DashBoards (Contexto em Saúde): diferenças entre revisões

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Os dashboards em saúde são ferramentas visuais interativas concebidas para apresentar dados clínicos, administrativos ou operacionais de forma integrada e acessível. Utilizados por profissionais de saúde, gestores hospitalares e autoridades de saúde pública, estes sistemas permitem identificar tendências, antecipar riscos e tomar decisões fundamentadas em tempo útil, ao condensarem grandes volumes de informação em representações gráficas intuitivas. Estes painéis são especialmente úteis em contextos onde a rapidez na análise e interpretação dos dados pode impactar diretamente a qualidade dos cuidados prestados, como na monitorização de surtos epidemiológicos, no acompanhamento de doentes crónicos ou na gestão de recursos hospitalares. Com a crescente digitalização dos sistemas de informação em saúde, os dashboards assumem um papel cada vez mais central na promoção de eficiência, transparência e segurança, tanto a nível clínico como institucional.
Os dashboards em saúde são ferramentas visuais interativas concebidas para apresentar dados clínicos, administrativos ou operacionais de forma integrada e acessível. Utilizados por profissionais de saúde, gestores hospitalares e autoridades de saúde pública, estes sistemas permitem identificar tendências, antecipar riscos e tomar decisões fundamentadas em tempo útil, ao condensarem grandes volumes de informação em representações gráficas intuitivas. Estes painéis são especialmente úteis em contextos onde a rapidez na análise e interpretação dos dados pode impactar diretamente a qualidade dos cuidados prestados, como na monitorização de surtos epidemiológicos, no acompanhamento de doentes crónicos ou na gestão de recursos hospitalares. Com a crescente digitalização dos sistemas de informação em saúde, os dashboards assumem um papel cada vez mais central na promoção de eficiência, transparência e segurança, tanto a nível clínico como institucional. <ref> Dawn Dowding, Rebecca Randell, Peter Gardner, Geraldine Fitzpatrick, Patricia Dykes, Jesus Favela, Susan Hamer, Zac Whitewood-Moores, Nicholas Hardiker, Elizabeth Borycki, Leanne Currie, Dashboards for improving patient care: Review of the literature, International Journal of Medical Informatics, Volume 84, Issue 2,2015,Pages 87-100,ISSN 1386-5056. </ref>


== <span id="O_que_são_Dashboards?">O que são Dashboards?</span> ==
== <span id="O_que_são_Dashboards?">O que são Dashboards?</span> ==
Um '''dashboard''', ou '''painel de controlo''', é uma interface gráfica que permite visualizar e acompanhar, de forma rápida e interativa, um conjunto de dados relevantes para a monitorização de processos, atividades ou sistemas.  
Um '''dashboard''', ou '''painel de controlo''', é uma interface visual interativa que permite visualizar, de forma clara e sintética, um conjunto de dados relevantes para a monitorização de processos, atividades ou sistemas. Através da utilização de gráficos, indicadores e outros elementos visuais, os dashboards facilitam a análise rápida de informação, apoiando a tomada de decisões fundamentadas e em tempo útil. <ref name=primeiro> Pettit, C., Leao, S.Z. (2022). Dashboard. In: Schintler, L.A., McNeely, C.L. (eds) Encyclopedia of Big Data. Springer, Cham. https://doi.org/10.1007/978-3-319-32010-6_295 </ref>


No contexto da informática médica, os dashboards desempenham um papel central ao reunir dados clínicos, operacionais e administrativos de múltiplas fontes, como '' Registos de Saúde Eletrónicos (RSE)'', ''sistemas de gestão hospitalar'', ''bases de dados epidemiológicas'' ou ''plataformas de recursos humanos''. Dado um contexto, estes dados são transformados em informação relevante, apresentada de forma clara, com o objetivo de facilitar a tomada de decisões em tempo real por profissionais de saúde, gestores e decisores políticos.
O termo dashboard tem origem na metáfora dos painéis de instrumentos dos automóveis, concebidos para fornecer ao condutor informações essenciais de forma rápida e acessível. Este conceito foi adaptado nas áreas da gestão e, mais tarde, da informática, para descrever ferramentas que agregam dados provenientes de diversas fontes, transformando-os em informação útil e aplicável.<ref name=segundo> Mattern, S. (2017). Urban dashboards. In R. Kitchin, T. Lauriault, M. Wilson (Eds.) Urban Dashboards (pp. 74-83). SAGE Publications Ltd, https://doi.org/10.4135/9781526425850.n7 </ref>


Os principais '''componentes''' de um dashboard incluem:
Com o avanço das tecnologias de informação, especialmente a partir da década de 1990, os dashboards passaram a integrar '''sistemas de ''business intelligence'' (BI)''', permitindo às organizações monitorizar em tempo real o seu desempenho e identificar padrões, riscos ou oportunidades. No setor da saúde, esta evolução ganhou particular relevância devido à elevada complexidade dos dados clínicos e operacionais, e à necessidade de decisões precisas e informadas. <ref name=primeiro/>  <ref name=segundo/>
 
 
Aplicados ao contexto da saúde, os dashboards oferecem uma visão integrada e dinâmica de informação proveniente de ''Registos de Saúde Eletrónicos (RSE)'', ''sistemas de gestão hospitalar'', ''bases de dados epidemiológicas'' ou ''plataformas institucionais''. Esta capacidade de síntese e visualização torna os dashboards ferramentas fundamentais para profissionais de saúde, gestores e decisores políticos. <ref name=terceiro> Ghazisaeidi M, Safdari R, Torabi M, Mirzaee M, Farzi J, Goodini A. Development of Performance Dashboards in Healthcare Sector: Key Practical Issues. Acta Inform Med. 2015 Oct;23(5):317-21. doi: 10.5455/aim.2015.23.317-321. Epub 2015 Oct 5. PMID: 26635442; PMCID: PMC4639357. </ref>
 
