Centro Hospitalar Lisboa Central
1. Introdução
O Centro Hospitalar de Lisboa Central EPE (CHLC) é actualmente composto por 6 hospitais e conta com 44 especialidades. O actual modelo organizativo foi instaurado em 28/02/2007, através do Decreto-lei 50-A/ 2007, juntando o Centro Hospitalar de Lisboa - Zona Central (Hospitais de S. José e Hospital de Santo António dos Capuchos) e os Hospitais de Santa Marta e de D. Estefânia. Em 23/02/2012, pelo Decreto-Lei nº44/2012 deu-se a integração do Hospital de Curry Cabral EPE e da Maternidade Dr. Alfredo da Costa. [2]
Considerando o formato a abrangência de serviços e composição por hospitais até há poucos anos independentes, antecipa-se a existência de um sistema de informação em saúde (SIS) complexo. O objectivo deste trabalho é o levantamento e caracterização dos sistemas em uso. Predefinição:Tocright
1.1. Unidades
CHLC - Hospital Dona Estefânia
CHLC - Hospital Santo António dos Capuchos
CHLC - Maternidade Dr. Alfredo da Costa
1.2. Organograma
2. Métodos
- Pesquisa de contratos de SIS do CHLC na plataforma “base: contratos públicos online.
- Pesquisa de informação sobre SIS na webpage e documentos oficiais do CHLC.
- Reunião presencial com o Dr. António Lourenço, director do gabinete de informática do CHLC.
- Pesquisa Google sobre as plataformas listadas nos passos anteriores e pedido de informação, por email, aos representantes das várias aplicações.
- Pedido de informação em falta, por email, ao Dr. António Lourenço. Por sua indicação, este pedido foi posteriormente remetido, por email, ao Concelho de Administração do CHLC.
- Repetição dos passos iniciais de modo mais aprofundado, por ausência de resposta ao ponto anterior.
3. Resultados
O CHLC usa uma combinação de várias aplicações públicas, privadas e desenvolvidas in-house. Existem ainda várias aplicações em uso para apoio à logística e gestão, que não serão focadas neste relatório.
Grande parte das aplicações atualmente em uso permanece igual às utilizadas nos diferentes hospitais antes da sua integração no CHLC, tanto por motivos técnicos como financeiros. Consequentemente, se por um lado existe sobreposição parcial de funções entre aplicações, por outro, foi necessário desenvolver novas aplicações para ultrapassar algumas necessidades criadas pela reorganização da instituição. A Figura 4 mostra a arquitectura do SIS (2016), e os quadros I-III resumem a informação sobre as várias aplicações.
Não nos foi possível obter informações acerca dos custos de aquisição ou manutenção das plataformas públicas (na sua maioria fornecidas pelos SPMS) nem das desenvolvidas na instituição. Relativamente às aplicações privadas, apesar de não termos acesso ao custo de aquisição, este pode ser estimado com base no custo anual de manutenção (tradicionalmente de 15-30% do custo de aquisição) [3].
Não nos foi possível conhecer o ano de implementação e versão actual da maioria das aplicações em uso.
Quadro I – Plataformas públicas em uso no CHPL [3] [4]
Nome | Tipo de Sistemas | Serviço/Especialidade | Função | Fornecedor | Fonte |
---|---|---|---|---|---|
SONHO | Admission Discharge and Transfer (ADT)), Comunicação, Financeiro | Todos | Sistema CORE de articulação entre as várias aplicações em uso na instituição.
Apoio ao processo administrativo e financeiro hospitalar. |
SPMS | [5] |
SClínico Hospitalar | Departamentais Clínicos | Todas | Acesso e registo de informação no Electronic Health Record do paciente, em consulta e internamento, por médicos e enfermeiros.
Integração de várias aplicações. |
SPMS | [6] |
ASIS (Aplicação de um Sistema de Informação a Serviços de sangue) | Departamentais clínicos, Lab Information System (LIS) | Imunohemoterapia | Gestão da actividade relacionada com colheita, processamento do sangue, informação sobre dadores, integração com resultados analíticos. | Instituto Português do Sangue e Transplant. | [7] |
GID - Gestão Integrada do Doente | Departamentais Clínicos | Nefrologia, urologia | Sistema de apoio aos cuidados prestados ao doente cónico insuficiente renal, em consulta, internamento, hospital de dia / diálise. Agrega informação de análises, medicação e antecedentes de relevo.
