é ter acesso em tempo real à história de medicação dos doentes, através da ligação com as farmácias.
Objectivo: O objectivo principal do estudo em que se centra esta tese é avaliar a importância do acesso ao historial de medicação dos doentes nos Serviços de Urgência dos Hospitais Públicos Portugueses. Especificamente: recolher opiniões dos médicos que trabalham dos serviços de Urgência desses mesmos hospitais, recolher e tratar dados oriundos de outros países onde já estão implementados os sistemas electrónicos que permitem acesso à informação em causa e, finalmente, recomendar caminhos possíveis para que se possa melhorar o sistema em Portugal.
Métodos: Foi enviado um questionário para todos os Serviços de Urgência dos Hospitais Públicos Portugueses. O objectivo foi aferir a importância percebida pelos médicos para o acesso ao histórico de medicação dos doentes, na diminuição de erros de medicação e de intervenções inapropriadas quando os doentes acorrem ao Serviço de Urgência. Para compreender os aspectos operacionais das aplicações informáticas já existentes na Holanda, foram entrevistados muitos profissionais de diversos sectores e serviços de saúde.
Resultados: Através do questionário foi possível obter a seguinte informação: os médicos do Serviço de Urgência perguntam sempre aos doentes o seu historial de medicação e consideram que é muito importante ter acesso a este tipo de informação. Os médicos concordam plenamente que o acesso ao histórico de medicação dos doentes trás muitos benefícios, especialmente no que diz respeito à segurança dos doentes. Em relação à informação que deveriam aceder numa aplicação informática com o histórico de medicação dos doentes, os médicos consideraram as seguintes informações: posologia, designação do medicamento, dosagem do medicamento, data da prescrição, nome do doente, forma farmacêutica do medicamento, dimensão da embalagem e número de embalagens prescritas. Alergias e efeitos secundários também deveriam ser incluídos. Relativamente ao tipo de medicamentos, os médicos concordam plenamente deveriam ter acesso à informação sobre todos os medicamentos, sujeitos ou não sujeitos a prescrição médica.
As entrevistas realizadas na Holanda permitiram recolher informação muito importante, tal como: médicos e farmacêuticos, organizaram em conjunto um sistema que permite o acesso ao histórico de medicação dos doentes; o acesso ao histórico de medicação dos doentes através das farmácias é local ou no máximo regional; os médicos nos hospitais, podem perguntar às farmácias locais (da comunidade próxima) sobre a informação de medicamentos dos doentes, via
fax ou e-mail; os doentes podem pedir à sua farmácia a sua lista de medicamentos; em relação ao tipo de medicamentos que ficam acessíveis no histórico de medicação dos doentes, por norma é a medicação prescrita pelo médico e dispensada pela farmácia.
Discussão: Sobre o assunto- história da medicação do doente - é crucial que possamos ter um sistema completo, que englobe toda a medicação prescrita ao doente e dispensada pelo farmacêutico, incluindo a não prescrita ou ainda “medicamentos” homeopáticos. Mesmos nos casos em que se tem acesso a toda a informação relativa à história da medicação do doente (como no caso da Holanda), é sempre conveniente confirmar a medicação com o doente. Uma outra recomendação seria de criar listas de medicamentos dos doentes e permitir-lhes (a estes) acesso directo. Assim o objectivo seria de, tal como no sistema holandês, estimular os doentes portugueses a trazer consigo a lista de medicação, em especial quando acorrem ao Serviço de Urgência. É importante referir que aquando da elaboração deste estudo estava a ser desenvolvida em Portugal a PDS - Plataforma de Dados da Saúde, que permite aos profissionais da saúde ter acesso ao histórico da medicação prescrita nos últimos seis meses. Os profissionais da saúde têm também acesso à informação clínica preenchida pelo próprio doente no Portal do Utente (onde podem constar dados como por exemplo a medicação em uso) caso o doente tenha dado acesso a essa informação. Como já existe em Portugal uma solução técnica que de algum modo preenche os objectivos deste estudo, então este estudo também pretende fazer recomendações no sentido de melhorar a aplicação já em funcionamento.