Os dashboards são compostos por vários elementos essenciais que facilitam a apresentação clara e a interpretação rápida dos dados. Estes componentes trabalham juntos para oferecer uma experiência de visualização eficiente e prática: <ref name=quarto> Abbas Moallem,Human-Computer Interaction in Various Application Domains, Dashboard Design,1st Edition,2024. </ref>
* '''Gráficos''' (de linhas, barras, setores, dispersão, etc.)
* '''Gráficos''' (de linhas, barras, setores, dispersão, etc.)
* '''Tabelas dinâmicas'''
* '''Tabelas dinâmicas'''
* '''KPIs''' ('''Key Performance Indicators''') – Indicadores-chave de desempenho
* '''KPIs''' ('''Key Performance Indicators''') – Indicadores-chave de desempenho
* '''Filtros interativos''' (por data, unidade, patologia, etc.)
* '''Filtros interativos''' (por data, unidade, patologia, etc.)
Os dashboards podem ser '''classificados''' de acordo com o seu objetivo e nível de análise em:
 
* '''Dashboards operacionais''' – Focados na monitorização em tempo real de atividades diárias, como o número de camas disponíveis, tempos de espera ou fluxo de doentes num serviço de urgência.
Os dashboards podem ainda ser '''classificados''' de acordo com o seu objetivo e nível de análise em: <ref name=quinto>  A. A. Rahman, Y. B. Adamu and P. Harun, "Review on dashboard application from managerial perspective," 2017 International Conference on Research and Innovation in Information Systems (ICRIIS), Langkawi, Malaysia, 2017, pp. 1-5, doi: 10.1109/ICRIIS.2017.8002461.keywords: {Monitoring;Visualization;Organizations;Planning;Data visualization;Bars;dashboard;data visualization;strategic;tactical;operational;performance management}, </ref>
* '''Dashboards analíticos''' – Destinados à análise de tendências ou correlações ao longo do tempo, como a evolução de indicadores de desempenho clínico, taxas de infeção hospitalar ou adesão a programas de rastreio.
* '''Dashboards operacionais''' – Focados na monitorização em tempo real de atividades diárias.
* '''Dashboards analíticos''' – Destinados à análise de tendências ou correlações ao longo do tempo.
* '''Dashboards estratégicos''' – Utilizados por gestores e decisores para avaliar o desempenho global da instituição, definir prioridades e apoiar o planeamento a longo prazo.
* '''Dashboards estratégicos''' – Utilizados por gestores e decisores para avaliar o desempenho global da instituição, definir prioridades e apoiar o planeamento a longo prazo.


A eficácia de um dashboard depende tanto da qualidade dos dados apresentados como da clareza e usabilidade da interface. O seu design deve permitir uma leitura intuitiva, rápida e orientada à ação.
A eficácia de um dashboard depende tanto da qualidade dos dados apresentados como da clareza e usabilidade da interface. O seu design deve permitir uma leitura intuitiva, rápida e orientada à ação. <ref name=terceiro/>


== <span id="Importância_no_Contexto_Clínico">Importância no Contexto Clínico</span> ==
== <span id="Importância_no_Contexto_Clínico">Importância no Contexto Clínico</span> ==
Num setor como a saúde, onde as decisões podem ter impacto direto na vida dos doentes, a acessibilidade rápida e clara à informação é fundamental. Os dashboards surgem, neste contexto, como instrumentos que facilitam a leitura e interpretação de dados clínicos e operacionais, apoiando profissionais de saúde, gestores e decisores de todos os níveis do sistema.
Num setor como a saúde, onde as decisões podem ter impacto direto na vida dos doentes, a acessibilidade rápida e clara à informação é fundamental. Neste âmbito, os dashboards surgem como instrumentos que facilitam a leitura e interpretação de dados clínicos e operacionais, apoiando profissionais de saúde, gestores e decisores de todos os níveis do sistema. <ref name=importancia> Hospital performance dashboards: a literature review, Sandra C. Buttigieg, Adriana Pace, Cheryl Rathert, Journal of Health Organization and Management, 15 May 2017 </ref>


No '''contexto clínico''', dashboards bem concebidos possibilitam:
No '''contexto clínico''', dashboards bem concebidos possibilitam: <ref name=importancia/>
*Acompanhamento em tempo real do estado clínico de um doente (ex.: sinais vitais, resultados laboratoriais, alertas de risco);
*Acompanhamento em tempo real do estado clínico de um doente (ex.: sinais vitais, resultados laboratoriais, alertas de risco);<ref name=importancia/>


*Monitorização de parâmetros de segurança e qualidade, como taxas de infeção hospitalar, tempos de internamento ou eventos adversos;
*Monitorização de parâmetros de segurança e qualidade, como taxas de infeção hospitalar, tempos de internamento ou eventos adversos;


*Apoio à gestão de doenças crónicas, integrando dados de consultas, exames e dispositivos móveis ou wearables.
*Apoio à gestão de doenças crónicas, integrando dados de consultas, exames e dispositivos móveis ou wearables.
No '''plano institucional''', são utilizados para:
No '''plano institucional''', são utilizados para:<ref name=importancia/>
*Gerir fluxos assistenciais, otimizar recursos humanos e materiais;
*Gerir fluxos assistenciais, otimizar recursos humanos e materiais;