O uso dos módulos de obesidade, retinopatia diabética e esclerose múltipla não é descrito pela instituição. |
SPMS | [8] |
PEM – Prescrição Eletrónica Médica | Prescrição | Todas | Prescrição de medicamentos e dispositivos médicos, em ambulatório, de modo desmaterializado e/ou em papel. | SPMS | [9] |
SI.VIDA- Controlo do HIV / SIDA | Vigilância | Infecciologia, Medicina Interna | Monitorização e acompanhamento do doente com VIH / SIDA, com emissão periódica de relatórios de performance face aos objectivos contratualizados. | SPMS | [10] |
SINAVE | Vigilância, Comunicação | Todas | Declaração de doenças de notificação obrigatória e vigilância epidemiológica. Interface com autoridades de saúde pública e produção de estatística. | SPMS | [11] |
SICO - Sistemas de Informação dos Certificados de Óbito | Comunicação | Todas | Certificação desmaterializada de óbitos. Permite o tratamento estatístico das causas de morte.
Tem interface com o Registo Nacional de Utentes, actualizando a lista de utentes do SNS. |
SPMS | [12] |
SIGLIC - Gestão da Lista de Inscritos para Cirurgia | Comunicação | Especialidades cirúrgicas | Gestão dos utentes inscritos para cirurgia, nomeadamente aspectos relacionados com facturação programas de doenças específicas, transferência de utentes, carteiras de serviços e não conformidades. Permite tratamento estatístico da actividade cirúrgica. | SPMS | [13] |
PDS – Plataforma de Dados da Saúde | Comunicação | Todas | Permite a partilha de dados de saúde registados em outras unidades do SNS e partilha dos dados registados na instituição com os vários prestadores de cuidados (utentes, vários profissionais dentro e fora do SNS), com diferentes privilégios. | SPMS | [14] |
ALERT P1 | Comunicação | Todas | Recepção, triagem e resposta aos pedidos de agendamento de consultas hospitalares emitidos por profissionais dos Cuidados de Saúde Primários do SNS. | ALERT | [15] |
SIMH – Sistema de Informação para Morbilidade Hospitalar | Financeiros | - | Codificação de episódios, de internamento e ambulatório, em ICD 10 CM/PCS e agrupamento em GDH para fins de tratamento estatístico e facturação. | SPMS | [16] |
SICA – Sistema de Informação de Contratualização e Acompanhamento | Financeiros | - | Suporte ao processo de planeamento estratégico, contratualização e monitorização do desempenho (eficiência e efectividade) da prestação de serviços. | SPMS | [17] |
Quadro II – Plataformas privadas em uso no CHPL [2, 4, 5]
Nome | Tipo de Sistemas | Serviço/Especialidade | Fornecedor | Função | Valor de manutenção | Fonte |
---|---|---|---|---|---|---|
Quiosque | ADT | Todos | Efectivação de presenças e emissão de senhas para chamada. Tem interface com o SONHO. | Tensator | 99.979,38€ * | - |
HCIS – HP Healthcare Information System | Departamental Clínico, Comunicação | Serviço de Urgência | Aplicação integrada de apoio à consulta no serviço de urgência. Tem interface com as aplicações RIS, LIS, prescrição e SClínico. Dispõe de cliente web para acesso aos dados dos episódios via PDS. | HP | 199.500,00€ | http://www8.hp.com/uk/en/industries/public-sector.html?compURI=1562004 |
Astraia | Departamental Clínico | Ginecologia, Obstetrícia | Solução integrada para diagnóstico pré-natal. Interface com PACS / RIS na ecografia fetal | Astrimed | 22.540,50€ | http://www.astrimed.pt/ |
Nefrus | Departamental Clínico | Nefrologia, urologia | Prescrição, registo e monitorização de tratamentos de diálise e actos associados, pelos vários prestadores. | AdminSaúde | 8.500,00€ | http://www.adminsaude.com/nefrus.pdf |
SIGUS | Departamental Clínico | Cardiologia | Sistema de apoio e registo de técnicas de cardiologia. | N/A | N/A | - |
SA@S (Sistema de Apoio ao Assistente Social) | Departamental de suporte | Serviço social | Solução integrada de serviço social. Permite gestão de episódios, atos, pedidos de apoio. Emite alertas e relatórios de atividades. | Demosi | 4.100,00€ | http://demosi.com/website/saas/ |
HS-Diet | Prescrição | Todos | Sistema de apoio à prescrição de dieta do doente internado, pedido aos prestadores de serviços de alimentação e registo de consumos. | Glintt | 12.198,.15€ | - |
