Interoperabilidade nos Sistemas de Informação de Saúde: das convicções à realidade
Interoperabilidade nos Sistemas de Informação de Saúde: das convicções à realidade | |
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Autor | Lucas Filipe da Silva Ribeiro |
Orientador | Ricardo João Cruz Correia |
Co-Orientador | João Paulo Cunha |
Data de Entrega | 2010 |
URL | http://hdl.handle.net/10216/55373 |
Palavras-chave | Interoperabilidade de Sistemas de Informação, Registo de Saúde Eletrónico, Electronic Health Record |
Os SI possuem um lugar de enorme importância nas organizações de saúde, sendo espectável que esse papel se intensifique nos próximos anos. Uma medicina moderna e centrada nos doentes, assente em inovadoras estratégias de prestação de cuidados de saúde, afigura o caminho que todos sabemos ter de percorrer.
Neste sentido, a interoperabilidade entre distintos SI é essencial, seja ao nível local, regional, nacional, ou mesmo global existindo, contudo, um vasto conjunto de problemas que dificultam muito estes desígnios. Por isso, a interoperabilidade deve ser vista e entendida de uma forma ampla, levando em consideração questões nucleares como o planeamento, a definição da arquitectura, a conformidade com normas internacionais, entre outros.
O objectivo principal da presente dissertação é o estudo da interoperabilidade dos SI de saúde, nomeadamente, das convicções dos responsáveis pelos departamentos de informática e da
realidade existente nos hospitais do SNS, confrontando os dados recolhidos com a evidência existente.
O estado da arte revelou que os EHR estão ainda longe de ser baseados em arquitecturas abertas que permitam a integração rápida e simples de diferentes aplicações e equipamentos. Temos, no entanto, assistido a interessantes iniciativas de âmbito local, regional e nacional. Diversas nações espalhadas pelo mundo estão a efectuar fortes investimentos, como é o caso da maioria dos países da UE. Em Portugal, têm sido levadas a cabo algumas iniciativas para promover a interoperabilidade e a criação de projectos de âmbito regional e nacional. Todavia, os poucos estudos que existem indicam-nos um vasto conjunto de constrangimentos, principalmente nos SI instalados e nos recursos disponíveis, não nos permitindo encarar o futuro com grande optimismo.
Recolhemos a opinião dos CIO verificando que a larga maioria atribui enorme importância à interoperabilidade, acreditando que não é possível construir um EHR recorrendo a um único fornecedor, sendo por isso, imprescindível que exista regulação e certificação do mercado por parte dos organismos governamentais. Segundo os mesmos deve ser dada prioridade à interoperabilidade interna (ao nível de cada organização) e entre os hospitais e cuidados de saúde primários.
Existe um vasto e heterógeneo conjunto de SI em produção nos hospitais estudados, com uma deficiente interoperabilidade, criando enormes obstáculos às organizações, para além de impossibilitarem a criação de qualquer projecto regional ou nacional de uma forma ampla e sustentada. As arquitecturas estão mal definidas, com demasiados SI e a interoperabilidade não é vista e valorizada como uma actividade global pelas organizações. Nenhum SI implementado
segue qualquer standard de arquitectura, nem sequer é referida até ao momento qualquer iniciativa sobre o assunto, entre diversos outros problemas. Pese embora estes factos, é de notar que as soluções SONHO/SAM/SAPE apesar de obsoletas, acabaram por funcionar como um “standard de facto”, possibilitando a criação de interessantes projectos nacionais.
Tendo em atenção o estado da arte, as convicções dos responsáveis informáticos e a realidade encontrada, entendemos ser fundamental que sejam redefinidas as arquitecturas dos SI e operar mudanças tecnológicas assentes em arquitecturas SOA, a evolução e consolidação das soluções da ACSS, a adopção do standard de arquitectura ISO 13606, a regulação do mercado, a melhoria da segurança, entre outras medidas, para um profícuo desenvolvimento dos SI. As decisões que venham a ser tomadas nestes próximos anos vão ter um impacto profundo a longo prazo, pelo que em cada dia que passa, não só nos atrasamos mais, como a inexistência de regras claras no presente dificultará muito mais o trabalho no futuro.