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Nas Unidades Locais de Saúde (ULS) em Portugal, os dashboards são cada vez mais comuns e integrados em sistemas como o BI-CSP (Business Intelligence – Cuidados de Saúde Primários) ou nos painéis de controlo internos de hospitais, centros de saúde e agrupamentos. Estas plataformas permitem a monitorização diária de indicadores assistenciais e operacionais, promovendo uma cultura de gestão baseada em dados.
Nas Unidades Locais de Saúde (ULS) em Portugal, os dashboards são cada vez mais comuns e integrados nos sistemas como o '''BI-CSP''' ('' '''Business Intelligence''' '' '''Cuidados de Saúde Primários''') ou nos painéis de controlo internos de hospitais, centros de saúde e agrupamentos. Estas plataformas permitem a monitorização diária de indicadores assistenciais e operacionais, promovendo uma cultura de gestão baseada em dados. <ref name=bicsp> https://bicsp.min-saude.pt/pt/Paginas/default.aspx </ref>
 
Durante a pandemia de '''COVID-19''', o papel dos dashboards foi amplamente reforçado, com o desenvolvimento de plataformas públicas e institucionais que permitiram acompanhar indicadores-chave, como o número de casos confirmados, internamentos, óbitos e a evolução da vacinação, garantindo também uma comunicação mais clara com a população e com os responsáveis políticos. <ref name=dgscovid> https://covid19.min-saude.pt/ </ref>


Durante a pandemia de '''COVID-19''', o papel dos dashboards foi amplamente reforçado. Foram desenvolvidas plataformas públicas e institucionais que permitiram acompanhar:
* Número de casos confirmados, internamentos e óbitos;
* Ocupação de camas em enfermaria e cuidados intensivos;
* Consumo de equipamentos de proteção individual e testes;
* Evolução da vacinação por faixa etária e região.


Este tipo de ferramentas é hoje reconhecido como essencial para uma governação clínica moderna, apoiando a eficiência, a segurança do doente e a melhoria contínua da qualidade dos cuidados de saúde.
Este tipo de ferramentas é hoje reconhecido como essencial para uma governação clínica moderna, apoiando a eficiência, a segurança do doente e a melhoria contínua da qualidade dos cuidados de saúde.


== <span id="Principais_tipos_de_Dasboards_Clinicos">Principais tipos de Dasboards Clinicos</span> ==
== <span id="Dashboard_Software">Dashboard Software</span> ==
Os softwares de dashboard são ferramentas digitais interativas que permitem criar, visualizar e interagir com painéis de controlo dinâmicos, agregando e representando dados de múltiplas fontes de forma gráfica e acessível. Em contexto clínico, estes sistemas são integrados com RSE, bases de dados hospitalares ou plataformas de ''business intelligence'', permitindo o acesso em tempo real a métricas clínicas, operacionais e financeiras. A capacidade de interação e personalização torna-os essenciais na prática clínica, permitindo aos usuários explorar os dados de acordo com suas necessidades específicas. <ref name=desenvolvimento> Helminski D, Sussman JB, Pfeiffer PN, Kokaly AN, Ranusch A, Renji AD, Damschroder LJ, Landis-Lewis Z, Kurlander JE, Development, Implementation, and Evaluation Methods for Dashboards in Health Care: Scoping Review, JMIR Med Inform 2024;12:e59828, doi: 10.2196/59828,PMID: 39656991, PMCID: 11651422</ref>


Os dashboards clínicos constituem ferramentas essenciais para transformar grandes volumes de dados em conhecimento acionável. Cada tipo de dashboard tem objetivos específicos e serve públicos distintos dentro das instituições de saúde. Abaixo descrevem-se os principais tipos utilizados em contexto hospitalar e de saúde pública.
=== Softwares mais comuns===
 
As soluções de software para dashboards em saúde podem ser classificadas em duas grandes categorias:
=== Painel do Doente ===
* '''Soluções proprietárias''': Desenvolvidas por empresas com licença comercial. Muitas oferecem funcionalidades avançadas, suporte técnico e integração com sistemas hospitalares. Exemplos:
Os patient dashboards oferecem uma visão consolidada e atualizada do estado clínico dos doentes, servindo como ponto central de consulta para médicos, enfermeiros e equipas multidisciplinares. Estes painéis integram dados provenientes de múltiplas fontes — como sinais vitais, exames laboratoriais, histórico clínico, medicação prescrita e evolução clínica — permitindo uma monitorização contínua e personalizada.
**Power BI (Microsoft) <ref> Página PowerBi, https://www.microsoft.com/en-us/power-platform/products/power-bi</ref> – Muito utilizado em Portugal, incluindo em Unidades Locais de Saúde (ULS), permite integração com Excel, SQL Server, entre outros.
 