HS-SGICM | Prescrição, Sistema de Farmácia | Todos, Farmácia | Sistema de apoio à prescrição medicamentosa do doente internado, pedido à farmácia hospitalar, interface com dispensadores automáticos e registo de consumos. | Glintt | 309.757,87€ ** | http://www.insa.min-saude.pt/wp-content/uploads/2017/02/Manual_SGICM.pdf |
SisLab | LIS | Análises clínicas / Todos | Comunicação e acesso a relatórios dos resultados de meios de diagnóstico. | Glint | 309.757,87€ ** | - |
AnaPat | LIS | Anatomia patológica / todos | Comunicação e acesso a relatórios de exames histológicos de biópsias. | Glintt | 309.757,87€ ** | - |
Radio | Picture Archiving Communication System (PACS) | Imagiologia, Neurofisiologia | Agrega permite o acesso aos resultados dos exames de imagem. Tem interface com o visualizador de imagens e leitor de relatórios. | Glintt | 309.757,87€ ** | - |
IDS7 | PACS, Radiology Information System (RIS) | Radiologia / todos | Visualizador com capacidade manipulação de imagens radiológi-cas. Permite o acesso via PDS. | SECTRA | 189.350,00€ | https://eduportal.sectra.com/ids7/ |
DocBase | PACS, LIS | Todos | Apresentação dos resultados de ECG, EEG, CTG, biópsias / técnicas de gastroenterologia / pneumologia / imunoalergologia / ginecologia / anestesia e exames realizados no exterior. | MobilWave | 18.028,.68€ | http://www.mobilwave.pt/ |
Clinidata XXI | PACS, LIS, Financeiro | Todos / Análises clínicas, Anatomia patológica | Requisição desmaterializada de análises clínicas e sistema de apoio à actividade do laboratório de análises e anatomia patológica. Tem interface com as aplicações de gestão de facturação. | Maxdata | 88.365,84€ | http://www.maxdata.pt/ |
HER+ - Health Event & Risk Management | Vigilância | Todos | Registo e gestão de riscos e eventos adversos. Facilita processos de melhoria contínua de processos. | Risi | 6.840,00€ | http://www.risi.pt |
- custo de aquisição em 2017; **custo conjunto dos vários produtos
Seguidamente, descrevemos brevemente algumas das aplicações mais importantes em cada área.
O SONHO, além de desempenhar funções administrativas relacionadas com a admissão, transferência e alta, é o sistema CORE que identifica o utente e faz a interface entre as várias aplicações do CHLC. A versão em uso (V1) é obsoleta, estando programada a transição para o SONHO V2 a fim de mitigar algumas das suas limitações tecnológicas. Esta aplicação é melhor caracterizada em AprendIS [6].
O SClínico, evolução do SAM e SAPE, é atualmente a principal aplicação departamental clínica do CHLC, sendo utilizada por enfermeiros e médicos de todas as especialidades, em consulta externa, internamento, hospital de dia e bloco operatório. Apresenta uma lista alargada de funções [7], contudo, no CHLC, várias destas (ex: módulos de urgência e exames complementares) são realizadas por aplicações alternativas de fornecedores privados.
Quadro III – Plataformas em uso no CHPL desenvolvidas pela instituição [2, 3]
Nome | Tipo de Sistemas | Serviço/Especialidade | Função |
---|---|---|---|
P4E OneCare | Departamentais clínicos | Oncologia, cirurgia geral, gastroenterologia, urologia, radioterapia, imagiologia, anatomia patológica | Apoio à consulta multidisciplinar de decisão terapêutica na patologia oncológica.
Possibilita colaboração entre as diferentes especialidades e registos adaptados às suas necessidades específicas. |
Risco de Infecção | Vigilância | Todos | Calculadora de risco de desenvolvimento de infecção em doentes internados. |
AntiBioterapia | Vigilância | Todos | Estatística de prescrição de antibióticos em internamento (perfil por profissional, serviço e instituição). |
ARPAT | Comunicação, Departamental de suporte | Todos | Impressão remota de documentos.
Gestão de camas de enfermaria. Envio de informação de internamentos / altas para o centro de saúde do utente. |
SGItransportes | Comunicação, Departamental de suporte | Todos | Gestão de transporte interno de utentes. |
Algumas especialidades clínicas têm necessidades específicas que são respondidas por outras aplicações departamentais clínicas. Destas, o Nefrus é a aplicação utilizada nos serviços de nefrologia e urologia na gestão dos doentes com insuficiência renal.
O HCIS é a aplicação departamental clínica do serviço de urgências do CHLC, substituindo aqui algumas das funções do SClínico, fazendo ainda interface com várias outras aplicações.
A PEM é a aplicação de prescrição de medicamentos para ambulatório. É uma aplicação web, utiliza tecnologia Java para interface com o middleware do Cartão de Cidadão ou da Ordem dos Médicos no processo de autenticação na plataforma. Permite a prescrição de medicamentos listados na base de dados Infomed, privilegiando a denominação comum internacional do princípio ativo (face ao nome comercial). Inclui módulos para a prescrição de produtos associados ao tratamento da diabetes, dispositivos médicos (substituindo o Sistema de Atribuição de Produtos de Apoio), cuidados respiratórios domiciliários e, mais recentemente, actividade física. A receita pode ser emitida em papel (requer plugin do Adobe Reader), enviada por SMS e/ou email para os contactos definidos no Registo Nacional de Utente (possibilitando edição na hora), disponibilizando ainda esta informação no portal do utente. No ato de prescrição, é possível aceder a Normas de Orientação Clínica da DGS e bula do medicamento. Permite ainda definir portarias especiais de comparticipação do custo da medicação.
Além das funções de prescrição, permite gerir uma lista de medicamentos crónicos, com acesso partilhado por todos os médicos em função no SNS, verificar a prescrição de todos os prestadores (apresenta modelo de comunicação com aplicações privadas aprovadas), verificar dispensa de embalagens nas farmácias e anular a receitas [8, 9].
4. Discussão
Existe um número muito elevado de aplicações informáticas em uso no CHLC para suportar a prática clínica e vários aspectos relacionados com a gestão, entre as quais figuram plataformas dos SPMS, plataformas fornecidas por prestadores privados e várias plataformas desenvolvidas internamente para colmatar necessidades específicas. O SONHO parece figurar como elemento fulcral que garante a interoperabilidade entre as diferentes aplicações em uso, sendo que várias obedecem ao standard HL-7.
A informação sobre aspectos técnicos das aplicações é escassamente discriminada pelos fornecedores de modo na maioria dos casos. Vários dos pedidos de informação por email não obtiveram resposta.
A informação sobre os grupos profissionais e serviços clínicos que utilizam os sistemas é apenas em parte discriminada em documentos oficiais da instituição.
Através da plataforma “base”, foi-nos possível obter informação sobre as entidades prestadoras de serviços e custos de licenciamento e manutenção das aplicações privadas em uso, mas não para as plataformas públicas ou desenvolvidas in-house. Muitas destas plataformas foram adquiridas pelos vários hospitais antes da sua integração no centro hospitalar, antes da implementação da plataforma “base”, motivos que podem justificar o facto de a informação sobre data e custo de aquisição não figurar nesta. Aguardamos ainda resposta ao pedido de informação ao Concelho de Administração do CHLC.
5. Conclusões
A prática de cuidados de saúde a nível hospitalar é complexa e exige habitualmente o recurso a SIS compostos por um elevado número de aplicações. O CHLC congrega 6 hospitais e um número elevado de especialidades clínicas, o que poderá justificar, em parte, o elevado número de aplicações em uso.
A informação sobre estes sistemas, quer no que se refere a aspectos técnicos, contratuais e utilização efectiva são ainda, apesar da existência de plataformas como o “base”, pouco transparentes e difíceis de analisar e comparar.
Consideramos que o levantamento e divulgação, de um modo estruturado, poderia melhorar o conhecimento das necessidades dos servições e especialidades hospitalares, soluções em uso, e melhorar a adequação dos SIS, optimizando a gestão de recursos humanos e reduzindo os custos de aquisição e manutenção destes sistemas.
6. Bibliografia
- ↑ 1,0 1,1 http://www.chlc.min-saude.pt.
- ↑ C. H. d. L. Central, “Centro Hospitalar de Lisboa Central EPE,” innovagency, [Online]. Available: http://www.chlc.min-saude.pt/homepage.aspx?menuid=1.
- ↑ Centro Hospitalar de Lisboa Central EPE, “Relatório anual sobre o acesso a cuidados de saúde 2017,” Lisboa, 2018
- ↑ A. Lourenço, Interviewee, Entrevista sobre os sistemas de informação em uso no CHLC. [Entrevista]. 15 02 2017
- ↑ http://spms.min-saude.pt/product/sonho/
- ↑ http://spms.min-saude.pt/product/sclinicohospitalar/
- ↑ http://www.rcc.gov.pt/Directorio/Temas/IG/Paginas/Base-de-Dados-do-Sangue-.aspx
- ↑ http://gid.min-saude.pt/contactos/index.php
- ↑ http://spms.min-saude.pt/product/pem/
- ↑ http://spms.min-saude.pt/product/sivida/
- ↑ http://spms.min-saude.pt/product/sinave/
- ↑ http://spms.min-saude.pt/product/sico-sistemas-de-informacao-dos-certificados-de-obito/
- ↑ http://spms.min-saude.pt/product/siglic/
- ↑ http://spms.min-saude.pt/2013/11/pds-plataforma-de-dados-da-saude/
- ↑ http://org-www.alert-online.com/pt/news/company/alert-p1-adoptado-a-nivel-nacional
- ↑ http://spms.min-saude.pt/product/simh/
- ↑ http://spms.min-saude.pt/product/sica/
Links Externos
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