** Tableau (Salesforce)<ref> Página Tableau, https://www.tableau.com/en-gb/trial/tableau-software?d=7013y0000020SdzAAE&nc=7013y0000020YzrAAE&utm_content=7013y0000020SdzAAE&utm_source=google&utm_medium=paid_search&utm_campaign=21481929962&utm_adgroup=163628205326&utm_term=tableau&utm_matchtype=p&gad_source=1&gad_campaignid=21481929962&gbraid=0AAAAAqUgRK93MGNrfiaRodykyh8W2b-9E&gclid=Cj0KCQjwmqPDBhCAARIsADorxIbSQgeShY27qVTh6DtzqJNmPxdZShEuk4WnAKG8NeKPmzKbHqpN76UaAiI3EALw_wcB&gclsrc=aw.ds </ref> – Popular em instituições internacionais, usado para criar dashboards interativos em tempo real.
Este tipo de dashboard é particularmente útil para identificar precocemente sinais de deterioração, acompanhar a resposta a tratamentos e avaliar indicadores de desempenho assistencial. Por exemplo, métricas como tempo médio de estadia, taxa de readmissão, nível de dor reportado, ou satisfação do doente ajudam a avaliar a eficácia da abordagem terapêutica e a segurança dos cuidados prestados.
** QlikView / Qlik Sense <ref> Página QlikView, https://www.qlik.com/us/products/qlikview </ref>– Conhecido pela sua rapidez na análise de grandes volumes de dados.
 
Além disso, os patient dashboards promovem a comunicação entre equipas e facilitam a passagem de turno, melhorando a continuidade dos cuidados.
 
(IMAGEM)
 
=== Painel de Controlo de Infeção ===
Os dashboards de controlo de infeção são fundamentais para a vigilância epidemiológica e a gestão do risco de infeções associadas aos cuidados de saúde (IACS). São utilizados por equipas de controlo de infeção hospitalar, microbiologistas e decisores clínicos.
Estes painéis permitem acompanhar taxas de infeção hospitalar (como pneumonia associada à ventilação, infeções do trato urinário ou bacteriemias), bem como dados sobre isolamento de microrganismos, utilização de antibióticos, e áreas críticas com maior incidência de infeções.
A capacidade de identificar padrões, surtos localizados ou aumento de resistências antimicrobianas é essencial para implementar intervenções rápidas e eficazes, reforçar medidas de prevenção e garantir ambientes hospitalares seguros. Em contexto pós-pandemia, este tipo de dashboard tornou-se ainda mais relevante, com integração de dados sobre SARS-CoV-2, testes realizados e indicadores de vigilância ativa.
(IMAGEM)
 
=== Painel Operacional Hospitalar ===
Os dashboards operacionais são usados para acompanhar o funcionamento global de uma unidade hospitalar, ajudando gestores e equipas técnicas a otimizar recursos e a planear atividades de forma eficiente. Um dos subsetores mais dinâmicos é o painel das urgências, que monitoriza em tempo real o número de doentes em observação, tempo médio de espera, classificação por triagem de Manchester, e ocupação de camas de internamento.
Durante períodos de elevada procura, como no inverno ou em surtos epidémicos, estes dashboards tornam-se ferramentas críticas para garantir fluidez assistencial, evitando ruturas de capacidade e redirecionando recursos de forma eficaz.
Para além das urgências, os painéis operacionais acompanham:
* Taxa de ocupação global
* Tempos médios de alta
* Cancelamentos cirúrgicos
* Eficiência dos blocos operatórios
Estas métricas apoiam a governação clínica e a gestão diária das unidades, promovendo decisões mais informadas e rápidas.


=== Painel Financeiro ===
Os dashboards financeiros integram indicadores económicos e contabilísticos, permitindo às direções financeiras e administrativas acompanhar a sustentabilidade das instituições de saúde. Ao relacionar os custos com a atividade assistencial, estes painéis contribuem para identificar ineficiências, otimizar recursos e apoiar a alocação orçamental.
Entre os principais indicadores acompanhados destacam-se:
* Custo médio por episódio de internamento
* Receita por tipo de consulta ou ato clínico
* Taxa de faturação realizada vs. prevista
* Comparação de custos entre serviços ou departamentos
Os dashboards financeiros são também ferramentas essenciais em processos de contratualização interna ou externa, e na avaliação do cumprimento de objetivos institucionais.


== <span id="Dashboard_Software">Dashboard Software</span> ==
Os softwares de dashboard são ferramentas digitais que permitem criar, visualizar e interagir com painéis de controlo dinâmicos, agregando e representando dados de múltiplas fontes de forma gráfica e acessível. Em contexto clínico, estes sistemas são integrados com Registos de Saúde Eletrónicos (RSE), bases de dados hospitalares ou plataformas de business intelligence, permitindo o acesso em tempo real a métricas clínicas, operacionais e financeiras.


=== Tipos de Soluções ===
As soluções de software para dashboards em saúde podem ser classificadas em duas grandes categorias:
* '''Soluções proprietárias''': Desenvolvidas por empresas com licença comercial. Muitas oferecem funcionalidades avançadas, suporte técnico e integração com sistemas hospitalares. Exemplos:
**Power BI (Microsoft) – Muito utilizado em Portugal, incluindo em Unidades Locais de Saúde (ULS), permite integração com Excel, SQL Server, entre outros.
** Tableau (Salesforce) – Popular em instituições internacionais, usado para criar dashboards interativos em tempo real.
** QlikView / Qlik Sense – Conhecido pela sua rapidez na análise de grandes volumes de dados.
* '''Soluções open-source''': Ferramentas gratuitas e de código aberto, que permitem personalização total e integração com ambientes técnicos específicos. Exemplos:
* '''Soluções open-source''': Ferramentas gratuitas e de código aberto, que permitem personalização total e integração com ambientes técnicos específicos. Exemplos:
** Metabase – Simples de usar e muito adequado para equipas técnicas internas.
** Metabase <ref> Página Metabase, https://www.metabase.com/ </ref> – Simples de usar e muito adequado para equipas técnicas internas.
** Grafana – Bastante usado em ambientes técnicos e para monitorização contínua.
** Grafana<ref> Página Grafana, https://grafana.com/ </ref> – Bastante usado em ambientes técnicos e para monitorização contínua.
** Superset (Apache) – Adotado em projetos com grandes volumes de dados.
** Superset (Apache) <ref> Superset, https://superset.apache.org/ </ref>– Adotado em projetos com grandes volumes de dados.


=== Critérios de escolha e integração ===
=== Critérios de escolha e integração ===
A escolha do software deve considerar:
A escolha do software deve considerar:<ref name=desenvolvimento/> <ref name=guide> Guiding the choice of learning dashboard visualizations: Linking dashboard design and data visualization concepts, February 2019Journal of Visual Languages & Computing 50, DOI:10.1016/j.jvlc.2018.11.002 </ref> <ref name=mais> B. Bach et al., "Dashboard Design Patterns," in IEEE Transactions on Visualization and Computer Graphics, vol. 29, no. 1, pp. 342-352, Jan. 2023, doi: 10.1109/TVCG.2022.3209448.
* Compatibilidade com o sistema de RSE em uso (ex.: SClínico, SONHO, Alert®)
keywords: {Visualization;Data visualization;Conferences;Guidelines;Encoding;Task analysis;Monitoring;Dashboards;Design Patterns;Data Visualization;Storytelling;Visual Analytics;Qualitative Evaluation;Education}</ref>
* Capacidade de integração com serviços web, HL7/FHIR, APIs
* Compatibilidade com o sistema de RSE em uso (ex.: SClínico, SONHO, Alert®);
* Segurança e compliance (RGPD, acessos por perfil)
* Capacidade de integração com serviços web, HL7/FHIR, APIs;
* Usabilidade e acessibilidade por diferentes tipos de profissionais
* Segurança e compliance (RGPD, acessos por perfil);
* Capacidade de escalabilidade (instituições de grande dimensão)
* Usabilidade e acessibilidade por diferentes tipos de profissionais;
* Capacidade de escalabilidade (instituições de grande dimensão);
* Facilidade de personalização e configuração de dashboards, relatórios e visualizações específicas para diferentes especialidades clínicas e administrativas;


== <span id="Avaliação_e_Boas_Práticas_no_Desenvolvimento_de_Dashboards">Avaliação e Boas Práticas no Desenvolvimento de Dashboards</span> ==
== <span id="Avaliação_e_Boas_Práticas_no_Desenvolvimento_de_Dashboards">Avaliação e Boas Práticas no Desenvolvimento de Dashboards</span> ==
=== Avaliação da Qualidade de Dashboards ===
=== Avaliação da Qualidade de Dashboards ===
A avaliação de um dashboard deve considerar critérios técnicos, funcionais e ergonómicos. Diversos modelos têm sido propostos na literatura, como o GUIDE-M (Guidelines for Developing Dashboards in Medicine), que recomenda:
A avaliação da qualidade de um dashboard é essencial para garantir que ele atenda às necessidades dos usuários e seja eficaz na apresentação de dados. Para isso, diversos modelos têm sido propostos na literatura, como o GUIDE-M (Guidelines for Developing Dashboards in Medicine), que recomenda:<ref name=desenvolvimento/> <ref name=avaliacao> Karami M, Langarizadeh M, Fatehi M. Evaluation of Effective Dashboards: Key Concepts and Criteria. Open Med Inform J. 2017 Oct 24;11:52-57. doi: 10.2174/1874431101711010052. PMID: 29204228; PMCID: PMC5688382. </ref>
* '''Utilidade''': O dashboard responde às necessidades dos seus utilizadores?
* '''Utilidade''': O dashboard responde às necessidades dos seus utilizadores?
* '''Usabilidade''': É fácil de navegar e interpretar?
* '''Usabilidade''': É fácil de navegar e interpretar?
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* '''Integração''': O dashboard comunica bem com outros sistemas (ex. RSE)?
* '''Integração''': O dashboard comunica bem com outros sistemas (ex. RSE)?
* '''Segurança e privacidade''': Estão assegurados os princípios do RGPD?
* '''Segurança e privacidade''': Estão assegurados os princípios do RGPD?
* Além disso, métodos como '''testes de utilizadores''', '''entrevistas''', '''checklists heurísticos''' e '''indicadores de desempenho''' (ex. tempo até à decisão) ajudam a validar a eficácia dos dashboards em ambiente real.
* Além disso, métodos como '''testes de utilizadores''', '''entrevistas''', '''checklists heurísticos''' e '''indicadores de desempenho''' (ex. tempo até à decisão) ajudam a validar a eficácia dos dashboards em ambiente real. <ref name=avaliacao/> <ref name=mais/>
=== Boas Práticas no Desenvolvimento ===
 
;'''1. Centrado no Utilizador Fina'''
=== Boas Práticas no Desenvolvimento de um Dashboard ===
Ao desenvolver um dashboard, é crucial adotar boas práticas que assegurem a criação de interfaces intuitivas e eficazes. Essas práticas envolvem desde o design centrado no usuário até a garantia de uma visualização clara e a integração com sistemas existentes. Seguir tais diretrizes ajuda a evitar sobrecarga de informações, melhora a interatividade e assegura que o sistema atenda às necessidades clínicas e operacionais de maneira eficiente e segura: <ref name=guide/> <ref name=desenvolvimento/> <ref> Effective Dashboard Design
by Andrea Janes, Alberto Sillitti, and Giancarlo Succi </ref>
;'''1. Centrado no Utilizador Final'''
:*Envolver médicos, enfermeiros, gestores ou farmacêuticos desde a fase de conceção.
:*Envolver médicos, enfermeiros, gestores ou farmacêuticos desde a fase de conceção.
:*Adaptar a complexidade e o tipo de dados ao perfil do utilizador (ex.: clínico vs. gestor).
:*Adaptar a complexidade e o tipo de dados ao perfil do utilizador (ex.: clínico vs. gestor).
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:*Destacar os KPIs principais com maior relevo.
:*Destacar os KPIs principais com maior relevo.
:*Agrupar informações relacionadas de forma lógica (ex.: secções clínicas, operacionais).
:*Agrupar informações relacionadas de forma lógica (ex.: secções clínicas, operacionais).
;'''4. Atualização Regular??
;'''4. Atualização Regular'''
:*Garantir sincronização automática com os sistemas de origem (ex.: base de dados hospitalar, RSE).
:*Garantir sincronização automática com os sistemas de origem (ex.: base de dados hospitalar, RSE).
:*Indicar data/hora da última atualização.
:*Indicar data/hora da última atualização.
Linha 137: Linha 110:
:*Recolher feedback iterativo de utilizadores reais.
:*Recolher feedback iterativo de utilizadores reais.
:*Medir impacto com indicadores objetivos (ex.: tempo de resposta, melhoria de indicadores clínicos).
:*Medir impacto com indicadores objetivos (ex.: tempo de resposta, melhoria de indicadores clínicos).
== <span id=" Desafios_e_Limitações_dos_Dashboards_na_Saúde"> Desafios e Limitações dos Dashboards na Saúde</span> ==
Apesar das suas vantagens, os dashboards no setor da saúde enfrentam vários desafios que podem comprometer a sua eficácia. Estes obstáculos ocorrem tanto ao nível técnico como organizacional, e exigem atenção durante o planeamento e implementação das soluções. <ref> Challenges and Solutions for Developing a Patient Safety Dashboard for Healthcare Facilities: A Qualitative Study 1 Ghasem Alizadeh Dizaj Leila R. Kalankesh 1 , * 1 , Shahla Damanabi , Mohammad Esmaeil Hejazi 2 , Samira Raoofi 3 </ref> <ref> Rabiei, R., Almasi, S. Requirements and challenges of hospital dashboards: a systematic literature review. BMC Med Inform Decis Mak 22, 287 (2022). https://doi.org/10.1186/s12911-022-02037-8 </ref> <ref name=terceiro/>
'''Principais desafios:'''
* '''Integração de sistemas'''
**Dificuldade em consolidar dados de diferentes plataformas (ex.: RSE, bases administrativas, sistemas laboratoriais).
**Falta de interoperabilidade entre sistemas e ausência de normalização (ex.: padrões HL7/FHIR nem sempre implementados).
* '''Qualidade dos dados'''
**Presença de dados incompletos, desatualizados ou inconsistentes.
**Problemas de origem nos sistemas de recolha (ex.: erros manuais, falhas técnicas).
* '''Sobrecarga de informação'''
**Dashboards demasiado complexos, com excesso de métricas e visualizações.
**Dificuldade na leitura rápida e interpretação dos dados.
* '''Privacidade e segurança'''
**Riscos associados ao acesso indevido a dados clínicos sensíveis.
**Necessidade de conformidade com o RGPD e políticas internas de segurança da informação.
* '''Baixa literacia digital e resistência à mudança'''
**Profissionais de saúde com pouca formação em ferramentas digitais.
**Adoção limitada quando não há envolvimento desde a fase de conceção.
*'''Custos e recursos'''
**Necessidade de investimento em software, hardware e formação.
**Escassez de equipas técnicas especializadas em ambientes clínicos.
== Referências Bibliográficas ==
<references />

Edição atual desde as 08h52min de 5 de julho de 2025

Os dashboards em saúde são ferramentas visuais interativas concebidas para apresentar dados clínicos, administrativos ou operacionais de forma integrada e acessível. Utilizados por profissionais de saúde, gestores hospitalares e autoridades de saúde pública, estes sistemas permitem identificar tendências, antecipar riscos e tomar decisões fundamentadas em tempo útil, ao condensarem grandes volumes de informação em representações gráficas intuitivas. Estes painéis são especialmente úteis em contextos onde a rapidez na análise e interpretação dos dados pode impactar diretamente a qualidade dos cuidados prestados, como na monitorização de surtos epidemiológicos, no acompanhamento de doentes crónicos ou na gestão de recursos hospitalares. Com a crescente digitalização dos sistemas de informação em saúde, os dashboards assumem um papel cada vez mais central na promoção de eficiência, transparência e segurança, tanto a nível clínico como institucional. [1]

O que são Dashboards?

Um dashboard, ou painel de controlo, é uma interface visual interativa que permite visualizar, de forma clara e sintética, um conjunto de dados relevantes para a monitorização de processos, atividades ou sistemas. Através da utilização de gráficos, indicadores e outros elementos visuais, os dashboards facilitam a análise rápida de informação, apoiando a tomada de decisões fundamentadas e em tempo útil. [2]

O termo dashboard tem origem na metáfora dos painéis de instrumentos dos automóveis, concebidos para fornecer ao condutor informações essenciais de forma rápida e acessível. Este conceito foi adaptado nas áreas da gestão e, mais tarde, da informática, para descrever ferramentas que agregam dados provenientes de diversas fontes, transformando-os em informação útil e aplicável.[3]

Com o avanço das tecnologias de informação, especialmente a partir da década de 1990, os dashboards passaram a integrar sistemas de business intelligence (BI), permitindo às organizações monitorizar em tempo real o seu desempenho e identificar padrões, riscos ou oportunidades. No setor da saúde, esta evolução ganhou particular relevância devido à elevada complexidade dos dados clínicos e operacionais, e à necessidade de decisões precisas e informadas. [2] [3]


Aplicados ao contexto da saúde, os dashboards oferecem uma visão integrada e dinâmica de informação proveniente de Registos de Saúde Eletrónicos (RSE), sistemas de gestão hospitalar, bases de dados epidemiológicas ou plataformas institucionais. Esta capacidade de síntese e visualização torna os dashboards ferramentas fundamentais para profissionais de saúde, gestores e decisores políticos. [4]

Os dashboards são compostos por vários elementos essenciais que facilitam a apresentação clara e a interpretação rápida dos dados. Estes componentes trabalham juntos para oferecer uma experiência de visualização eficiente e prática: [5]

  • Gráficos (de linhas, barras, setores, dispersão, etc.)
  • Tabelas dinâmicas
  • KPIs (Key Performance Indicators) – Indicadores-chave de desempenho
  • Filtros interativos (por data, unidade, patologia, etc.)

Os dashboards podem ainda ser classificados de acordo com o seu objetivo e nível de análise em: [6]

  • Dashboards operacionais – Focados na monitorização em tempo real de atividades diárias.
  • Dashboards analíticos – Destinados à análise de tendências ou correlações ao longo do tempo.
  • Dashboards estratégicos – Utilizados por gestores e decisores para avaliar o desempenho global da instituição, definir prioridades e apoiar o planeamento a longo prazo.

A eficácia de um dashboard depende tanto da qualidade dos dados apresentados como da clareza e usabilidade da interface. O seu design deve permitir uma leitura intuitiva, rápida e orientada à ação. [4]

Importância no Contexto Clínico

Num setor como a saúde, onde as decisões podem ter impacto direto na vida dos doentes, a acessibilidade rápida e clara à informação é fundamental. Neste âmbito, os dashboards surgem como instrumentos que facilitam a leitura e interpretação de dados clínicos e operacionais, apoiando profissionais de saúde, gestores e decisores de todos os níveis do sistema. [7]

No contexto clínico, dashboards bem concebidos possibilitam: [7]

  • Acompanhamento em tempo real do estado clínico de um doente (ex.: sinais vitais, resultados laboratoriais, alertas de risco);[7]
  • Monitorização de parâmetros de segurança e qualidade, como taxas de infeção hospitalar, tempos de internamento ou eventos adversos;
  • Apoio à gestão de doenças crónicas, integrando dados de consultas, exames e dispositivos móveis ou wearables.

No plano institucional, são utilizados para:[7]

  • Gerir fluxos assistenciais, otimizar recursos humanos e materiais;
  • Analisar indicadores de desempenho assistencial e financeiro;
  • Planear estratégias com base em dados reais, promovendo a transparência e a responsabilidade.


Nas Unidades Locais de Saúde (ULS) em Portugal, os dashboards são cada vez mais comuns e integrados nos sistemas como o BI-CSP ( Business Intelligence Cuidados de Saúde Primários) ou nos painéis de controlo internos de hospitais, centros de saúde e agrupamentos. Estas plataformas permitem a monitorização diária de indicadores assistenciais e operacionais, promovendo uma cultura de gestão baseada em dados. [8]

Durante a pandemia de COVID-19, o papel dos dashboards foi amplamente reforçado, com o desenvolvimento de plataformas públicas e institucionais que permitiram acompanhar indicadores-chave, como o número de casos confirmados, internamentos, óbitos e a evolução da vacinação, garantindo também uma comunicação mais clara com a população e com os responsáveis políticos. [9]


Este tipo de ferramentas é hoje reconhecido como essencial para uma governação clínica moderna, apoiando a eficiência, a segurança do doente e a melhoria contínua da qualidade dos cuidados de saúde.

Dashboard Software

Os softwares de dashboard são ferramentas digitais interativas que permitem criar, visualizar e interagir com painéis de controlo dinâmicos, agregando e representando dados de múltiplas fontes de forma gráfica e acessível. Em contexto clínico, estes sistemas são integrados com RSE, bases de dados hospitalares ou plataformas de business intelligence, permitindo o acesso em tempo real a métricas clínicas, operacionais e financeiras. A capacidade de interação e personalização torna-os essenciais na prática clínica, permitindo aos usuários explorar os dados de acordo com suas necessidades específicas. [10]

Softwares mais comuns

As soluções de software para dashboards em saúde podem ser classificadas em duas grandes categorias:

  • Soluções proprietárias: Desenvolvidas por empresas com licença comercial. Muitas oferecem funcionalidades avançadas, suporte técnico e integração com sistemas hospitalares. Exemplos:
    • Power BI (Microsoft) [11] – Muito utilizado em Portugal, incluindo em Unidades Locais de Saúde (ULS), permite integração com Excel, SQL Server, entre outros.
    • Tableau (Salesforce)[12] – Popular em instituições internacionais, usado para criar dashboards interativos em tempo real.
    • QlikView / Qlik Sense [13]– Conhecido pela sua rapidez na análise de grandes volumes de dados.


  • Soluções open-source: Ferramentas gratuitas e de código aberto, que permitem personalização total e integração com ambientes técnicos específicos. Exemplos:
    • Metabase [14] – Simples de usar e muito adequado para equipas técnicas internas.
    • Grafana[15] – Bastante usado em ambientes técnicos e para monitorização contínua.
    • Superset (Apache) [16]– Adotado em projetos com grandes volumes de dados.

Critérios de escolha e integração

A escolha do software deve considerar:[10] [17] [18]

  • Compatibilidade com o sistema de RSE em uso (ex.: SClínico, SONHO, Alert®);
  • Capacidade de integração com serviços web, HL7/FHIR, APIs;
  • Segurança e compliance (RGPD, acessos por perfil);
  • Usabilidade e acessibilidade por diferentes tipos de profissionais;
  • Capacidade de escalabilidade (instituições de grande dimensão);
  • Facilidade de personalização e configuração de dashboards, relatórios e visualizações específicas para diferentes especialidades clínicas e administrativas;

Avaliação e Boas Práticas no Desenvolvimento de Dashboards

Avaliação da Qualidade de Dashboards

A avaliação da qualidade de um dashboard é essencial para garantir que ele atenda às necessidades dos usuários e seja eficaz na apresentação de dados. Para isso, diversos modelos têm sido propostos na literatura, como o GUIDE-M (Guidelines for Developing Dashboards in Medicine), que recomenda:[10] [19]

  • Utilidade: O dashboard responde às necessidades dos seus utilizadores?
  • Usabilidade: É fácil de navegar e interpretar?
  • Atualização: Os dados são atualizados com frequência e fiabilidade?
  • Visualização eficaz: As representações gráficas facilitam a compreensão?
  • Integração: O dashboard comunica bem com outros sistemas (ex. RSE)?
  • Segurança e privacidade: Estão assegurados os princípios do RGPD?
  • Além disso, métodos como testes de utilizadores, entrevistas, checklists heurísticos e indicadores de desempenho (ex. tempo até à decisão) ajudam a validar a eficácia dos dashboards em ambiente real. [19] [18]

Boas Práticas no Desenvolvimento de um Dashboard

Ao desenvolver um dashboard, é crucial adotar boas práticas que assegurem a criação de interfaces intuitivas e eficazes. Essas práticas envolvem desde o design centrado no usuário até a garantia de uma visualização clara e a integração com sistemas existentes. Seguir tais diretrizes ajuda a evitar sobrecarga de informações, melhora a interatividade e assegura que o sistema atenda às necessidades clínicas e operacionais de maneira eficiente e segura: [17] [10] [20]

1. Centrado no Utilizador Final
  • Envolver médicos, enfermeiros, gestores ou farmacêuticos desde a fase de conceção.
  • Adaptar a complexidade e o tipo de dados ao perfil do utilizador (ex.: clínico vs. gestor).
2. Simplicidade e Clareza
  • Evitar sobrecarga de informação ("data overload").
  • Utilizar cores com propósito (ex.: verde para normal, vermelho para alerta).
  • Gráficos simples e com rótulos claros.
3. Hierarquia Visual
  • Destacar os KPIs principais com maior relevo.
  • Agrupar informações relacionadas de forma lógica (ex.: secções clínicas, operacionais).
4. Atualização Regular
  • Garantir sincronização automática com os sistemas de origem (ex.: base de dados hospitalar, RSE).
  • Indicar data/hora da última atualização.
5. Interatividade
  • Permitir filtragem por datas, unidades, profissionais ou grupos de doentes.
  • Ferramentas de drill-down para explorar detalhes quando necessário.
6. Testes e Iterações
  • Fazer protótipos simples (ex.: em Excel ou papel) antes da implementação final.
  • Recolher feedback iterativo de utilizadores reais.
  • Medir impacto com indicadores objetivos (ex.: tempo de resposta, melhoria de indicadores clínicos).

Desafios e Limitações dos Dashboards na Saúde

Apesar das suas vantagens, os dashboards no setor da saúde enfrentam vários desafios que podem comprometer a sua eficácia. Estes obstáculos ocorrem tanto ao nível técnico como organizacional, e exigem atenção durante o planeamento e implementação das soluções. [21] [22] [4]

Principais desafios:

  • Integração de sistemas
    • Dificuldade em consolidar dados de diferentes plataformas (ex.: RSE, bases administrativas, sistemas laboratoriais).
    • Falta de interoperabilidade entre sistemas e ausência de normalização (ex.: padrões HL7/FHIR nem sempre implementados).
  • Qualidade dos dados
    • Presença de dados incompletos, desatualizados ou inconsistentes.
    • Problemas de origem nos sistemas de recolha (ex.: erros manuais, falhas técnicas).
  • Sobrecarga de informação
    • Dashboards demasiado complexos, com excesso de métricas e visualizações.
    • Dificuldade na leitura rápida e interpretação dos dados.
  • Privacidade e segurança
    • Riscos associados ao acesso indevido a dados clínicos sensíveis.
    • Necessidade de conformidade com o RGPD e políticas internas de segurança da informação.
  • Baixa literacia digital e resistência à mudança
    • Profissionais de saúde com pouca formação em ferramentas digitais.
    • Adoção limitada quando não há envolvimento desde a fase de conceção.
  • Custos e recursos
    • Necessidade de investimento em software, hardware e formação.
    • Escassez de equipas técnicas especializadas em ambientes clínicos.

Referências Bibliográficas

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  2. 2,0 2,1 Pettit, C., Leao, S.Z. (2022). Dashboard. In: Schintler, L.A., McNeely, C.L. (eds) Encyclopedia of Big Data. Springer, Cham. https://doi.org/10.1007/978-3-319-32010-6_295
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